Legend of the Galactic Heroes

A Lenda dos Heróis Galácticos
Fábio Silveira Lazzari
 "Zu jeder Zeit, letoshome@hotmail.com
 an jeder Ort,
 bleibt das Tun
 der Menschen das gleiche." *

Heldensagen vom Kosmosinsel (LoGH — Legend of the Galactic Heroes ou na "tradução" japonesa GinEiDen = Ginga Eiyuu Densetsu: 銀河英雄伝説 /1988-1997) é um animê japonês baseado na serie de romances de ficção científica de Yoshiki Tanaka; publicada pela Tokuma Shoten a partir de 1982. O total de livros lançados foi de 15 volumes.



A partir de 1988 começam a ser produzidos os film-animations: especiais de longa-metragem, um OVA (Original Video Animation), duas séries de TV, mangás, etc. O piloto da série foi lançado em 1988: "LoGH: My Conquest is the Sea of Stars" (Also known as: Waga seifuku wa hoshi no taikai — Direção de Noburo Ishiguro [Macross, Starblazers, Space Battleship Yamato, Megazone 23) Argumento: Yoshiki Tanaka) com duração de 60 minutos. (Arquivos legendados em português do piloto, movie 02, OVA e da 1ª e 2ª temporadas podem ser encontrados no fansub Anime no Sekai) Em 1989 foi lançada a primeira série com um total de 110 episódios, Os dois especiais de longa metragem são: "LoGH Movie-2: Overture to New War" [Ginga eiyû densetsu: Arata naru tatakai no jokyoku /1993. Direção de Noburo Ishiguro e Keizo Shimizu (They Were 11_-_Jûnichi-nin iru! (1986) (animation director) e Tobira o akete [aka] Open the Door (1986)] e o Ova "LoGH: Golden Wings").
Assisti às fitas e achei ótimo: a 1ª vez foi no tempo do VHS(^_^).subtitulado em inglês! Das páginas do autor de “Starblazers / Space Cruiser Yamato” (Uchuu Senkan Yamato/1976) e “The Heroic Legend of Arislan” (Arslan no Senki/1992), inspirado no clássico “Alexandre e César” das Vidas Paralelas de Plutarco, surge um fantástico desenho japonês de Fc que faz lembrar as melhores partes de Patrulha Estelar, Macross, Gundam e Capitão Harlock...!!
Algumas críticas: "As batalhas são tudo aquilo que os fans sonham ver: combates monstruosos envolvendo frotas com milhares de naves... Estratégia, coisa rara de se ver nos filmes de hoje (elementos como a atmosfera e gravidade planetárias, cinturões de asteróides, ventos solares e até mesmo buracos negros são levados em conta para definir o rumo de uma batalha). O jogo político é complexo e causa mais estragos que as bombas nucleares... Naves espaciais bem boladas evoluindo ao som de música clássica... Quando esse desenho estrear fora do Japão fará muito trekker largar a batina! Fans de Star Wars, vocês ainda não viram nada!” (Sérgio Peixoto, Revista Animax – nº 02 ).
“Highly Recommended: The story of two mighty space empires is 'written' by two heroes: Reinhard Von Museal, the young Admiral of the Galactic Empire, (um "Alexandre napoleônico") and Yang Wen-Li, Admiral from the Alliance of Free Planets. (o estudante de História transformado em soldado pela República dos Planetas Livres) Both men are military and tactical geniuses and are born survivors.The ambitious Reinhart has the goal of getting enough power to be able to free his sister from her obligation as one of the Emperor's Court ladies. He is fairly ruthless in this which is tempered only by his aide: Siegfried Kircheis. Yang is a pacifistic man who, when necessary, will do his duty even if it means fighting against an enemy fleet (since he is a soldier, after all). The drama between these two men is played out against a backdrop of great space battles, inept commanders, frightened soldiers, personal relationships, corrupt politicians, coups d'etat and the workings of two space empires at war with each other. This is a Space Opera on a very grand scale! Note that there is a very heavy Prussian influence on the series, especially present in the Imperial uniforms..."
"Don't be fool by the somewhat cheesy space battles. Once you've watched enough of the TV episodes, you'll be hook too. The story can be very confusing, especially with all the different characters in it (and they all have unpronounceable German's names). I like this anime overall, but I won't actively go seek it out. This is one of those anime you normally don't watch, but when you started, you just need to see all of them to have closure ^_^ " (Serpent's LoGH Page)
"Leyenda de los Héroes Galácticos es muy diferente a varios de los animés que se encuentran en el mercado. Muchos de ellos están basados en mangás, pero Leyenda está basada en una serie de novelas... Otra de las cosas importantes es que en ella no verás robots gigantes, armaduras y monstruos. Este animé trata simplemente de la gente , sus quehaceres, dolor y conflictos en meados do Quarto Milênio... Leyenda de los Héroes Galácticos no tiene como soundtrack música ‘techno", "pop" o "rock"; sino música clásica de maestros como Wagner, Listz, Dvörack, Bach, Beethoven, Tchaikovski, Mozart y otros. (Em uma das maiores batalhas do piloto, o Bolero de Ravel é tocado de ponta a ponta!) Esto realmente le da a la serie un sentido de grandeza, donde pueden estar envueltas cientos de millones de naves en una batalla. También es donde la historia es vista de diferentes maneras, desde el Kaiser del Imperio Galáctico hasta los pilotos de las naves de combate. (Lembra um pouco aquele filme em P&B sobre as operações do Dia D na II Guerra Mundial: "O mais longo dos dias") ...y partes de ella ya han sido lanzadas en video. Además hay en el mercado una buena cantidad de mangas (comic japonés), asi como posters, soundtracks, roman albums y otros productos.” (Ricardo Antuñano)

A História de LoGH
Há mil anos, a Humanidade se expande pela Galáxia...
A Terra perde a sua ascendência e é abandonada à própria sorte, com um contingente populacional
drasticamente reduzido e reservas naturais exauridas. Em 2801, no planeta Theoria, sistema Aldebaran, brilha o novo astro político: o USG (United Space Government ou Governo Unificado Espacial - G.U.E). Para celebrar uma era de grandes mudanças é estabelecido um novo calendário: o Ano Espacial (Space Year 1).
[ * Em todas as épocas, em todos os lugares, os feitos dos homens permanecem os mesmos.]

Contudo, a chamada "Idade de Ouro" da expansão humana estava fadada a terminar em fragmentação da ordem pela invasão/saque dos "piratas" da Galáxia: A tecnologia do vôo interestelar que havia favorecido a
dispersão da Humanidade pela Via Láctea, era um grande obstáculo para um controle efetivo das vastas fronteiras pelas autoridades. A pirataria espacial, um empreendimento lucrativo, atingiu tais dimensões que ameaça sufocar a florescente Sociedade Galactica. Ao mesmo tempo, a corrupção cresce nas altas esferas e aumenta o descontentamento popular... A civilização da USG degenera quando a anarquia e o caos passam a imperar nas principais metrópoles.
A causa da salvação pública recai nas novas lideranças...
No Ano Espacial de 296 surge Rudolf von Goldenbaum, o herói do USG, que derrota os piratas, vindo a se tornar posteriormente (310 A.E.) o fundador e primeiro Imperador do então recém-criado Império Galáctico (Das Reich) com sede no planeta Odin. Introduz-se o Calendário Imperial e proclama-se a lei marcial. O alemão é instituído como língua oficial do Império que inicia um processo de "moralização dos costumes" acompanhado de seleção e depuração genética da Humanidade em um regime "aristocrático" de classes e ofícios. As rebeliões e protestos são rapidamente abafados pela instauração da "Nova Ordem".
Em Altair-7 (planeta-prisão e mina de trabalhos forçados), cento e sessenta e quatro anos mais tarde, Ale Heinessen, sonha com o renascimento da época áurea do G.U.E... Heinessen reúne seus seguidores e constrói uma gigantesca nave de gelo, a Ion Fazekath, que mantém oculta até a hora do lançamento! Ele foge da "tirania" da Dinastia Goldenbaum, escapando a bordo da Ion Fazekath com quarenta mil pessoas para longe dos domínios do Império. Cinqüenta anos depois, os dezesseis mil sobreviventes (Ale Heinessen entre os mortos) encontram e colonizam o mundo, agora conhecido como Heinessen e criam a Aliança dos Planetas Livres (Free Planets Alliance), restaurando o governo democrático e o velho calendário do Ano Espacial. Segue-se um período de expansão colonizadora por território virgem no centro da Galáxia.
No Ano Espacial 640 (Ano Imperial 331) acontece o inevitável, o Império Galáctico encontra a
Aliança dos Planetas Livres. A Aliança ganha a primeira batalha: muitos soldados e súditos do Império passaram para o lado da Aliança...! A partir daí inicia-se uma interminável guerra de atrito contra os "rebeldes", que perdura por cerca de cento e cinqüenta anos, sendo que nenhum dos dois “poderes" segura a vantagem por muito tempo. O Império Galáctico constrói a "inexpugnável" Fortaleza Iserlohn no “Corredor de navegação" (zona espacial navegável) entre as duas potências, para “fechar" as rotas de acesso ao Império. Iserlohn Fortress vai se tornar um dos principais alvos de ataque da Aliança "Rebelde" dos Planetas Livres. Revestida de metal líquido e escudos energéticos, com capacidade para alojar e manter uma frota de dez mil naves, reabastecendo simultaneamente quatrocentas belonaves em combate, a principal arma da auto-suficiente e orgulhosa Fortaleza é o Martelo de Thor (Thor's Hammer): libera raios de energia com poder altamente destrutivo num grande raio de ação. Em posição estratégica de interceptação das rotas comerciais, fechando o outro Corredor navegável, está o Feudo semi-independente de "Phezzan Land"(uma cidade-estado criada por colonos da Terra sob a autoridade do mercenário landesherr Adrian Rubinsky), um território/domínio oficialmente neutro, refúgio de expatriados, ponto de encontro das facções em conflito, que observa a guerra de longe, fornecendo armas, tecnologia e facilidades aos lados pagantes.
No Ano Espacial 795 (Ano Imperial 486), surgem dois homens que mudarão o destino da guerra: Reinhard von Museal, Conde de Lohengramm, e Yang Wen-Li.
Reinhard von Löwengram pode ser descrito como um homem inteligente e determinado; excelente político, belo e frio, dificilmente exibe seus reais sentimentos, a não ser para com sua irmã Annerose von Grünewald e seu melhor amigo “Kirkeiss”. Ele descende de uma linhagem nobre, da pequena nobreza empobrecida do Império. Sua mãe morreu salvando as vidas dele e de Annerose que toma o lugar da mãe para cuidar do "pequeno irmão". Ainda garoto ele conhece Siegfried Kircheis e celebra um pacto de amizade com aquele que vai ser o seu amigo inseparável e braço direito (Um estrategista tão bom quanto Reinhard, porém de temperamento calmo e ponderado, melhor que o inflamado Von Museal no combate corpo a corpo...). Nesta época, o pai de Reinhard, Sebastian von Museal, se endivida no jogo envolvendo-se com o imperador (O 36º Kaiser Goldenbaum Friedrich IV). Sem ter como pagar tal dívida, Sebastian,é obrigado a vender a própria filha, Annerose, que estava com dezesseis anos e vai se tornar concubina imperial na corte de Neue Sanssouci. Em amarga revolta, Reinhard, aos doze anos, jura que um dia libertará a irmã das mãos do Imperador e destruirá todo o orgulho da alta aristocracia. Assim ele e Siegfried, que sempre nutriu um amor secreto por Annerose, se unem e entram para o Exército Imperial na "Reichsflotte", era o inicio da escalada de Reinhard rumo ao único posto que almejava: Imperador. Em meio a esta caminhada ele encontra vários inimigos, principalmente dentro do Império, contudo ele poderá contar com o apoio dos aliados que fez, entre eles a única capaz de afrontar suas ordens e diverti-lo: Hildegard von Mariendorf (Isto ainda vai dar em casamento...) Recuperar a irmã, reformar um império e por fim a uma guerra de mais de cento e cinqüenta anos: o ideal ‘das Neue Reich’ - uma galáxia unificada para o bem comum. No cumprimento desta missão von Löwengram vai pagar um preço muito alto e incorrer em grandes sacrifícios por sua ambição. Yang Wen-Li, contrairement, é um homem tranqüilo, sensato... Excelente estrategista: um soldado: seu único desejo é que a guerra logo veja o seu fim, pois ambos os lados estão sendo destruídos pelas lutas constantes. Uma característica peculiar de Yang, além de seu jeito engraçado, é que ele sempre está com uma xícara de chá misturada com brandy, não se sabe o que esta mistura pode gerar, mas com certeza Yang é o único capaz de confrontar Reinhard num campo de batalha. Yang é o filho órfão de um mercador, Yang Tai-Long, que cedo vem a morrer num acidente espacial, "quebrado" pela especulação financeira em uma das periódicas depressões da República.


Yang "decide" entrar para a Frota da Aliança dos Planetas Livres (Free Planets Star Fleet), para continuar os seus estudos e pagar as dívidas de sua educação financiada pelo Estado. A sua carreira acadêmica é abruptamente interrompida por um corte no orçamento do Exército da Aliança e ele é transferido para um centro de preparação de oficiais de linha de onde sai para um posto de combate... Em sua nova e indesejada carreira militar, Wen-Li se torna um dos “heróis” do Ministério de Propaganda da República: numa retirada espetacular do planeta "El Facile", ele salva milhares de civis, entre eles a sua futura ajudante de ordens e possível "noiva" Frederica Greenhill. Por causa deste feito passa a ser conhecido como "herói de El Facile". Outra conquista é a tomada da poderosa Fortaleza Iserlohn e por isso o chamam de Mago (Miracle Young). Ao longo do tempo ele tenta convencer a Aliança dos Planetas Livres a por fim a inútil guerra, mas a única coisa que a Aliança fez foi provocar sua própria derrota. Yang também. adotou, na verdade fizeram-no adotar, um jovem adolescente, órfão de guerra, como pupilo, Julian Minci. Julian provou ser um aluno muito talentoso, de grande potencial, dotado inclusive de um senso político mais acurado e realista que o de Yang. Na sua primeira e inesperada missão como piloto de caça spartanian, o cadete-sargento Julian Minci abate um cruzador imperial quando o vôo de treino se converte em experiência real.
O que mais dizer sobre os dois heróis? Que existe um grande respeito e admiração entre Reinhard e Yang e talvez por isso o fantástico confronto sem vencedor entre os dois... ( Yang vence taticamente e Reinhard politicamente) ...acabe em uma xícara de chá na nave-capitânea Brünhild de Reinhard: o encontro entre Wen-Li e o Príncipe von Löwengram, com direito a xícara de chá com “brandywine”.
O que vem depois ainda não é certo, mas sabe-se que Reinhard criará uma nova dinastia Löwengram , cujo símbolo é um Leão Dourado; quanto a Yang parece que ele ainda ficará no "controle" de Iserlohn, mas o mais importante é que seus ideais de paz e liberdade permanecerão contra tudo e todos. Ainda acontecerão muitos conflitos em nome do poder... Mas ambos serão responsáveis pelos ventos da mudança e terão seus nomes conhecidos e lembrados na lenda, a Lenda dos Heróis da Galáxia...
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"A guerra continua até o momento. Se alguém sugerisse que a história do Homem é a história da guerra poucos concordariam. Mas, se existe realmente um conceito tal como o progresso para a Humanidade, não se pode dizer que a guerra não tenha influído no resultado final. Talvez por que os seres humanos sejam animais que continuarão a lutar até que o último caia morto. Durante a guerra, imensas quantidades de sangue, lágrimas e conhecimento são esbanjados. Os sonhos e esperanças das pessoas de repente são destruídos. Ainda que em todas as épocas existam aqueles que tem o desejo de mudar o mundo, para melhor ou para pior. Para avaliar como esses heróis mudaram o mundo, talvez não possamos confiar nos seus contemporâneos, por causa das variações na perspectiva dos historiadores e a mudança de valores da Humanidade conforme os tempos. Mas umas poucas pessoas ambiciosas deixaram a sua marca, e seus nomes foram grandes dentro das páginas da História. Estas pessoas são chamadas... Heróis." ("My Conquest is the Sea of Stars" — Legend of the Galactic Heroes Movie-01)





















Leyenda de los Heroes Galacticos
(Heldensagen vom Kosmosinsel -- Ginga Eiyû Densetsu)
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Legend of Galactic Heroes is definitely the best anime space epic ever. Based on the novel series of the same name by Tanaka Yoshiki (who also wrote the Arslan novels), LoGH the anime series brings to the TV screen the grand visions in the novel. The sheer scale of things in LoGH is truly mind-boggling: Tens of thousands of battle cruisers flying in formation is a spectacle I've never seen before, in anime or anywhere else. What's more important, there are no fancy giant robots or things like that, which adds to the show's realism. The story is mainly about the struggle between the two superpowers in the galaxy: On one side is the dignified but decadent Galactic Empire, led by the confident and determined Reinhard von Lohengramm; His opponent is the somewhat more modest strategic genius Yang Wen-Li, one of the millitary leaders of the Free Planets Alliance. And behind them there are numerous other characters ranging from common soldiers to mighty nobles and rulers, whose fate and actions are all woven together into a complex tapestry of future history. The majesty of galactic confrontations combined with down-to-earth human conflicts makes this a most fascinating show. Add to this a score made up almost entirely of classical music, and we have a sure winner!
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-- Homo sum: Humani nihil a me alienum puto! (Terentius* - Séc. II a.C (Circa 190-160 a.C.)
-- Sou humano. Nada do que é humano me é estranho!
-- Sou humano; e nada do que é humano me é alheio.
-- Watashi wa ningen dearu. Ningen ni kakawaru koto;
nara nandemo jibun ni muen de aru to wa omowanai. -

http://en.wikipedia.org/wiki/Terence , http://pt.wikipedia.org/wiki/Terêncio e http://es.wikipedia.org/wiki/Publio_Terencio_Africano / http://en.wikipedia.org/wiki/Menander

(*) Terêncio (Terence), Publius Terentius Afer (185 - 159 a. C.), com o sobrenome de Afer, africano, por ter nascido em Cartago; dramaturgo latino cujo estilo tornou-se de grande influência no desenvolvimento do teatro ocidental; escreveu seis comédias de grande sucesso, como Andria, a mulher de Andros; Eunuchus; Heauton timorumenos, o Castigador de si mesmo; Phormio; Hecyra, a Sogra e Adelphi, os Irmãos. Suas comédias são "paliatas" na "mímesis" (imitação) da Comédia grega (Seguindo a influência de autores gregos da comédia nova, em particular os textos de Menandro). Diferenciando-se das "togata", de temática romana mais popular e menos refinada. Tinha em vista agradar a elite da sociedade romana com linguagem mais doce e suave, tramas sentimentais complicadas e muitas peripécias cujos equívocos só se resolviam nas últimas cenas... O desaparecimento e morte precoces de Terêncio - com apenas 27 anos de idade, segundo o relato dos Antigos ocorreu em um naufrágio marítimo enquanto viajava pela Grécia ou voltava para Roma. Após a sua morte, a dramaturgia romana rapidamente vai perder espaço para as pantomimas e os espetáculos de gladiadores. É atribuída a Terêncio a autoria das famosas frases: "Nada do que é humano me é estranho" e "Enquanto há vida, há esperança".








Sites & Vídeos Recomendados:
Legend of the Galactic Heroes Information Center - http://www.logh.net/
Ginga eiyû densetsu" (1989) (TV series): http://www.imdb.com/title/tt0096633/
AniDB http://anidb.info/perl-bin/animedb.pl?show=anime&aid=584
ANN http://www.animenewsnetwork.com/encyclopedia/anime.php?id=1786
LoGH Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Legend_of_the_Galactic_Heroes
Review http://themanime.org/viewreview.php?id=494
Legend of the Galactic Heroes Trailer - http://www.youtube.com/watch?v=G7grjXe2Eyo
銀河英雄伝説 / LoGH PC Game: http://www.youtube.com/watch?v=OkLfEfRBHyk
銀河英雄伝説Ⅵ_Demo オープニングムービー http://www.youtube.com/watch?v=jTumNzxocPI&NR=1
LoGH PC 銀河英雄伝説 http://www.youtube.com/watch?v=ORSJPoAVtw4&feature=related
LoGH Fliperama - http://www.youtube.com/watch?v=vcm8J5ROmYw&feature=related
Blu-Ray promotion Legend of the Galactic Heroes
http://www.youtube.com/watch?v=deEYnYfXP2g&feature=related
銀河英雄伝説 最強の盾と矛
http://www.youtube.com/watch?v=lKThfNKMfbA
LEGEND OF THE GALACTIC HEROES / 銀河英雄伝説: "BLOCKADE" ( わが征くは星の大海)
http://www.youtube.com/watch?v=-AdFQdRB8wQ&feature=related
LoGH - "За краем белого плаща..."
http://www.youtube.com/watch?v=MGVQIO6NaZQ
Legend of Galactic Heroes: Reinhard meets Hilda
http://www.youtube.com/watch?v=Hbzn7gDATRs
Legend of Galactic Heroes: Prince Lichtenlade's Fall (2/2)
http://www.youtube.com/watch?v=a0KpvBMqK5M&feature=related
Legend of Galactic Heroes: Goodbye for now
http://www.youtube.com/watch?v=Sk5WjcAfbRg&feature=related
Legend of Galactic Heroes: Prince Lichtenlade's Fall (1/2)
http://www.youtube.com/watch?v=riWPJUgp13s&feature=related
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Legend of the Galactic Heroes: My Conquest is the Sea of Stars - English Sub (1/7)
http://www.youtube.com/watch?v=QxjJnoHxztU&feature=related
[Ginga eiyû densetsu: Waga seifuku wa hoshi no taikai (1988) ]
http://www.imdb.com/title/tt0095512/
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Legend of the Galactic Heroes: Overture to a New War - English Sub (1/10)
http://www.youtube.com/watch?v=2uMcN02uOQ0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=776cdqxRrJ8&feature=related
[Ginga eiyû densetsu: Arata naru tatakai no jokyoku (1993) ]
http://www.imdb.com/title/tt0107382/
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Legend of the Galactic Heroes: Golden Wings - English Sub (1/7)
http://www.youtube.com/watch?v=JHx20XO05ZQ


Leia o artigo completo aqui

Cronologia da Terra Média

"Para os Reis Elfos, sob o céu, três Anéis;
Sete para os Lordes Anões; Abrigados em seus salões;
Nove para o Homem: a morrer condenado;
Um para o Lorde Negro, em seu trono sentado,
Na Terra de Mórdor, onde as Sombras vão repousar.
Um Anel para achá-los, para a todos governar,
Um Anel para reuni-los e para na treva os atar
Na Terra de Mordor, onde as Sombras vão repousar."



O Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien é um romance épico publicado em meados do século XX. Trata da sorte passada e do futuro destino de um mundo que muito se assemelha às fantasias e às tradições históricas da Idade Média, a infância da nossa tecnológica modernidade industrial. O autor, John Ronald Reuel Tolkien, nasceu em Blöemfontein, África do Sul, a 3 de Janeiro de 1892, e veio a falecer na cidade inglesa de Bournemouth, em 2 de Setembro de 1973. Professor de Língua e Literatura Inglesa em Oxford, Tolkien ilumina com renovado enfoque o panorama dos clássicos da Inglaterra medieval: de ‘Beowulf’ (século IX) a ‘Sir Gawain and the Green Knight’ (século XIV). Sua extraordinária capacidade e paixão como filólogo anglo-saxônico valeram-lhe o elogio do colega C.S. Lewis: "Ele esteve dentro da língua". Em Oxford, Tolkien sentiu que faltava ao Reino Unido (UK) uma mitologia digna desse nome. Unindo o desejo de dar uma mitologia à Inglaterra com o prazer que sentia em criar novas línguas (coisas que estavam estreitamente ligadas em seu processo criativo), Tolkien iniciou um grandioso ciclo de lendas — ambientado num passado mítico da Terra. O resultado desse projeto são os livros "O Silmarillion", "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis", que encantaram mais de cem milhões de leitores no mundo, traduzidos em vinte e quatro idiomas. Atualizando os romances e poemas épicos medievais, Tolkien criou um cenário majestoso e detalhado aonde seres humanos e outros povos da lenda (elfos, anões, ents e hobbits) enfrentam Morgoth e seu servo Sauron, anjos caídos que desejam escravizar toda a Terra-média.
“Carta 131 – de J.R.R. Tolkien a Milton Waldman”: *
(...) Não ria! Mas certa vez (há muito tempo minha crista caiu) tive a intenção de produzir
um corpo de lendas mais ou menos interligadas, que abrangesse desde o amplo e o
cosmogônico até o nível do conto de fadas romântico – o maior apoiado no menor
em contato com a terra, o menor sorvendo esplendor do vasto pano de fundo –
cuja dedicatória pudesse ser simplesmente: à Inglaterra; ao meu país.
Deveria possuir o tom e a qualidade que eu desejava, sereno e claro, com a fragrância
do nosso “ar” (o clima e o solo do Noroeste, isto é, da Grã-Bretanha e das
regiões européias mais próximas: não a Itália ou o Egeu, muito menos o Oriente);
possuiria (se eu conseguisse) a beleza graciosa e fugidia que alguns chamam
céltica (apesar de raramente encontrada nas antigüidades célticas genuínas),
mas deveria, ao mesmo tempo, ser “elevado”, purgado do tosco, digno de uma
mente mais adulta, de uma terra há muito impregnada de poesia. Eu delinearia alguns dos
grandes contos na sua plenitude, e deixaria muitos apenas situados no esquema, apenas
esboçados. Os ciclos deveriam ligar-se a um todo majestoso, e ainda assim deixar espaço
para outras mentes e mãos, munidas de tinta, música, drama. Absurdo...
É claro que um tal propósito dominante não se desenvolveu de uma só vez. O importante
eram as próprias histórias. Surgiram em minha mente como coisas "dadas", e à medida que
chegavam, separadamente, cresciam também as conexões. Um labor absorvente, apesar de
continuamente interrompido (especialmente visto que, mesmo à parte das necessidades da
vida, a mente esvoaçava para o pólo oposto e se consumia na lingüística): porém sempre tive
a sensação de estar registrando o que já estava "lá", em algum lugar: não de estar
"inventando".
Os ciclos começam com um mito cosmogônico: a Música dos Ainur. Deus e os Valar (ou
poderes: vertidos por deuses) revelam-se. Estes últimos são, como diríamos nós, poderes
angélicos, cuja função é exercer a autoridade delegada em suas esferas (...)
“Na Cosmogonia [da criação dos mundos de Tolkien] há uma queda: uma queda de Anjos,
diríamos. Apesar de evidentemente ser bem diversa, na forma, da do mito cristão.
(...) Não pode existir "história" sem queda – todas as histórias acabam sendo sobre
a queda – pelo menos não para mentes humanas tais como as conhecemos e possuímos.
Assim, prosseguindo, os elfos sofrem uma queda, antes que sua "história" possa tornar-se
histórica. (A primeira queda do Homem, por razões explicadas, não aparece em nenhum
lugar – os Homens só entram em cena quando tudo isso está no passado remoto, e há
apenas um rumor de que por algum tempo sucumbiram ao domínio do Inimigo, e de que
alguns se arrependeram.)
__________________________
(*) O Senhor dos Anéis foi de fato iniciado em dezembro de 1937. (JRR Tolkien, Carta 131 – A Milton Waldman. É na “Carta 131 – A Milton Waldman”, que o Prof. Tolkien revela ao editor algo dos seus métodos de trabalho e processos de criação literária; uma visão dos bastidores da composição do grande ciclo épico do Silmarillion e d’O Senhor dos Anéis que apresenta uma sinopse geral da saga e oferece uma perspectiva privilegiada do que existe por trás das histórias da Terra Média.
Parafraseando o título e o significado do livro de Arthur C. Clarke, um dos temas tratados na obra de Tolkien é justamente "o fim da infância": o que torna possível o contraponto de sua obra com o tempo presente. Mas, acima de tudo, Tolkien permanece sendo um grande contador de histórias: A originalidade e a auto-suficiência de suas criações só encontra paralelo no universo ficcional de outros grandes autores como Frank Herbert e Richard Adams. Considerem esta cronologia apenas um prelúdio e introdução à leitura de um dos meus livros favoritos: O Senhor dos Anéis.
Primeira Era do Mundo de Arda
Idades da Criação: Criação de Arda (1), a Terra como "Reino" do Grande Vala, Manwë Súlimo (2): Oesternesse (em Aman, o Reino Abençoado de Valinor) + a Terra Média (Endor, a "Terra do Meio") + Esternesse por Eru (o Um) Ilúvatar, por intermédio dos Valar. [(1) Arda é o mundo tal como o concebeu Eru e lhe deram forma os Valar, os Poderes de Arda. Em suas múltiplas esferas incluíam-se as Terras do Sol e da Lua [no extremo oriente (Esternesse)] separadas pelo Mar Oriental das regiões mortais da Terra Média. O Grande Mar Ocidental de Belegaer separava a Terra Média do continente ocidental de Aman (Oesternesse) aonde ficavam as terras imortais do Reino Abençoado de Valinor, o país dos Valar (os Ainur e os Maiar). O litoral oeste de Aman dá para o "Mar de Fora" (Ekkaia) que "circunda o Reino de Arda" e além ficam apenas as Muralhas da Noite (Ilumbar). Com o passar das Idades do Sol, o continente "oriental" da Terra Média se converteu nas atuais Europa, Ásia, África, América e Austrália. (2) Manwë, o Rei de Arda. O Vala do ar, ventos e nuvens que protege as aves velozes. Irmão de Melkor junto a Eru, o UM que "pensou" e fez existirem os Valar e o seu povo. (Pode ser visto como o Espírito Santo). Na visão de Tolkien, tudo mais foi criado pelos Valar a partir do pensamento de Eru. Eles fizeram a música (Ainulindalë, a Canção dos Ainur) a partir do tema que Eru lhes propôs e Melkor, o maior de todos eles - no princípio - não quis participar da harmonia, introduzindo melodias discordantes]. Quando Arda foi criada, a Terra (Ambar), era um disco plano encerrado em esferas de ar, luz e éter. Estas esferas eram mantidas pelas invisíveis muralhas do Mundo (Ilumbar) situadas no Vazio infinito (Kuma). Havia um enorme supercontinente aonde os Valar seguiam dando forma ao Mundo (Eä), segundo a visão de Eru, mas Melkor (3), o grande Vala rebelde (e Príncipe do Mal; na sua origem o mais poderoso dos Ainur) iniciou a "Primeira Guerra", no transcurso da qual a simetria ideal de Arda se perdeu e o continente se partiu em pedaços. [(3) Melkor: "Aquele que se eleva em poder", o maior dos Valar (os Deuses da Terra Média), Senhor das Trevas. Em Arda, Melkor, fez das trevas e do frio o seu reino, distorcendo a perfeição da Criação. Melkor corrompeu muitos dos Maiar e os levou para o norte da Terra Média, aonde fundou os reinos rivais de Utumno e Angband. Sauron, o Senhor dos Anéis, era o principal servidor e lugar-tenente de Melkor, governando o Reino maligno de Angband para o seu amo enquanto Melkor reinava em Utumno. Alto como uma torre, Melkor preferia assumir um aspecto horripilante, usando uma coroa de ferro e uma armadura negra. Manejava Grond, o Martelo dos Mundos Subterrâneos, e um enorme escudo negro. O fogo da malícia ardia em seus olhos e tinha o rosto disforme, marcado por cicatrizes, e as mãos eternamente queimadas pelos Silmarils].
Eru criador único dos elfos (4) e homens sem a participação dos Valar. [(4) Elfos (Quendi): os primogênitos de Eru "que falam com vozes". Sob as estrelas, foram os primeiros a aprender a fala e o canto. Deram nome a todas as coisas e os ensinaram às criaturas vivas de Arda. Ligados por laços de afeto aos "seres angélicos" (os Valar) não estão sujeitos à morte por envelhecimento. Têm fantásticos poderes de visão e audição e amam a natureza, especialmente as árvores. A grande beleza e força dos Elfos foi enriquecida e temperada pela sabedoria e a tristeza das idades. Todas as línguas do mundo procedem do quenya (a "fala" élfica) que é a língua mãe original: o mais belo e musical dos idiomas].
Idades das Lâmpadas: Na seqüência da Primeira Guerra e da separação dos continentes, os Valar criaram um reino idílico, Almaren, no Grande Lago que ficava no centro da Terra Média. A norte e sul alçaram duas colossais " lâmpadas"
ou luzeiros (Illuin e Ormal). Crescimento e florescência do Grande Bosque de Arda. No Longínquo Norte, Melkor havia erigido as Montanhas de Ferro (Ered Engrin) e nelas fundado o tenebroso Reino de Utumno; daí parte o seu novo ataque com a destruição de Almaren e a queda das Lâmpadas.
Idades das Árvores em Aman / Idades da Escuridão na Terra Média: Os Valar edificam o Reino de Valinor, nas "terras sem mal" do Ocidente (Oesternesse): o continente de Aman. Ao lado das portas de Valimar, a cidade dos Valar, cultivaram as Árvores da Luz que irradiavam por toda a terra imortal de Aman uma "luz bendita". A Terra Média e o restante de Arda permaneciam envoltas na "Obscuridade".
Melkor, "Dono e Senhor" da Terra Média: o "domínio de Utumno": Melkor constrói uma segunda fortaleza em Angband e nela coloca o seu fiel discípulo e servidor Sauron. As criaturas e as entidades malignas que infestaram a Terra Média durante os Anos Negros da Grande Escuridão eram um arremedo grosseiro de Melkor à Criação de Eru. Deste modo os órcs (5) são uma versão ridícula e abjeta dos elfos e os trólls uma cópia imperfeita e monstruosa dos ents que caminham nas florestas (Enyd Onodrim, os temíveis pastores de árvores da floresta de Fangorn (6), que falam em defesa de todos os seres que têm raízes (Olvar) e castigam com justa ira os que lhes fazem mal). Os ents foram a primeira raça da Terra Média que pôde falar [e cantar] graças aos quendi. Depois os homens, os órcs e os trólls também o fizeram. [(5) Órcs: a fértil raça de omnívoros de sangue negro e aspecto simiesco que servia Morgoth; destruidores impiedosos e vingativos, são bons mineiros, peritos na fabricação de armas e instrumentos de tortura. (6) Fangorn: floresta situada no extremo SE das Montanhas Nebulosas no curso superior dos rios Água de Ent e Limlight]. Em uma grande mansão abaixo das montanhas da Terra Média, Aulë, o ferreiro dos Valar, dá forma aos "Sete Pais" dos Anões [os Khazád de Mahal (Aulë) em khuzdul, o seu idioma nativo que mantinham secreto] Aulë conhecia a grande maldade de Melkor por isso fez os anões fortes e resistentes, imunes ao frio e ao calor e mais robustos e compactos que as raças que iriam surgir depois deles. Os anões foram feitos tenazes e indomáveis, persistentes no esforço e no trabalho. Eram valentes em combate e sua vontade e orgulho não se podiam dobrar. Mediam de 1,20 a 1,50m. e viviam por cerca de 250 anos. Aulë criou secretamente os Anões e pensou que os ocultava do conhecimento de Eru Ilúvatar e dos outros Valar. Ilúvatar sabia dos feitos de Aulë e os julgou um ato sem malícia por isso "santificou" a vida dos Anões, abençoando-os. Porém não permitiu que esta raça aparecesse na Terra Média antes dos seus filhos primogênitos, os Elfos. Sauron Annatar era no princípio um maia de Aulë e ele manteve-se poderoso na tradição do povo de Aulë. Os Elfos o chamavam de Gorthaur, o Cruel, e diziam que ele só era menos maligno que o seu amo Morgoth porque por muito tempo serviu a outro e não a si mesmo. Ele chamava a si mesmo de Annatar, Aulendil e Artano, na Segunda Era: i.e., o "Senhor das Dádivas", "Servidor de Aulë" e o "Grande Joalheiro".
Segunda Era das Árvores em Aman / Idades das Estrelas na Terra Média - Varda Elentári (Elbereth Gilthoniel), a maior das Valier (Rainhas dos Valar) e esposa de Manwë Súlimo, "incendeia" as estrelas para iluminar a Terra Média. É o sinal para o surgimento dos Elfos e o (Re)início da guerra entre os Poderes de Arda, os Valar. Tom Bombadil , o "mais antigo" dos Poderes de Arda na Terra Média, é o Senhor do Bosque Velho (Old Forest) em Eriador (7) e desposa Goldberry, a filha do Rio. [ (7) Eriador: a terra entre as Montanhas Nebulosas e as Montanhas Azuis na qual ficava Arnor, o reino maligno de Angmar, o Distrito dos Hobbits, a casa élfica de Rivendell, o Reino Noldorin de Eregion, as portas ocidentais de Mória, os domínios de Tom Bombadil.] O despertar dos Elfos, dos Ents e dos Sete Pais dos Anões na Terra Média durante a Primeira Idade das Estrelas. Na "Guerra dos Poderes", os Valar destróem Utumno e aprisionam Melkor por três longas eras. Sob o signo de Varda, os Elfos (Quendi) começam a migrar para o Ocidente, após despertarem às margens do Lago de Cuiviénen, e fundam vários reinos na Terra Média e em Aman (Eldamar). Os Valar e o Povo Belo dos Eldar (Elfos Superiores das Famílias Vanyar, Noldor e Teleri) vivem juntos em Valinor. Fëanor, o famoso artífice élfico noldor (8), cria os Silmarilli, três gemas preciosas aonde aprisiona a luz de Valinor.
Rebelião e fuga do grande Vala Melkor, o Senhor das Trevas (chamado pelos elfos de Morgoth, o Inimigo Escuro do Mundo) e dos seus seguidores Maiar (Sauron, o Senhor dos Anéis; Gothmog (10), o Senhor dos balrogs; Ungoliant, a aranha; Thuringwethil, a vampira; Draugluin, o licantropo, etc. Todos os Ainur e Maiar eram "espíritos guardiões", seres do espaço exterior que penetraram no mundo de Arda e assumiam formas determinadas segundo suas preferências e funções. Os Valar e o seu "povo" [os Maiar] podiam mudar sua forma ou andar sem nenhuma, até um certo ponto): Melkor, que havia aparentemente se "retratado" por seus atos passados, tinha começado a invejar e a se enfurecer com o mundo que Manwë Súlimo havia criado para os Filhos de Eru, os Erúsen (i.e., os Elfos e os Homens): com Ungoliant ataca mais uma vez o Reino Abençoado dos Valar e destrói as Árvores de Luz mergulhando o mundo novamente nas trevas de Morgoth. A luz existia somente no interior dos Silmarils, gemas élficas que cobiçava para adornar sua coroa de ferro... Morgoth rouba os Silmarilli e foge para a Terra Média com Ungoliant. Mas, o vazio e a fome de Ungoliant não tinham limites e ele ousou atacar o próprio Senhor das Trevas para devorá-lo...e acabou escorraçado pelos chicotes de fogo dos balrogs, os demônios de fogo que serviam Morgoth! Embora proibido pelos Valar de abandonar Valinor, Fëanor comanda uma grande força élfica e regressa à Terra Média para recuperar os Silmarilli. É o início da Guerra das Jóias em Beleriand que vai se estender pela Primeira Era do Sol e da Lua. [(8) Noldor: A segunda linhagem élfica a chegar às Terras Abençoadas dos Valar em Aman e a mais poderosa estirpe de elfos a reinar na Terra Média. Foram os primeiros a extrair as gemas que se ocultavam sob as montanhas, criaram os Silmarils e forjaram os Anéis do Poder. Os Palantíri, as pedras-videntes de Númenor, também foram uma criação noldor. A palavra noldor significa conhecimento, o bem que, mais que todos os elfos, lutaram por possuir. Nos Anos das Árvores dos Valar, seu rei foi Finwë (9) e então sua alegria era grande ao aprender com seus mestres, os Valar e os Maiar. A cidade noldor de Tirion, sobre a verde colina de Tuna, mirava o mar escuro iluminado apenas pela luz das estrelas e era poderosa e bela. A luz das Árvores refulgia no lado ocidental de Tirion, edificada no Passo Calacyria das Montanhas Pelóri aonde se ergue o pico do Taniquetil, a Montanha Sagrada de Manwë e Varda. A tragédia e a fatalidade caíram sobre os Noldor quando Melkor apareceu com a aranha Ungoliant e destruiu as Árvores dos Valar, matando Finwë e roubando os Silmarils. Fëanor, o filho do Grande Rei Noldor Finwë, jurou vingança e saiu em perseguição de Melkor, a quem chamou de Morgoth, o Inimigo Escuro do Mundo; Bauglir e Belegurth, o Repressor e a Grande Morte. Assim começaram a Guerra das Jóias e as Guerras de Beleriand que se estenderiam por toda a Primeira Era do Sol. Durante este tempo surgiram reinos noldorin na Terra Média: Hithlum, Mithrim, Dor-lomin, Nevrast, Dorthonion, Himlad, Thargelion e Beleriand Oriental. Os mais formosos reinos dos Noldor foram os dois reinos ocultos: Gondolin, governado por Turgon, e Nargothrond, que era um feudo de Finrod Felagund (filho de Finarfin que permaneceu em Aman governando os Noldor que ficaram em Tirion). Ao longo da Primeira Era, Morgoth e seus servos destruíram todos os reinos noldorin e assim dos Senhores Noldor e seus filhos que marcharam até a Terra Média só ficou viva Galadriel, a filha de Finarfin.][(9) Fingolfin: Rei elfo de Beleriand na Terra Média. Era o segundo filho de Finwë, o Grande Rei dos Elfos Noldor de Eldamar nas Terras Imperecíveis dos Valar: o continente de Aman em Arda. Seus irmãos eram Fëanor e Finarfin. Os filhos de Fingolfin: Fingon, Turgon (o Rei de Gondolin) e Aredhel. Ainda que a principio tenha se mostrado relutante, Fingolfin acabou se unindo a Fëanor na perseguição de Morgoth de volta à Terra Média. Quando Fëanor se apoderou das naves élficas teleri em Alqualondë, Fingolfin foi obrigado a conduzir seu povo para o norte de Aman e cruzar o Helcaraxë, a passagem de gelo cruciante que levava à Terra Média. Com a sua chegada , surge a primeira Lua (Isil) e as hordas de Morgoth se retiram. Depois da morte de Fëanor em Mithrim (na "Batalha Sob as Estrelas", Dagor-nuin-Giliath), Fingolfin se converte no Grande Rei dos Noldor na Terra Média. Estabelecido em Hithlum, mantém as forças de Melkor presas em Angband até a devastadora Batalha da Chama Súbita (Dagor Bragollach) no ano 455 da Primeira Era do Sol. Enfurecido e desesperado pela ruína a sua volta, Fingolfin cavalga até as Portas de Angband e desafia Morgoth: No combate, Fingolfin consegue infligir sete grandes feridas no Senhor das Trevas com sua espada Ringil antes de ser morto por Morgoth. Seu corpo foi resgatado pela águia Thorondor e enterrado nas Montanhas Circundantes (Ered en Echoriath, as montanhas de Turgon que circundavam Tumladem, a planície de Gondolin).][ (10) Gothmog, o Balrog: Capitão-mor de Angband, o mais poderoso dos tenentes de Morgoth. O Senhor dos Balrogs era um espírito de fogo maia em sua origem: em quenya, um dos Valaraukar, "Demônios da Força", que corresponde a forma sindarin "balrog", flagelo de fogo, demônio do terror. Gothmog aliou-se com Melkor e lutou contra os Valar e os Elfos na Terra Média; matou Fëanor, o Grande Rei Eldar, às portas de Angband, foi um temível adversário dos Elfos nas Guerras de Beleriand e, na "Batalha das Lágrimas Inumeráveis" (Nirnaeth Arnoediad), matou Fingon e capturou Húrin. Em 511 da Primeira Era liderou com êxito as forças de Morgoth contra Gondolin, o grande reino escondido de Turgon: a frente da hoste balrog, das legiões de órcs e dragões de fogo, e rodeado por sua guarda pessoal de trólls, Gothmog, venceu os defensores do último reino noldorin da Terra Média. Durante o saque de Gondolin, travou um duelo mortal com Ecthelion, o Grande Capitão e Guardião das Portas de Gondolin, em que ambos pereceram.]
Primeira Idade do Sol (Anos Solares da Primeira Era na contagem dos Elfos e Dûnedain) -
Criação da Lua e depois o Sol pelos Valar. (O Sol e a Lua de Arda são fragmentos de luz viva das árvores que sobreviveram ao ataque de Morgoth e Ungoliant: Anar (o Ouro de Fogo), o fruto de Laurelin e Isil (a Flor de Prata), a flor de Telpérion: a Árvore Branca de Valinor). A nave do Sol, conduzida por Arien, a Maia do fogo, é o sinal para o despertar dos Homens (Hildor e Atani, os "Sucessores", os filhos mais novos de Ilúvatar).
A Guerra das Jóias e os Reinos do exílio dos Elfos rebeldes de Valinor: O Cerco de Angband: os Elfos Noldor chegam à Beleriand, perseguindo Melkor, e colocam Angband (a grande fortaleza de Morgoth a NO da Terra Média) em estado de sítio durante os primeiros quatro séculos da Guerra das Jóias. Não obstante, em 455, o assédio foi quebrado e as legiões de Angband vão destruindo um a um os reinos eldarin de Beleriand. Com a Queda de Gondolin, no fim da Guerra das Jóias, os elfos foram reduzidos para três pequenos e inócuos agrupamentos: Ossiriand, onde uns poucos Fëanorianos tinham se refugiado com os Elfos-verdes; Arvenien (11), onde refugiados de Doriath e Gondolin estabeleceram uma nova colônia com alguns dos Edain; e Balar, onde fugitivos de Hithlum (Sindar como Annael), Nargothrond e das Falas criaram uma colônia depois da Nirnaeth Arnoediad. Muitos outros elfos vaguearam através de Beleriand (Exilados ou Avari, os "elfos escuros" que não conheceram a luz de Valinor) ou foram escravizados em Angband. Alguns desses elfos, pode-se supor, eventualmente alcançaram Arvenien, e a partir de lá prosseguiram para Balar. Mas quando os Fëanorianos destruíram Arvenien no ano 538, um número significativo de Elfos morreu. A população élfica de Beleriand foi reduzida ao seu menor tamanho. Dos Fëanorianos, do povo de Balar e dos elfos de Ossiriand eventualmente provieram os Eldar que estabeleceram o reino de Lindon na Segunda Era. Durante as "Guerras de Beleriand" (na epopéia da Busca do Silmaril), Thuringwethil, a "mulher da sombra secreta", era um poderoso espírito-vampiro e a principal mensageira entre Angband e Tol-in-Gaurhoth (Tol Sirion), a Ilha dos Lobisomens no curso das águas do Sirion, de onde Sauron governava os Licantropos. Quando a Ilha de Sauron caiu no fim da Primeira Era, o aborrecido Sauron toma ele mesmo a forma alada de um morcego-vampiro gigante (armado com esporões de aço) e foge. A maioria dos Anões lutou ao lado dos Elfos contra os servos de Morgoth. Porém nem todos os feitos dos anões nesta era foram dignos de elogio: conta-se que os anões de Nogrod também cobiçavam o Silmaril e para consegui-lo assassinaram traiçoeiramente a Thingol (12), o Grande Rei dos Elfos Cinzentos, nos Salões de Menegroth (13)[(11) Arvenien: junto às Fozes do Sirion, às margens do Mar, foi crescendo um povo élfico do que sobrara da ruína de Doriath e Gondolin. E, de Balar, os marinheiros de Círdan vieram unir-se a eles..."e o povo de Arvenien se acostumou às ondas e à construção de barcos" sob a proteção da mão de Ulmo, o Senhor das Águas de Arda. (12) Elu Thingol, Senhor dos Sindar (Edhil) no Reino Oculto de Doriath (Eglador) em Beleriand. Na tradição quenya era nomeado como Elwë Singollo, o Senhor dos Elfos Telerin de Endor, que era Rei Supremo e Protetor de todos os povos da Terra Média. (13) Menegroth: "Mil Cavernas", os salões ocultos de Thingol e Melian (14), a Maia, junto ao Rio Esgalduin em Doriath. (14) Melian: Maia que abandonou Valinor pela Terra Média. A Rainha de Thingol em Doriath. Mãe de Lúthien Tinúviel e antepassada de Elros e Elrond (Filhos de Elwing: a filha de Dior, o herdeiro de Thingol. Foi Elwing quem escapou da destruição de Doriath com o Silmaril, fugindo para as costas de Arvenien. Lá conheceu e desposou Eärendil, o filho de Tuor e Idril Celebrindal - a filha de Turgon - dos sobreviventes do saque de Gondolin, e com ele foi para Valinor pedir a ajuda dos Valar na Guerra contra Morgoth)]
Os Edain (homens do Ocidente) juntam-se aos Eldar na guerra contra Morgoth: Eärendil, o "Adan" amigo dos Elfos e pai de Elros e Elrond, navega para Valinor com um dos Silmarilli e pede a intervenção dos Valar na Guerra contra Morgoth. (Ao término da Primeira Idade do Sol, Beleriand é destruída e afunda na Guerra da Ira dos Valar. Os edain sobreviventes foram recompensados pelos Valar: em pagamento à sua bravura, os Valar fizeram emergir uma grande ilha na metade do Mar Ocidental para que esta "gente", os dûnedain, pudessem ter um país próprio. Se outorgou aos homens de Númenor uma esperança de vida muito maior que a dos demais mortais e grandes poderes mentais e físicos que até então só os elfos haviam tido. "Andor", a terra da dádiva prometida, ou "Elenna", a terra da estrela, tinha a forma de uma tosca estrela de cinco pontas. Em seu ponto mais estreito media aproximadamente 400 Km; o mais largo 800 Km e se dividia em seis regiões: das terras interiores do centro irradiavam-se cinco penínsulas separadas com dois rios principais e abundantes bosques de árvores com flores perfumadas.) Quando o brilhante fogo de Anar - o Sol - apareceu no Mundo, surgiu no Leste da Terra Média um povo mediano de halflings (banakil) que se chamaria de Hobbits (15): um povo aparentado com os Homens que escavava buracos e vivia neles, menor que os anões e com uma esperança de vida que girava em torno dos cem anos.
(15) Hobbits, "holbytlan" - o "Livro Vermelho da Marca Oeste", compilado por Bilbo e Frodo Baggins e completado por Sam'wise' Gangee, diz que o nome dos hobbits significa moradores de buracos (Kûd-Dûkan) na língua dos Cavaleiros de Rohan (Éotheód, os Homens do Norte estabelecidos no "País dos Cavalos" de Rohan).
A Guerra da Ira: Angband e o poder de Melkor são destruídos: depois de presenciar as derrotas e os sofrimentos dos elfos e dos homens em Beleriand, os Valar não podiam seguir tolerando o atroz domínio de Morgoth sobre a Terra Média. Assim decidiram intervir junto com os Maiar e os Elfos de Aman (Amanyar) na Guerra contra Angband. Um devastador holocausto de purificação que assolou o mundo inteiro, a "Guerra da Cólera" dos Valar durou cerca de quarenta e dois anos, começando no ano 545 da Primeira Era e terminando no ano 587. Durante esse tempo vastas áreas da Terra Média - Beleriand, as distantes terras setentrionais, o mar interior de Helcar - foram destruídas ou mudaram de forma. As Montanhas de Ferro se abriram e os calabouços e as câmaras de tortura de Angband ruíram. Os dragões, os gigantes e os balrogs de Morgoth lutaram, mas foram dizimados pela hoste dos Valar. Os servos do mal ficaram isolados e dispersos e o próprio Morgoth foi atirado no Vazio: no fim Melkor foi o único "Vala" a ser expulso das "esferas do mundo de Arda" [para habitar eternamente o vazio do espaço exterior a menos que se cumpra a "Segunda Profecia de Mandos" (16)]. Então o maia Sauron - seu principal lugar-tenente e general - assumiu, convertendo-se no Lorde Negro ao forjar o Anel Único do Poder para subverter os outros anéis que ele, maliciosamente, havia convencido Celebrimbor e os ferreiros-élficos de Eregion a criar...na Segunda Era do mundo de Arda. A Primeira Era terminou com a derrota de Morgoth e a maioria dos elfos superiores regressou ao Reino Abençoado, mas Galadriel e Celeborn permaneceram na Terra Média. [(16) A segunda profecia de Námo, o Juiz e Oráculo dos Valar em Mandos (no oeste de Valinor): "Do seu trono no pináculo do Taniquetil Manwë vigia o Mundo (Eä) e de lá só sairá para a Dagor Dagorath (a batalha final do dia da condenação) quando Melkor regressar no fim dos tempos."]
Anos (Solares) da Segunda Era (Segunda Idade do Sol)
Estes foram os Anos Obscuros para os humanos da Terra Média e os dias de glória de Númenor. Os registros da Terra Média são escassos e breves e as datas amiúde incertas:
1- Fundação dos Portos Cinzentos de Mithlond por Círdan (17), o "Construtor de barcos".
Fundação de Lindon, a terra verde dos Eldar de Gil-galad a oeste das Montanhas Azuis (18) na antiga Ossiriand.
(17) Círdan: elfo telerin, o Senhor dos Portos de Falas nas costas ocidentais de Beleriand. Quando foram destruídos, depois da Nirnaeth Arnoediad, fugiu com Gil-galad para a ilha de Balar (na grande baía do sul de Beleriand aonde desaguava o Sirion) e lá viveu até a derrota de Morgoth e Sauron. Durante a segunda e a terceira eras foi guardião de Mithlond, os Portos Cinzentos no Golfo da Meia-Lua (Lûn). (18) Ered Luin, as Montanhas Azuis: a grande cadeia das Montanhas Ocidentais (também chamada Ered Lindon) que separava Beleriand de Eriador nos tempos antigos da Primeira Era. Depois do afundamento de Beleriand, transformaram-se na cordilheira costeira do NO da Terra Média.
32 - A ilha de Númenor no Mar Ocidental é ocupada pelos Edain e se converte no Reino da "mais poderosa das raças humanas" de Arda, os Dûnedain (19). [(19) Homens da Ocidentalidade (Oesternesse, o extremo ocidente de todas as terras mortais)]. c*. 40 - Muitos Anões abandonam as velhas cidades de Ered Luin (Nogrod e Belegost nas Montanhas Azuis: a "Morada Oca" de Tumunzabar e a "Grande Fortaleza" de Gabilgathol na língua dos anões) e se dirigem a Mória (Khazád-dûm) crescendo em número. (*) circa: data incerta ou aproximativa.
442 - Morte de Elros Tar-Minyatur: O primeiro Rei de Númenor foi o irmão gêmeo de Elrond que resolveu manter sua herança humana mortal, apesar disso viveu por cinco séculos. [Os Dûnedain estavam proibidos pelos Valar de ir mais para o Ocidente (para Valinor) e procurar a imortalidade reservada aos Elfos por isso voltaram suas ambições para o Leste, a Terra Média.]
c. 500 - Sauron começa a se movimentar outra vez na Terra Média.
c. 600 - Os primeiros barcos numenorianos incursionam pelas costas da Terra Média.
750 - Os elfos noldor se instalam em Eregion, a terra do Azevinho junto as portas ocidentais de Mória (Khazad-dûm). Grande amizade do povo de Durin (os Anões) com os Ferreiros-Elfos (Gwaith-i-Mírdain) de Eregion.
Celebrimbor "Mão de Prata" do Reino de Nargothrond (filho de Curufin, o Habilidoso, da descendência de Fëanor) é o Senhor de Eregion na Segunda Era e o maior dos seus artífices.
c. 1000 - Alarmado pelo crescente poder dos Numenorianos na Terra Média, Sauron escolhe Mordor como base de operações e começa a construir a torre-cidadela de Barad-dûr.
1200 - Sauron propõe-se a seduzir os Eldar. Tenta estabelecer amizade com Gil-galad (20) e Elrond em Lindon, mas estes se negam a fazer tratos com ele. Em compensação obtém sucesso com os ferreiros élficos de Ost-in-Edhil, a cidadela dos Eldar em Eregion. Os anéis de menor importância (os Nove e os Sete) são forjados.
Os Numenorianos constróem portos fortificados e bases permanentes na Terra Média.
(20) Gil-galad, "Estrela de Radiância", nome pela qual se tornou conhecido o Rei dos Elfos na Segunda Era: Ereinion, o filho de Fingon. Depois da morte de Turgon (na queda de Gondolin), Gil-galad foi o último Grande Rei dos Noldor em Endor. Permaneceu em Lindon após a Primeira Era e chefiou com Elendil a Última Aliança de Elfos e Homens contra Sauron. Elendil e Gil-galad morreram lutando com Sauron na batalha de Dagorlad que marcou o fim da Segunda Era de Arda.
c. 1500 - 1590 A habilidade dos ferreiros de Eregion, instruídos por Sauron, chega ao ápice. Começam a forjar os grandes anéis do Poder: c. 1590 - Celebrimbor completa os Três Anéis em Eregion.
1600 - Sauron forja secretamente o Anel Um nas chamas do Orodruin, o vulcão de Mordor, e completa a edificação de Barad-dûr. Celebrimbor adverte contra os desígnios de Sauron.
1693 - Sauron e os Elfos em guerra. Os Três Anéis ficam ocultos do poder de Sauron.
1695 - 1699 As forças de Sauron invadem e assolam Eriador. Gil-galad envia Elrond Meio-Elfo à Eregion.
1697 - Eregion devastada e erma. Tortura e morte de Celebrimbor às mãos de Sauron. Os Anões fecham as portas de Mória ao mundo exterior. Fundação de Rivendell: Elrond se retira para o NE de Eriador com os elfos noldorin sobreviventes e encontra refúgio no escarpado vale interior de Imladris, que os Homens chamam de Valfenda, aos pés das Montanhas Nebulosas, o "Ângulo" de terra entre o Rio Mitheitel (Hoarwell) e o Bruinen Fontegris (Ribeiro Cinzento) próximo ao vau do Bruinen (Loud Water, o Água Barulhenta).
c. 1700 - Tar-Minastir envia uma grande frota numenoriana à Lindon: O exército de Sauron é completamente desbaratado. c. 1701 - Sauron expulso de Eriador. As terras do Oeste ficam em paz por largo tempo.
c. 1800 - Domínios e feudos numenorianos estendem-se pelas costas da Terra Média. O poder de Sauron se concentra no Leste. A "sombra" cai sobre Númenor.
- Da História "Corrigida" dos Anos -
2251 - Morte de Tar-Atanamir, o Grande. Tar-Ancalimon recebe o cetro de Númenor. Império e tirania de Númenor na Terra Média. Começa a rebelião e a divisão dos Numenorianos. Surgem os cavaleiros negros de Nazgûl, os Úlairi: escravos dos Nove Anéis, espectros do Anel Um e principais servidores de Sauron. Em sua origem foram homens da estirpe dos Haradrim; Easterlings e Numenorianos Negros (21): poderosos reis e bruxos, que receberam o regalo maligno dos Anéis do Poder das mãos de Sauron. No séc. XXIII da Segunda Era seus corpos haviam sido completamente consumidos pelo poder do Anel. (21) Numenorianos aliados a Sauron como Senhores dos Povos de Harad no sul da Terra Média em Umbar. A ameaça dos "Negros", em oposição aos "Elendili" (Amigos-dos-elfos) de Arnor e Gondor, durou mil anos, mas no fim foram reduzidos a nada pela ação enérgica de Eärnil e, mais tarde, de Ciryaher, o Hyarmendacil de Gondor, nos sécs. X e XI da Terceira Era, respectivamente.
2280 - Umbar se converte em grande fortaleza de Númenor.
2350 - Pelargir é o porto principal dos Numenorianos Fiéis (Elendili).
2899 - Ar-Adûnakhôr (22) recebe o cetro.
3255 - Ar-Pharazôn, o Dourado recebe o cetro.
3261 - Ar-Pharazôn se lança ao mar e desembarca em Umbar com uma grande esquadra.
3262 - Sauron acorrentado é levado prisioneiro a Númenor. Mas o Lorde Negro (Dark Lord) persuadiu os seus captores a declarar guerra aos Valar. Isto provocou a queda de Númenor e o "Câmbio do Mundo" (23).
(23) O Câmbio do Mundo: a Terra plana se converteu no globo terrestre e as Terras Imortais de Aman foram para além das esferas de Arda separadas para sempre do mundo mortal
3262 - 3310 Sauron seduz Ar-Pharazôn e corrompe os Numenorianos: Os Numenorianos haviam se proclamado Senhores da Terra Média e Donos dos Mares de Arda (Mare Nostrum). O "mestre dos enganos" utilizou o orgulho e a ambição de Númenor para conquistar pela astúcia o que não conseguiria tomar pela força das armas.
3319 - Ar-Pharazôn ataca Valinor: Queda de Númenor. Elendil e seus filhos (Isildur e Anárion) fogem para a Terra Média com os Numenorianos Fiéis. Sauron escapa à destruição de Númenor.
3320 - Fundação dos Reinos Numenorianos em Exílio: Arnor e Gondor. A Árvore Branca, uma lembrança dos Eldar e da luz de Valinor, é plantada em Minas Ithil por Isildur. Divisão das Palantíri (24). Sauron de volta a Mordor.(24) Palantíri: "as que vigiam de longe" (as sete pedras-videntes de Númenor): três ficaram com Elendil (e foram guardadas nas torres de Emyn Beraid, Amon Sûl e Annúminas), as pedras de Isildur e Anárion ficaram localizadas em Minas Ithil, Osgiliath, Minas Anor e Orthanc. A pedra-mestra está "até hoje na Torre de Avallónë em Eressëa, pois as pedras foram um presente dos eldar a Amandil, o pai de Elendil, para servir de consolo aos Fiéis de Númenor nos tempos escuros em que a Sombra havia caído sobre Anadûnê (Ponente , o nome de Númenor em adûnaic) e os elfos não podiam mais vir àquela terra".
3429 - Sauron invade Gondor, toma a cidade de Isildur (25) e queima a Árvore Branca. Isildur escapa pelo Rio Anduíno e se reúne com Elendil no Norte. Anárion resiste às forças de Sauron e defende Minas Anor (26) e Osgiliath. [(26) Minas Anor: Depois chamada de Minas Tirith: a Fortaleza Guardiã de Mundburg, a Cidade de Gondor][(25) Minas Ithil, a torre da Lua, edificada na espalda da Ephel Dúath, "Cerca de Sombra", a cordilheira entre Gondor e Mordor. No século XXI da Terceira Era, Minas Ithil se torna Minas Morgul, a torre do Bruxedo - após a captura pelos espectros do Anel]
3430 - Última Aliança entre Elfos e Homens sob o comando de Gil-galad e Elendil.
3431 - Gil-galad e Elendil marcham para o Leste até Imladris.
3434 - O Exército da Aliança cruza as Montanhas Nubladas (Nebulosas).
Batalha de Dagorlad e derrota de Sauron. Barad-dûr em sítio.
3440 - Anárion é morto no cerco de Barad-dûr.
3441 - Sauron vencido por Elendil e Gil-galad que morrem em combate: A espada de Elendil, Narsil, fica partida. Isildur corta o Anel Um da mão de Sauron e fica com ele como prêmio de guerra. Com o desaparecimento de Sauron, os espectros do Anel caem na sombra. O Anel foi a Perdição de Isildur: morreu varado de flechas no Anduíno quando tentava escapar a nado de uma emboscada dos Órcs usando o poder de invisibilidade do Anel.
- Fim da Segunda Era - A Segunda Era termina com o cataclismo do afundamento de Númenor (Atlantis), a derrota de Sauron, o servo de Morgoth, e a desaparição do Anel Um nas águas do Anduíno. Esta época foi conhecida como a do "Câmbio do Mundo", pois as Terras Imortais do Reino Abençoado de Valinor foram retiradas das esferas de Arda pelos Valar e transportadas para uma dimensão além do alcance e compreensão dos Homens. Só os barcos élficos podiam navegar pelo "Caminho Reto" e chegar às suas praias. O Senhor dos Anéis ressurge secretamente na Terceira Era para reconstruir o seu reino em Mordor. Finalmente os planos de vingança de Sauron contra os Dûnedain e os Elfos culminam nos eventos da Guerra do Anel.
(22) Da linhagem de Elros: os Reis de Númenor: a X - Tar-Telperien: Foi a segunda rainha reinante de Númenor. Teve uma longa vida (pois as mulheres dos Numenorianos tinham a vida mais longa ou renunciavam a ela com menos facilidade) e não quis casar com nenhum homem. Por isso depois dela o cetro passou para Minastir, que era filho de Isilmo, o segundo filho de
Tar-Súrion, o IX rei de Númenor. Tar-Telperien nasceu no ano de 1320 da Segunda Era; reinou cento e setenta e cinco anos, até 1731, e morreu no mesmo ano. O XI - Tar-Minastir: Teve este nome porque construiu uma alta torre no monte Oromet, perto de Andúnië e das costas ocidentais de Númenor, onde passava grande parte dos seus dias a olhar para o Ocidente, pois essa nostalgia tornara-se forte no coração dos Numenorianos. Amava os Eldar, mas os invejava. Foi ele quem enviou uma grande esquadra em auxílio de Gil-galad na primeira guerra contra Sauron. Nasceu no ano de 1474 da Segunda Era e reinou cento e trinta e oito anos; entregou o cetro em 1869 e morreu em 1873.
O XII - Tar-Ciryatan: nasceu no ano de 1634 e reinou cento e sessenta anos; entregou o cetro em 2029 e morreu em 2035. Foi um rei poderoso, mas sedento de riqueza; construiu uma grande esquadra de navios reais e os seus servidores trouxeram-lhe nela grande quantidade de metais e pedras preciosas e oprimiram os homens da Terra Média. Desdenhava da nostalgia do pai e apaziguou o desassossego do seu coração viajando para o Leste, Norte e Sul até receber o cetro. Diz-se que forçou o pai a entregar-lho antes de ele o desejar fazer de sua livre vontade. Deste modo (assim dizem), pode ver-se a primeira vinda da sombra à tranqüilidade de Númenor.
O XIII - Tar-Atanamir, o Grande: nasceu no ano de 1800 e reinou cento e noventa e dois anos, até 2221, que foi o ano de sua morte. Muito se diz deste rei nos anais que sobreviveram à queda de Númenor, pois ele era como seu pai, orgulhoso e sedento de riqueza, e os numenorianos a seu serviço cobravam pesado tributo aos homens das costas da Terra Média. No seu tempo, a sombra caiu sobre Númenor; o rei e aqueles que compartilhavam a sua opinião falavam abertamente contra a proibição dos Valar; e os seus corações estavam contra os Valar e os Eldar; mas ainda conservavam a sensatez e temiam os senhores do Ocidente e não os provocavam. Atanamir também é conhecido como "o Pertinaz", pois foi o primeiro dos reis a recusar-se a abandonar a vida ou renunciar ao cetro e viveu até a morte o levar à força, na velhice (27).
O XIV - Tar-Ancalimon: nasceu no ano de 1986 e reinou cento e sessenta e cinco anos, até a sua morte em 2386. No seu tempo tornou-se maior o fosso entre os homens do rei (a maior parte) e aqueles que mantinham a antiga amizade edain com os Eldar. Muitos numenorianos abandonaram o uso das línguas élficas e deixaram de as ensinar aos seus filhos. Mas os títulos reais ainda eram dados em Quenya [Eldarin, o idioma do Ocidente; Élfico superior (28), a antiga língua comum dos Elfos em Valinor], a língua da Tradição Élfica, usada em cerimônias, no canto e nos estudos e tratados de Ciência] mais por antigo costume do que por amor, com receio de que o abandono do velho uso trouxesse azar.
O XX - Ar-Adûnakhôr (Tar-Herunúmen): nasceu no ano de 2709 e reinou durante sessenta e três anos: da morte de Tar-Ardamin (Ar-Abatárik) em 2899 até a sua própria morte em 2962. Foi o primeiro rei a tomar o cetro com um título em adûnaic (a língua de Númenor), ainda que, por receio e superstição, fosse inscrito nos pergaminhos um nome em quenya. Mas estes títulos eram considerados blasfemos pelos Numenorianos Fiéis, pois significavam "Senhor do Ocidente", título consagrado apenas ao culto e adoração de um dos grandes Valar, Manwë, em especial. Neste reinado, as línguas élficas já não eram usadas nem permitido o seu ensino, mas eram conservadas em segredo pelos fiéis; e os navios de Eressëa [Tol Eressëa, a ilha dos elfos teleri na baía de Eldamar em Aman. Da cidade portuária de Avallónë em Eressëa partiam os elfos que comerciavam com os numenorianos e lhes levaram presentes e conhecimentos na Segunda Era antes do câmbio do Mundo] passaram a vir rara e secretamente às costas ocidentais de Númenor.
O XXV - Ar-Pharazôn, o Dourado (Tar-Calion): o mais poderoso e o último rei de Númenor. Nasceu no ano de 3118 da Segunda Era, assumindo ilegalmente o trono em 3255, após a morte de Tar-Palantir, o rei que tentou restabelecer os velhos costumes e a amizade de Númenor com os Eldar e os senhores do Ocidente. Reinou durante sessenta e quatro anos, morrendo na queda de Númenor em 3319. Pharazôn usurpou o cetro de Tar-Miriel, a filha de Tar-Palantir e herdeira legal da coroa, a quem desposou contra a vontade e as leis, pois era sua prima-irmã, uma parente consangüínea com quem não poderia contrair relações matrimoniais. Dos atos de Ar-Pharazôn, da sua glória e da sua loucura, mais se diz na "Akallabêth", a história da queda de Númenor que Elendil escreveu e foi preservada em Gondor. [(27) A linhagem de Elros teve longa vida, mesmo segundo a medida dos Numenorianos. O fim do vigor chegava para os descendentes de Elros (antes de se iniciar a diminuição da duração da sua vida) por volta do 400º ano ou um pouco mais cedo. Para os que não eram desta linha chegava por volta do 200º ano ou um pouco mais tarde. Ao povo numenoriano como um todo foi concedido um período de vida de "três vezes o dos homens inferiores". O aumento de longevidade dos Numenorianos foi resultante da assimilação por eles do modo de vida dos Eldar: embora tivessem sido expressamente advertidos de que não haviam se tornado eldar, mas permaneciam homens mortais e lhes tinha apenas sido concedida uma extensão do período de vigor da mente e corpo. Assim (como os Eldar), cresciam a um ritmo muito semelhante ao dos outros homens, mas, quando atingiam a maturidade plena, gastavam-se muito mais lentamente. A primeira aproximação do "cansaço do mundo" era para eles um sinal de que o período do seu vigor chegava ao fim. Quando findava e eles persistiam em viver, então a decadência prosseguia, como acontecera com o seu crescimento, não mais lentamente do que a dos outros homens. Assim um numenoriano passava rapidamente, talvez em dez anos, da saúde e vigor do espírito para a decrepitude e a senilidade. Nas primeiras gerações não se "agarraram à vida", renunciaram a ela voluntariamente. Uma das mudanças operadas pela sombra e pela rebelião dos numenorianos foi o medo da morte natural, a incapacidade de renunciar serenamente à vida mortal, o que acarretou uma diminuição da própria longevidade.
(28) Sindarin: o idioma élfico de Beleriand (derivado do élfico superior, mas modificado pelo passar das Eras com relação ao Quenya de Valinor). Foi adotado pelos Exilados noldorin em Endor na Primeira Era, especialmente após o decreto emitido por Thingol, proibindo o uso do Eldarin Ocidental. Gradualmente substituiu o quenya, como língua de uso quotidiano dos Eldar na Terra Média, exceto em Gondolin. Também chamado de idioma élfico-cinzento; o eldarin da Terra Média falado pelos Sindar.
Terceira Era de Arda
Foram os anos do declínio dos Eldar na Terra Média. Durante muito tempo tiveram paz, usando o poder dos Três Anéis, enquanto Sauron dormia e o Anel Dominante continuava perdido. Porém não faziam nada de novo e viviam das recordações passadas. Os Anões se ocultaram em lugares profundos, guardando os seus tesouros. Porém quando o Mal ressurgiu e os dragões reapareceram, estes antigos tesouros passaram a ser saqueados. Os Anões se convertem em um povo errante e perseguido. Durante longo tempo Mória foi um lugar seguro, porém seus habitantes foram diminuindo em número e muitas de suas mansões ficaram escuras e vazias. A sabedoria e
longevidade dos Numenorianos também foi decrescendo a medida que se mesclavam com "Homens Menores".
Anos da Terceira Era (Terceira Idade do Sol)
2 - Isildur planta uma muda da Árvore Branca em Minas Anor (a "Torre do Sol Poente" de Minas Tirith: a cidade de Anárion aos pés do monte Mindolluin) e entrega o "Reino Austral" a Meneldil (o terceiro rei de Gondor). Desastre dos Campos Gládios: Isildur e seus três filhos maiores são mortos pelos Órcs e o Anel Um perde-se no rio Anduíno.
3 - Ohtar, o escudeiro de Isildur, leva os fragmentos de Narsil para Imladris (Rivendell em Valfenda).
10 - Valandil, o filho mais novo de Isildur, torna-se o terceiro Rei de Arnor (o Reino Setentrional dos Numenorianos na Terra Média).
109 - Elrond Meio-Elfo se casa com Celebrían, a filha de Celeborn e Galadriel.
130 - Nascimento de Elladan e Elrohir, os filhos de Elrond.
241 - Nascimento de Arwen Undómiel, a noiva de Aragorn e futura rainha do Reino Unificado de Arnor e Gondor.
420 - Ostoher, o sétimo rei de Gondor, reconstrói a Torre Branca de Minas Anor.
490 - Primeira invasão dos "Homens do Leste" (29) no reinado de Tarostar, o oitavo Rei de Gondor.
(29) Easterlings: as vagas de homens que se lançaram sobre Gondor por instigação de Sauron vindos do Leste da Terra Média: homens de Khand e Rhûn (os Variags e os Orientais de Rhûn), os Balchoth, os Aurigas (Viajantes de Carros), etc. [Na Quarta Era de Arda, o Grande Rei Elessar obrigou os Reis de Rhûn a firmar uma longa paz com os povos ocidentais de Endor]
500 - Romendacil I (o vencedor do Leste) derrota os Easterlings.
541 - Tarostar, o Romendacil de Gondor morre em batalha.
830 - Tarannon Falastur (30), o "Rei das Costas" e XII Rei de Gondor, inicia a linhagem dos "Reis de Barcos" de Gondor.(30) Falastur foi o primeiro rei dûnedain sem filhos: era casado com a detestada e solitária Rainha Berúthiel que tinha nove gatos pretos e um branco com os quais conversava e que usava para espionar e ver todos "os negros segredos de Gondor"!
861 - Morte de Eärendur, o sétimo rei depois de Valandil: O Reino de Arnor se divide em três: Arthedain, Rhudaur e Cardolan. Em Arthedain, a linhagem de Isildur se manteve e perdurou, em Cardolan e Rhudaur logo foi interrompida. A causa das disputas era possessão da Torre de Amon Sûl que se encontrava na fronteira entre os dois reinos. Lá se encontrava o Palantir principal, as outras duas pedras estavam em poder de Arthedain.
933 - 936 Eärnil I de Gondor toma Umbar e derrota os Numenorianos Negros. Eärnil se perde no mar.
1050 - Gondor, no ápice do poder, conquista o Sul da Terra Média: Submissão dos Haradrim ao poderio de Gondor. Hyarmendacil I (Ciryaher) é o "vencedor do Sul": o XV Rei de Gondor esmaga definitivamente os Numenorianos Negros em Umbar. [Ainda assim, (quando a vigilância de Gondor enfraqueceu), estouraram as revoltas reprimidas; os Haradrim se livraram do jugo de Gondor e o porto de Umbar (ao sul da Grande Baía de Belfalas), voltou a ser o mal afamado e obsceno reduto dos "Corsários de Umbar": homens de diversas origens, traficantes de escravos, piratas, aventureiros, renegados, todos eles encarniçados inimigos dos elendili de Gondor] Os Reinos Numenorianos do Norte (Arnor) se deterioram: "...iam diminuindo cada vez mais até que, com o tempo, sua glória passou, deixando apenas túmulos verdes na relva." E, contudo, a linhagem dos herdeiros de Isildur não se interrompeu, mantendo-se intacta, de pai para filho: à espera do cumprimento da profecia de Elrond Meio-Elfo: "a lâmina que estava partida voltaria a ser forjada quando o Anel Governante voltasse a ser encontrado e Sauron regressasse". A esperança dos Elfos e Homens era a de que estes fatos nunca ocorressem.
Primeiro registro histórico da presença dos hobbits na Terra Média: As Crônicas dos elfos e dos homens dizem que os "Periannath ou Halflings" viviam com os Homens do Norte na baixada setentrional do Anduíno, entre as Montanhas Nebulosas e o bosque da Grande Floresta Verde. No Século XI da Terceira Era uma força maligna penetra o Bosque que passa a ser chamado de Trevormata, a Floresta Tenebrosa, ou simplesmente de Bosque Negro. Os hobbits abandonam o Anduíno e vão migrando para o Oeste: cruzam as Montanhas Nebulosas para viver em Eriador com os Elfos e os homens de Bree numa terra fértil e despovoada. Sauron habita a Floresta Tenebrosa, ocultando sua verdadeira identidade sob o disfarce do "Necromante de Dol Guldur". O Lord Negro reunia o poder dos espectros do anel, dos órcs e de todas as criaturas maléficas para estender sua teia de influências, fazendo a Sombra crescer, planejando o momento do seu retorno triunfal à Torre Negra de Mordor.
c. 1000 - 1100 Os sábios feiticeiros [Istari (31)] surgem na Terra Média no Século XI da Terceira Era, quando a primeira sombra baixa na Floresta Verde: revelam aos Eldar o poder maligno que se fortalece em Dol Guldur (o bastião do Necromante em Amon Lanc a SO da Floresta Tenebrosa). [Infelizmente, a natureza da força maléfica foi subestimada ou ignorada: acreditou-se erroneamente que era apenas um dos Nazgûl (espectros do Anel) que se movia em Dol Guldur] (31) Istari: Cinco velhos de longas barbas brancas, envoltos em capas de diferentes cores, com chapéus pontiagudos, botas de viagem e bastões desembarcaram um a um nos Portos Cinzentos. Eram os chefes da sua Ordem na Terra Média: Alatar e Pallando, os "Magos Azuis" (Ithryn Luin) enviados por Oromë (32): foram para o Oriente da Terra Média e deles nada mais se soube. Radagast, o Castanho: o mensageiro de Yavanna (33), Aiwendil - reconhecido como o "tratador de animais" em adûnaic -, que pertencia ao Conselho Branco. Gandalfo, o Peregrino Cinzento, chamado pelos elfos de Mithrandir. Era o maia Olórin na terra de Aman, um amigo dos Eldar nomeado por Manwë e Varda para a missão na Terra Média. Os Anões o conheciam como Tharkûn, o "Homem do Bordão". No Sul de Gondor [as terras conquistadas sob a suserania de Gondor no Próximo e Distante Harad] era Incánus, o "espião grisalho do Norte"! [Os eruditos de Gondor assumiam que "Incánus" (tal como Olórin) era um nome quenya criado para ele a partir da etimologia in (id)- significando "mente, intelecto" e kan (cano)-, dirigente, governador, capitão] O NO e o Norte o receberam como Gandalf, uma "criatura
élfica com uma vara mágica": ele não era um elfo, mas os Homens o associavam com eles porque a sua amizade e aliança com os Elfos era muito conhecida. "Ao Leste ele não ia". E, finalmente, Curumo, o mensageiro branco escolhido de Aulë: o primeiro a chegar, de nobre aspecto, fala suave e cabelo negro de azeviche. Possuía grande arte e perícia em trabalhos de mão: Saruman, chamado pelos elfos de Curunír. Círdan recebeu o Cinzento com uma reverência e entregou a ele o Terceiro Anel (Narya, o vermelho; o anel do fogo). O Mensageiro Branco (que era hábil em descobrir todos os segredos) tomou, passado algum tempo, conhecimento dessa dádiva e a invejou. Foi esse o princípio da oculta má vontade do Branco contra o Cinzento. Uma rivalidade transformada em ódio, mais profundo ainda porque era oculto, e mais amargo porque Saruman sabia que era Gandalfo quem exercia maior influência sobre os habitantes da Terra Média, apesar de esconder o seu poder e não desejar medo nem reverência. Saruman receava Gandalfo, sempre incerto quanto ao que ele percebia da sua mente íntima e vigiava todos os seus atos e palavras... [Os Istari eram emissários dos senhores do Ocidente (os Valar). Espíritos Maiar, vestidos em corpos humanos, capazes, portanto, de sentir fome, sede e de serem mortos. Mensageiros enviados por seus mestres para aconselhar, persuadir e animar os Homens, os Elfos e os Anões no sentido do Bem e na união contra o mal, contestando o poder e a influência de Sauron. Mas estavam proibidos pelos Valar de usar a Força ou dominar pelo medo os Elfos e os Homens] (32) Oromë, o Caçador: um dos grandes Valar, chamado de Araw, o "Senhor das Florestas" e "Domador de Feras", esposo de Vâna, a "Sempre-jovem", irmã de Yavanna. (33)Yavanna Kementári: uma das Valier (Rainhas dos Valar). A esposa de Aulë, reconhecida como "Rainha da terra, dos campos e florestas" e a "Provedora de Frutos".
c.1300 - Os Órcs atacam em grande número os Anões das Montanhas Nebulosas. Ressurgimento dos Nazgûl: o seu Senhor, o Capitão Negro, estabelece o Reino "Bruxo" de Angmar em Eriador Setentrional [Durante setecentos anos Angmar guerreou os Dûnedain de Arnor]. Assentamento dos Hobbits em Bree.
1409 - O Rei Bruxo de Angmar invade o território de Arnor e conquista Cardolan e Rhudaur: A torre de Amon Sûl (no "monte do Vento", conhecido por "TopoTempo" em Bree) é destruída. Rivendell em estado de sítio.
1437 - Incêndio de Osgiliath: perde-se outro Palantir.
1601*- Os Periannath (Hobbits) emigram de Bree e o Rei dûnadan de Arthedain (Argeleb II de Fornost) lhes concede as terras desertas ao sul do rio Baranduíno que antes eram parte do Reino de Arnor: povoamento do Distrito (Shire)
1636 - A Grande Peste devasta Gondor no reinado de Telemnar, o XXIII da linhagem de Meneldil, e se espalha no Norte e pelo Oeste até Eriador. Morte de Telemnar e dos seus filhos. Os Hobbits e os Éothéod sobrevivem, mas sofrem grandes perdas, ceifados pela Peste Negra alastrada das Terras Selvagens de Rhovanion a Leste. Morte da Árvore Branca em Minas Ithil.[(*) A travessia do Brandevinho em 1601 é o “Ano Um” na contagem dos anos do Shire]
1640 - O Rei Tarondor transfere a sede do trono de Gondor para a nova capital do Reino: Minas Anor, a torre do Sol Poente, e planta ali uma muda da Árvore Branca. A vigilância nos fortes da fronteira com Mordor é abandonada e Minas Ithil, a torre da Lua Nascente, fica deserta. O mal volta a entrar na Terra Negra em segredo.
1851 - 1856 Os "Aurigas", Viajantes de Carros do Leste (Easterlings), invadem Gondor.
Narmancil II cai em batalha e Gondor perde seus territórios orientais.
1899 - 1900 O Rei Calimehtar derrota os Aurigas em Dagorlad e ergue a Torre Branca em Minas Anor.
1944 - 1945 Ondoher de Gondor cai em batalha. Eärnil II esmaga os Aurigas em Ithilien Austral.
1974 - Queda de Arnor com a supremacia do Rei-Bruxo de Angmar (o Capitão dos Nazgûl): quando as legiões de órcs e as hordas bárbaras do Rei-Bruxo invadiram Arthedain e arrasaram Fornost, o Reino do Norte acaba. [Apenas ao fim da Guerra do Anel, quando Aragorn se converte em Grande Rei dos Dûnedain, Arnor será restaurado]
1975 - Na Batalha de Fornost, Angmar é vencido e arrasado pela força combinada de Rivendell e Gondor.
1977 - Frumgar conduz a hoste dos Éotheod para o Norte.
1980 - O Rei Bruxo vai a Mordor e reúne os Nazgûl. O Balrog de Mória desperta e mata Durin VI: Fuga dos Anões
1999 - Thrâin I, da Casa de Durin, marcha até a Montanha Solitária de Erebor em Dale e funda o Reino dos Anões "sob a Montanha".
2000 - 2002 Os Nazgûl sitiam e tomam Minas Ithil: Nasce Minas Morgul. Sauron consegue uma Palantir.
2050 - Extingue-se a linhagem de Anárion: Eärnur, o último rei de Gondor até a restauração do "Reino Unificado" de Elessar Telcontar em 3019 da Terceira Era, duela com o Rei Bruxo e desaparece em Minas Morgul. Gondor passa a ser governado pelos Mordomos do Rei [vedor, senescal; em quenya, Arandur, "servidor do Rei, ministro"]: Mardil, o Bom assume o governo do Reino até o "Regresso do Rei".
2060 - Cresce o poder de Dol Guldur. Os Sábios (Istari) se inquietam:
2063 - Gandalf vai a Dol Guldur: Sauron escapa para o Leste e retoma Mordor: A "guerra fria" da Paz em Alerta.
2460 - Sauron regressa triunfante a Dol Guldur numa grande demonstração de Força. Fim da tensa "Paz Vigiada".
2463 - Criação do Conselho Branco. Deágol, o Forte, um hobbit pescador, encontra o Anel Um nas águas do Anduino e é assassinado por seu primo Smeágol Gollum.
2475 - Gondor sob ataque: Osgiliath em ruínas
c. 2480 - Os Órcs constróem fortalezas secretas nas Montanhas Nebulosas (34) para fechar os caminhos e impedir a passagem para Eriador. Sauron "povoa" Mória com as suas criaturas.
2489 - Cirion é o duodécimo Mordomo de Gondor.
2509 -Celebrían (a filha de Celeborn e Galadriel casada com Elrond) viaja para Lórien, mas é detida pelos Órcs das Montanhas Nebulosas na "Passagem do Corno Vermelho" e mortalmente atingida por uma flecha envenenada.
2510 - Celebrían nos Portos Cinzentos: embarque para as Terras Imperecíveis dos Valar. Os Órcs e os Homens do Leste (35) invadem Calenardhon (A “Província Verde” de Rohan era um dos feudos de Gondor). Cirion, o Mordomo de Gondor, e Eórl, o Jovem (36) conquistam a vitória dos "Campos de Celebrant" e expulsam os invasores: Juramento de Cirion e Eórl no santuário de Amon Anwar: Amizade entre Gondor e Rohan. [Cirion, o mordomo governante de Gondor, doa perpetuamente o domínio da Marca de Calenardhon (Rohan) a Eórl, o primeiro Rei de Rohan, e aos Eorlingas (Rohirrim): o povo de Eórl, os Senhores dos Cavalos de Rohan]
(34) Hithaeglir, as "Montanhas Nebulosas" em sindarin: grande cordilheira da Terra Média com cerca de 1500Km, seguia para norte e sul até o Passo de Rohan, separando Eriador de Rhovanion. Sua porção setentrional defendia Angmar e abrigava o "reduto" órc de Gundabad. (35) Os "Balchoth", um povo easterling aparentado com os "Viajantes de Carros" que invadiram Gondor nos séculos XIX e XX da Terceira Era. (36) Eórl, o filho de Leód: Rei dos Éothéod, os "Cavaleiros do Norte" em Rhovanion - raça de Homens aparentados com os Bardingues do Vale de Dale.
c. 2670 - O velho Tobold Corneteiro planta "tabaco ocidental" (a erva-de-cachimbo) em Longbottom, as terras de Hornblower, no Quartel Sul (Southfarthing) do Shire.
2698 - Ecthelion I, o Mordomo governante de Gondor, reconstrói a Torre Branca em Minas Tirith.
2759 - Beren, o XIX Mordomo de Gondor, confia as chaves da torre numenoriana de Orthanc, no Anel de Isengard, ao "guardião e lugar-tenente" de Gondor, Saruman, o Branco. [A confiança e os préstimos dos Mordomos de Minas Tirith foram retribuídos com a traição de Saruman: em 2953, na última reunião do Conselho Branco, declara Isengard um domínio próprio e não presta mais atenção nenhuma a Gondor.]
2770 - Smaug, o Dragão (37), desce sobre Erebor.
Thrór, o Rei sob a Montanha, consegue escapar com seu filho Thrâin II e o jovem Thorin.
(37) Smaug: um dos Urulóki, em quenya as "serpentes de fogo" de Angband criadas por Morgoth na Primeira Era de Arda.
2799 - Batalha de Azanulbizar (Nanduhirion) ante as Portas Orientais de Mória. Thrór havia regressado a Mória depois de dar a Thrâin o último dos Sete Anéis dos Anões, lá foi morto pelo órc Azóg que gravou o seu nome a fogo na cabeça decepada de Thrór. A guerra de vingança dos Anões contra os Órcs de Mória termina na Grande Batalha de Azanulbizar quando Dâin Pé de Ferro (o sucessor de Thorin II “Sob a Montanha”) mata Azóg.
2841 - Thrâin II, da Casa de Durin, decide voltar a Erebor, mas é perseguido e aprisionado pelos servos de Sauron.
2845 - Thrâin, o Anão, cativo e torturado em Dol Guldur: o último dos Sete Anéis se "perde" com Thráin.
2850 - Gandalf penetra em Dol Guldur e descobre os planos de Sauron para reunir os Anéis do Poder sob o "Um" e eliminar o "Herdeiro de Isildur". Gandalf encontra Thrâin e recebe a chave e o mapa de Erebor.
Morte de Thrâin II, o Rei Anão no Exílio, em Dol Guldur.
2851 - Reunião do Conselho Branco: Gandalf pede o ataque imediato a Dol Guldur. A proposição de Gandalf é rechaçada por Saruman, o Branco, cuja opinião prevalece no Conselho. [Fica logo evidente que Saruman já cobiçava o Anel Um e esperava que este se revelasse por si, ao buscar seu Amo, se deixassem Sauron em paz por algum tempo.]
2890 - Nascimento de Bilbo Baggins, o hobbit, em Hobbiton-across-the-Water no Shire.
2911- O Grande Inverno: O Baranduíno (Brandevinho) e outros rios congelam. Os Lobos Brancos invadem Eriador
2931, 1º de março - Nascimento de Aragorn "Elfopedra", Capitão dos Dúnedain da linhagem de Isildur.
2933 - Aragorn é levado para Rivendell, quando seu pai Arathorn II é morto pelos Órcs, e fica sob a proteção da Casa de Elrond, o Meio-Elfo, oculto sob nome de "Estel" (Esperança).
2941, 15 de março - O encontro fortuito de Gandalf com Thorin II (o Rei Anão em Exílio) na Estalagem de Bree é o prelúdio do envolvimento dos Hobbits na História do Senhor dos Anéis.
2941 - 2942 (Primavera) Aventuras de Bilbo Baggins com Smaug, o dragão, e a Companhia dos Anões de Thorin Escudo de Carvalho na Montanha Solitária de Erebor. Bilbo se encontra com Smeágol e "ganha" o Anel. Reunião do Conselho Branco: Saruman aceita atacar Dol Guldur, pois agora quer impedir que Sauron recupere o Anel Um. Sauron põe em curso planos anteriormente traçados e abandona Dol Guldur por Mordor. Bard de Esgaroth (a Cidade do Lago no Vale de Dale) extermina Smaug, o Dragão. A Batalha dos Cinco Exércitos e a morte de Thorin II, filho de Thrâin da Casa de Durin, o "Rei debaixo da Montanha". É sucedido por Dâin II, sob a Montanha. Bilbo de volta ao Shire com o Anel. Sauron reocupa Mordor.
2944 - Bard reconstrói o "Vale" em Dale e se converte em Rei.
Smeágol Gollum abandona as Montanhas Nebulosas (Brumais) em busca do "ladrão" de Anéis.
2948 - Nascimento de Theóden, o filho de Thengel: Rei dos Cavaleiros de Rohan.
2949 - Gandalf e Balin visitam "Fundo do Saco", a casa de Bilbo no Shire.
2951 - Sauron se fortalece em Mordor: reconstrução da Torre Negra de Barad-dûr. Gollum em Mordor. Sauron envia três dos Nazgûl para reocupar Dol Guldur. Elrond revela a Estel seu verdadeiro nome e antepassados e lhe entrega os fragmentos de Narsil. Arwen Undómiel, a filha de Elrond recém-chegada de Lórien, encontra o jovem Aragorn nos bosques de Imladris. Aragorn parte para as Terras Selvagens do antigo e devastado Reino de Arnor.
2953 - 2956 Última Reunião do Conselho Branco: discutem-se os Anéis e Saruman finge ignorar o assunto ("O Anel desceu o Anduíno até o mar..."). Saruman se retira para Isengard que transforma em fortaleza. Receoso de Gandalf envia espiões para vigiá-lo e descobre o interesse do Mago Cinzento pelo Shire. Saruman instala agentes seus em Bree e no Distrito dos Hobbits (Quartel Sul). 2956 - Aragorn e Gandalf, o Cinzento, se encontram em Rivendell e se tornam amigos. Aragorn, o Caminheiro, inicia suas jornadas pela Terra Média: de 2957 a 2980 realiza grandes viagens; sob o disfarce do nome de Thorongil (Águia da Estrela), serve como guerreiro a Thengel de Rohan e a Ecthelion II, o Mordomo de Gondor.
2968 - Nascimento de Frodo Baggins, o Portador do Anel.
2976 - Casamento de Denethor, filho de Ecthelion II de Minas Tirith, com Finduilas de Dol Amroth.
2977 - Bâin, filho de Bard, é o Rei do Vale de Dale.
2978 - Nascimento de Boromir, filho de Denethor II (o vigésimo-sexto mordomo governante de Gondor em Minas Tirith)
2980 - Aragorn, em Lórien, reencontra Arwen: trocam juras de amor na colina de Cerin Amroth. Theóden, Rei de
Rohan. Gollum em Mordor faz amizade com Shelob (38) de Cirith Ungol, a última das Grandes Aranhas da Terra Média. [(38) Laracna, a Grande: por duas eras Shelob habitou o "desfiladeiro da aranha" em Ephel Dúath devorando toda oposição. Sauron acreditava que nada poderia entrar em seu reino por essa trilha, mas estava enganado! No ano 3019 da Terceira Era, dois hobbits, Frodo e Samwise, conseguiram passar...e Shelob encontrou seu fim nas mãos de Sam! Pouco tempo depois, Mordor, Minas Morgul e Dol Guldur foram destruídos na Guerra do Anel [o encerramento da Terceira Era pela realização dos planos traçados por Gandalf Greyhame] e as "aranhas pequenas" da Floresta Tenebrosa (Mirkwood em Rhovanion) e das Montanhas da Sombra (Ephel Dúath em Mordor) pereceram. (Depois da Primeira Idade Solar na Terra Média, poucas das "filhas" de Ungoliant puderam salvar-se do dilúvio que cobriu a região norte do continente, Beleriand e quase toda Ossiriand na geografia do "Senhor dos Anéis". Shelob foi uma dessas poucas a cruzar as Montanhas Azuis e encontrar refugio no muro ocidental de Mordor:
"...dos Anos Negros poucas historias há. Fosse como fosse estava ali [em Cirith Ungol], já ali estava até antes de Sauron e antes da primeira pedra de Barad-dûr [A Torre Negra de Sauron em Mordor]. E não servia ninguém a não ser a si mesma, bebia sangue de elfos e homens, inchava e engordava com os seus festins, a tecer teias de sombra. Tudo quanto fosse vivo a alimentava e o seu vômito eram as trevas. (...) Shelob, a Grande, derradeira filha de Ungoliant a atormentar o mundo infeliz."
"a cobiça de [Shelob] não era a de [Smeagol Gollum que lhe levava a boa comida, carne mais doce de hobbit para ficar com o anel precioso...Pouco Shelob sabia ou se importava com torres ou anéis, ou fosse com o que fosse, pois só desejava morte para todos os outros(...) e para ela um empanturramento de vida, uma abundância que a inchasse até as montanhas deixarem de poder suportá-la e a escuridão poder contê-la".) [O Senhor dos Anéis, Europa-América, v.2: As Duas Torres]

2983 - Nasce Faramir, o segundo filho de Denethor de Gondor. Nascimento do Mestre Samwise Gangee no Shire.
2984 - Morte de Ecthelion II: Denethor, Mordomo de Gondor.
2989 - Balin abandona Erebor e volta a Mória: Balin, Senhor de Mória.
2991 - Nasce em Rohan, Éomer, o filho de Éomund: o herdeiro de Theóden.
2994 - Morte de Balin: a destruição da colônia dos Anões em Mória.
2995 - Nasce Éowyn, a irmã de Éomer.
c. 3000 - A sombra de Mordor se alonga na Terra Média. Saruman usa a Palantir de Orthanc e cai sob o fascínio de Sauron que tem a pedra de Minas Ithil (Minas Morgul). Traição de Saruman ao Conselho Branco. Os agentes de Saruman informam que o Shire é protegido e cuidadosamente guardado pelos Caminhantes (os Dûnedain do Norte).
3001, 22 de setembro: Uma festa muito esperada - a festa de comemoração do aniversário conjunto do 111º ano de Bilbo e o 33º (a maioridade) de Frodo Baggins. Bilbo é convencido por Gandalf a entregar o Anel Um do Poder para Frodo e partir em peregrinação para Rivendell. Gandalf pede a Aragorn que procure e encontre Gollum antes que ele seja capturado por Sauron e revele o paradeiro do Anel. Os Dûnedain reforçam a sua guarda secreta sobre o Distrito dos Hobbits. É aqui que começa a se desenvolver a história da Guerra do Anel...
Terra Media: Mapas & Sites Recomendados
http://pt.wikipedia.org/wiki/J._R._R._Tolkien
http://es.wikipedia.org/wiki/J._R._R._Tolkien
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http://www.duvendor.com.br/portal/
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http://www.valinor.com.br/galeria/
Meu Nome Élfico [ http://forum.valinor.com.br/meunome/index.php ]
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http://www.spowers.net/Tolkien/Halls.htm
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Bibliografia Consultada:

TOLKIEN, J.R.R. O Senhor dos Anéis, Rio de Janeiro: Artenova, 1974. 6v.
_____, ___. O Hobbit, São Paulo: Martins Fontes, 1995. 300p.
_____, ___. O Silmarillion, São Paulo: Martins Fontes, 1999. 466p.
_____, ___. Contos Inacabados de Númenor e da Terra Média, Lisboa: Europa-América, 485p.
_____, ___. El Señor de los Anillos: Apendices, Barcelona: Minotauro, 1987. 177p.
DAY, David. Tolkien: Enciclopedia Ilustrada, Barcelona: Timun Mas, 1992. 280p.
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CANÇÃO DOS ROHIRRIM *
J.R.R. Tolkien (1892 - 1973)

Que é feito agora do cavaleiro e seu ginete?
Que é feito da trompa e seu clangor?
Onde está o elmo e corselete e a radiante cabeleira loira
[que o vento agitava]?
Onde estará agora a mão do trovador?
e da chama das fogueiras, o rubro ardor?
Que é da Primavera, o crescente dourado das espigas
e as flores pequeninas?
Ah! Isto tudo passou como a chuva sobre os prados,
Como o vento nas colinas; e os dias no Poente.
São dias que se perderam na Sombra do Passado.
Qual de vós as cinzas da floresta irá reunir,
E aguardar a bonança do oceano um dia ressurgir?"

Lament of the Rohirrim (Lament for Eorl, the Young) by J.R.R. Tolkien
in "The Lord of the Rings – Part II, The Two Towers, Book Three, 1955. ch. VI:*

[Horse and Rider]*

Where now the horse and the rider? Where is the horn that was blowing?
Where is the helm and the hauberk, and the bright hair flowing?
Where is the hand on the harpstring, and the red fire glowing?
Where is the spring and the harvest and the tall corn growing?
They have passed like rain on the mountain, like a wind in the meadow;
The days have gone down in the West behind the hills into shadow.
Who shall gather the smoke of the dead wood burning,
Or behold the flowing years from the Sea returning?

Onde agora o cavalo e o cavaleiro? Onde a trompa que soava?
Onde o elmo e a cota de malha e o luminoso cabelo ao vento?
Onde a mão na corda da harpa e o lume vermelho a crepitar?
Onde a Primavera, a seara e o trigo alto a crescer?
Passaram como chuva na montanha, como um vento no prado;
Os dias morreram a ocidente, atrás dos montes envoltos em sombra.
Quem reunirá o fumo da lenha morta a arder
Ou verá os anos decorridos regressar do Mar?

E Aragorn explicou: – Assim falou em Rohan, há muito tempo, um poeta esquecido, a lembrar como Eórl, o Jovem, que desceu do Norte, era alto e belo; e como Felaróf, o seu corcel e pai dos cavalos, tinha asas nos pés. E assim os homens ainda cantam, ao anoitecer. *
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* nasc. Bloemfontein - África do Sul, 1892
+ mort. Bournemouth - Inglaterra, 1973
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(*) O primeiro texto em português é uma nova tentativa de "versão poética mais completa e fiel" do original em inglês, tomando por base o texto da primeira edição d' O Senhor dos Anéis em língua portuguesa: a tradução de Luiz Alberto Monjardim (O Senhor dos Anéis - As Duas Torres, Rio de Janeiro: Artenova, 1974-75. Livro III, cap. VI. p. 142.) Será que a emenda piorou o "soneto"? Penso que não!! 
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(*) O Senhor dos Anéis – II: As Duas Torres, 2ªed, Lisboa: Publicações Europa-América, [1980-1990], Livro III, cap. VI. p.117.
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(*) Rohirrim: na Terra-Média de Tolkien, os “Cavaleiros de Rohan” – o povo de Eórl, o Jovem – Éotheód ou Eorlingas: Homens do Norte estabelecidos no "País dos Cavalos" de Rohan, nos anos da Terceira Era do Sol de Arda*: "–Muitas foram as gerações que se sucederam desde que o paço dourado foi erguido.(...) para os Cavaleiros de Rohan esta é uma época tão remota – volveu Aragorn – que a construção do castelo apenas é recordada através das velhas canções e todo o período anterior à mesma encontra-se perdido nas brumas do passado. Agora eles consideram esta região como sendo a sua terra natal, e até mesmo o seu dialeto tornou-se irreconhecível para os seus parentes nórdicos". Aragorn começou então a cantar numa linguagem suave e lenta, inteiramente desconhecida para o Elfo e o Anão; ambos porém ouviam-na com atenção, pois que a sua melodia era muito bela. "– Esta, eu suponho, deva ser a língua dos Rohirrim, disse Legolas; – pois ela assemelha-se a esta própria região; rica de contornos suaves em certas partes, e sisuda e áspera nos recantos montanhosos. Todavia não faço qualquer idéia do que nos diz a canção, embora perceba nela toda a tristeza dos Homens Mortais.
– Seus versos, tornou Aragorn, dizem mais ou menos o seguinte na Fala Comum: (...)
– Tais versos foram escritos por um menestrel de Rohan, desde há muito esquecido, que assim recordava quão bela e esguia era a figura de Eórl, o moço, aquele que partiu um dia do Norte; seu ginete, Felaróf, tinha até mesmo asas nas patas. Assim cantam até hoje os homens quando a noite se aproxima."
[O Senhor dos Anéis – As Duas Torres, Artenova, Livro III, Cap. VI. p. 141-42]
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(*) From Vers Libre, an online archive of classic poetry.
http://www.nth-dimension.co.uk/vl/default.asp
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Poética e Linguagem na obra de J.R.R. Tolkien

"...a invenção dos idiomas é a
base de tudo. As histórias foram feitas
mais para proverem um mundo paras as
línguas do que o contrário..."

J. R. R. Tolkien

To walk in Time, perhaps, as men walk on long roads... to see the lie of old and even forgotten lands, to behold ancient men walking, and to hear their languages as they spoke them, in the days before the days, when tongues of forgotten lineage were heard in kingdoms long fallen by the shores of the Atlantic."
---- J.R.R. Tolkien: The Lost Road

[Citado de uma Entrevista com Tolkien ao jornal Sunday Times de Londres em 1967,
a versão integral pode ser lida em Dúvendor*:]

"Muita crítica em cima dos versos mostra uma completa falta de entendimento ao fato de que são versos dramáticos: eles foram concebidos como coisas que seriam ditas pelas pessoas naquelas circunstâncias". Os livros de Tolkien estão cheios de poesia; poemas sonoros, duros e melancólicos, eles podem ser extremamente afáveis ou extremamente primitivos. Donald Swann musicou seis deles (ele diz que "O Senhor dos Anéis" entrou no seu sangue e ele o relê toda primavera). Uma das músicas é inclusive cantada em élfico. Tolkien mandou instruções ao cantor de como soam as palavras, firmando muito bem o fato de ele ter que rolar os r's. Swann primeiro apresentou suas canções a Tolkien numa festa privada em março no Merton College, para celebrar as suas bodas de ouro. Depois, Tolkien curvou-se e disse: "As palavras são indignas da música". Se tivesse sido deixado por conta dele, seus livros seriam todos escritos em élfico. "A invenção da língua é a sua base - ele diz - suas estórias foram feitas mais para proverem um mundo para a língua do que o contrário. Para mim um nome vem antes e depois vem a história. Mas, é claro, uma obra como ‘O Senhor dos Anéis’ foi editada, e as línguas élficas somente permaneceram no tanto que eu achei que seria aceito pelos leitores. Mas eu acho que muitos teriam gostado de muito mais".
____________________________________________________________________________

[Da entrevista com Tolkien que foi feita pela Now Read On, da rádio inglesa BBC, em 1971*:]

Gerrolt: Isto parece ser um das grandes forças do livro, esta conglomeração enorme de nomes - a pessoa não se perde, pelo menos não depois da segunda leitura.

Tolkien: Eu estou contente por você ter comentado isso, tive muita dificuldade em escolher os nomes. Também tenho grande prazer em criar um bom nome. Sempre que escrevo começo com um nome e termino com uma história, normalmente não faço de outro modo.

Gerrolt: Dos idiomas que você conhece qual foi de maior ajuda na criação de O Senhor dos Anéis?

Tolkien: Oh Lord. . . De idiomas modernos eu deveria dizer que o galês sempre me atraiu. Por isto é o estilo que mais transparece; e também foi o primeiro que vi, [nos comboios de carvão e estações de trem da infância de Tolkien em Birmingham]. Sempre tive curiosidade em saber o que aquelas estranhas palavras significavam.

Gerrolt: Parece a mim que a música do galês entra nos nomes que você escolheu para montanhas e para lugares em geral.

Tolkien: Muito. Mas de uma influência muito mais rara, muito potente para mim, foi o idioma Finlandês.

“(...) não aprendi Galês até que fosse um estudante universitário, e encontrei nisto uma satisfação lingüístico-estética permanente. Espanhol era outra: meu tutor era meio espanhol, e no início da minha adolescência costumava pegar os livros dele escondido e tentava aprender Espanhol: o único idioma Românico que me dá o prazer particular do qual eu estou falando – não é totalmente igual à mera percepção de beleza: eu sinto a beleza de falar Italiano, ou no que diz respeito à questão de Inglês Moderno (que está muito distante do meu gosto pessoal): está mais como o apetite por uma comida necessária. Mais importante, talvez, depois do Gótico foi a descoberta na biblioteca da Faculdade Exeter de uma Gramática Finlandesa – quando eu supostamente devia estar lendo as matérias de exame dos Honour Mods. Era como descobrir uma adega repleta de garrafas de um vinho surpreendente de um tipo e sabor nunca provados antes. Embriagou-me completamente; e eu desisti da tentativa de inventar um idioma Germânico ‘desconhecido’ e o meu “próprio idioma” ou série de idiomas inventados se tornaram pesadamente inclinados para o Finlandês em padrão fonético e estrutural.” * [Carta 163 – a W. H. Auden]
___________________________________________________________________________________
(*) “There are two strands, or three. A fascination that Welsh names had for me, even if only seen on coal-trucks, from childhood is another; though people only gave me books that were incomprehensible to a child when I asked for information. I did not learn any Welsh till I was an undergraduate, and found in it an abiding linguistic-aesthetic satisfaction. Spanish was another: my guardian was half Spanish, and in my early teens I used to pinch his books and try to learn it : the only Romance language that gives me the particular pleasure of which I am speaking-it is not quite the same as the mere perception of beauty: I feel the beauty of say Italian or for that matter of modern English (which is very remote from my personal taste): it is more like the appetite for a needed food. Most important, perhaps, after Gothic was the discovery in Exeter College library, when I was supposed to be reading for Honour Mods, of a Finnish Grammar. It was like discovering a complete wine-cellar filled with bottles of an amazing wine of a kind and flavour never tasted before. It quite intoxicated me; and I gave up the attempt to invent an 'unrecorded' Germanic language, and my 'own language' - or series of invented languages - became heavily Finnicized in phonetic pattern and structure.” [Letter 163 – To W. H. Auden at 7 June 1955]
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Copyright © The Letters of J.R.R. Tolkien – Traduzido por Ana Cristina em Dúvendor..
From: http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Tolkien/Textos/Carta163_02.htm
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TOM BOMBADIL —Identidade & Natureza do Poder

Já a linguagem de Tom Bombadil (o primeiro habitante da Terra Média) – composta de versos aliterativos, pausas, rimas e canções –, segundo a opinião de Katharyn F. Crabbe in “J.R.R. Tolkien”, Breviarios N° 408, Fondo de Cultura Económica / México, 1985, p. 139-40, evoca a poesia do inglês antigo (o anglo-saxônico), para sugerir, e assim representar, o passado e a antiga herança cultural da Terra Média nos tempos antigos da Primeira Era (em oposição e contraste, com os Elfos (Eldar) que se parecem mais com o passado culto de Roma e Bizâncio; o Latim e o Koiné (o grego asiático levantino).

“No sólo las canciones de Bombadil llevan a un pasado histórico, sino que otras de sus expresiones aluden a un ayer mítico, cuando la canción era el modo de discurso natural, siendo ésta otra referencia a la edad dorada, cuando toda la humanidad y toda la naturaleza se comunicaban.”

Tom encarna uma espécie de Adán (no jardim do Éden antes da Queda). E como o Adão da tradição hebraica dava nomes: deu nomes aos pôneis dos hobbits* pelos quais eles passaram a responder pelo resto da vida! O homem num fundamento natural e teológico, como ele deveria ter sido – capaz de “cantar” tudo o que é da natureza e harmonicamente ligado a ordem cósmica e divina. Um nexo, ligação, com a Idade de Ouro do Homem antes de ele conhecer o peso do domínio e a tirania das sombras do Mal (Morgoth e Sauron).

“Su condición de hombre natural no sólo se refleja en su poder sobre Old Man Willow
y Barrow-Bright, sino también en su matrimonio con Goldberry, la hija del río, a ninfa
acuática.”

“Las canciones de Bombadil mezclam imágenes de la naturaleza con otras sin sentido.
Las líneas sin sentido, de ritmo saltarín, reflejan la felicidad sin preocupaciones de una
naturaleza inocente; pero Tom no está limitado a ese papel ingenuo, como lo demuestra
su habilidad para controlar con sus canciones a Old Man Willow”.

De acordo com James L. Roberts (em cliff notes sobre “O tema do Poder em Tolkien, (Apontamentos Europa-América: Tolkien, N° 84 /Publ. Europa-América de Lisboa, p. 76), Tom aparece na obra de Tolkien como um exemplo do uso sábio do poder; um ponto de vista alternativo (Bombadil é o único personagem que não teme nem é afetado pelos poderes do Anel ) e uma forte influência sobre Frodo - o portador do Anel - para a compreensão da verdadeira natureza e dimensão do poder:

“Tom demonstra a sua autoridade sobre o Velho Salgueiro-Homem e sobre os espectros
das antas [tumulários]. Contudo em relação ao poder em si, Tom parece ser notavelmente
indiferente. Talvez uma das observações mais significativas acerca do tema do poder seja a
que vem de Goldberry [Pingo d' Ouro], a companheira de Tom: em resposta à estranheza de
Frodo no que se relaciona às suas explicações sobre Tom Bombadil (“Ele é”, “É o que viu
que ele é”; “É o senhor da floresta, da água e do monte”; ela o chama de “Mestre”. Mas nega
que isso signifique que ele possua a terra; Goldberry diz que “as árvores, as ervas e todas as
coisas que crescem ou vivem na terra pertencem a si mesmas. Tom Bombadil é o Mestre. Nunca
ninguém surpreendeu o velho Tom a caminhar na floresta, a vadear o rio ou a saltar no cume
dos montes debaixo de luz ou de sombra. Ele não tem medo. Tom Bombadil é o Mestre.”
[Tolkien, O Senhor dos Anéis–I: A Irmandade do Anel, Europa-América, 2ed., Livro I, cap. VII:
“Em casa de Tom Bombadil”, p. 145] A afirmação de que o domínio de Tom não consiste nem
em controlar outra vida nem em ter medo de qualquer outra criatura significa que quem não
desejar dominar nem tema o domínio de outrem não tem necessidade de poder”.

Uma perspectiva extrínseca (externa) à obra pode apontar um caminho para a maior compreensão da ‘adâmica’ presença de Tom Bombadil na Terra-Média.

Levantando indícios para erguer o véu deste mistério , lembramos dos laços de amizade que envolveram os ‘Inklings’ (C.S. Lewis d’As Crônicas de Nárnia’, em particular) na história da criação do “Senhor dos Anéis”: O tributo de amizade de Lewis a Tolkien foi escrito e publicado em 1945, assim que terminado -- sem maiores revisões do autor (como de costume, para a eterna exasperação de Tolkien que – anos depois – irá ‘despistar”, declarando-se descontente com o “empréstimo não-autorizado” de Lewis (!) É um registro 'aberto e não modificado' pela passagem dos anos e pode ser lido e apreciado nas múltiplas e explícitas referências tolkienianas, de nomes e coisas da Terra-média, que estão no terceiro volume da trilogia do “filólogo Elwin Ranson” (trilogia formada por “Além do Planeta Silencioso”, “Perelandra” e “Aquela Força Medonha”*, na tradução portuguesa da Coleção Ficção Científica de Bolso Europa-América/Lisboa: números 185 e 186).
__
(*)’That Hideous Strength’ (subtitled "A Modern Fairy-Tale for Grown-Ups") is a 1945 novel by C. S. Lewis, the final book in Lewis's theological science fiction Space Trilogy. The events of this novel follow those of Out of the Silent Planet and Perelandra (a.k.a. Voyage to Venus), in: http://en.wikipedia.org/wiki/That_Hideous_Strength
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Como eram os encontros e as reuniões periódicas dos “Inklings”? Em hospedarias, pubs e tabernas, eles organizavam saraus e oficinas literárias particulares: Lá Tolkien e Lewis apresentaram e corrigiram os seus manuscritos que eram lidos e declamados em voz alta para uma atenta e divertida roda de amigos e camaradas: a fellowship dos Inklings de Oxford. Lá foram ouvidas e criticadas as Crônicas de Nárnia (Tolkien, zeloso e perfeccionista crítico das obras do amigo Jack (Lewis), como era das suas, não gostava delas) e desenrolou-se pela primeira vez, à medida que se escrevia e ganhava corpo, a saga d’O Senhor dos Anéis’: O Novo Hobbit*, como Tolkien chamava em 1937, o início da história na criação da epopéia da Guerra do Anel; uma epopéia concluída e representada do início ao fim em 1944 nas reuniões dos Inklings, mas Tolkien só iria liberar uma versão final do manuscrito (para publicação) dez anos depois em 1954(!) após incessantes modificações e revisionismos...
___________
(*) Hobbits: Banakil e Kûd-Dûkan, “os moradores de buracos”. Um povo mediano dos Halflings ou Periannath na língua dos elfos cinzentos. Aparentados com os Homens, escavavam buracos e viviam neles; menores que os anões e com uma esperança de vida que girava em torno dos cem anos.

Seasons – A Canção de Fangorn, o Ent *

JRR Tolkien (1892 – 1973)
From: The Lord of the Rings – Part II (1955)
– The Two Towers, Book Three, ch. IV.

In the willow-meads of Tasarinan I walked in the Spring.
Ah! The sight and smell of the Spring in Nantasarion!
And I said that was good.
I wandered in Summer in the elm-woods of Ossiriand.
Ah! The light and the music in the Summer by the Seven Rivers of Ossir!
And I thought that was best.
To the beeches of Neldoreth I came in the Autumn.
Ah! The gold and red and the sighing of leaves in the Autumn in Taur-na-neldor!
It was more than my desire.
To the pine-trees upon the highland of Dorthonion I climbed in Winter.
Ah! The wind and the whiteness and the black branches of Winter upon Orod-na-Thôn!
My voice went up and sang in the sky.
And now all those lands lie under the wave,
And I walk in Ambarona, in Tauremorna, in Aldalómë,
In my own land, in the country of Fangorn,
Where the roots are long,
And the years lie thicker than leaves
In Tauremornalómë.

Pelos prados de salgueiros de Tasarinam caminhei na Primavera.
Ah! a paisagem e o cheiro da Primavera em Nan-tasarion!
E eu disse que era bom.
Eu vaguei no Verão pelos bosques de olmos de Ossiriand,
Ah! a luz e a música no Verão ao longo dos Sete Rios de Ossir!
E eu pensei que era melhor.
As faias de Neldoreth visitei no Outono
Ah! o ouro e o vermelho e o suspiro das folhas do Outono em Taur-na-neldor!
Era mais do que eu desejava.
Até os pinheiros da planície de Dorthonion galguei no Inverno.
Ah! o vento e a brancura e os galhos negros do Inverno em Orod-na-Thôn!
Minha voz se soltou e cantou no céu.
E agora aquelas terras jazem todas sobre as águas,
E eu caminho em Ambaróna, em Tauremorna, em Aldalómë,
Na minha própria terra, no território de Fangorn,
Onde as raízes são longas,
E os anos jazem mais densos do que as folhas
Em Tauremornalómë.
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(*) From Vers Libre, an on line archive of classic poetry.
http://www.nth-dimension.co.uk/vl/default.asp
http://www.nth-dimension.co.uk/vl/poem.asp?id=645
(*)Tradução de Lenita Mª Rímoli Esteves e Almiro Pisetta (O Senhor dos Anéis – Segunda Parte: As Duas Torres, 2ªed, São Paulo: Liv. Martins Fontes, 2000. Livro III, cap. IV. p. 66.)
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(*) ENTS: na Terra-Média de Tolkien, os Ents (“Enyd Onodrim”), são os antigos “pastores de árvores”, criaturas velhíssimas que caminham nas florestas desde antes do surgimento da Humanidade. Ent era a forma do seu nome em Rohirric, o idioma humano dos Eorlings, os Senhores dos Cavalos de Rohan. Fangorn é o mais velho dos Ents. "Todos viraram-se então para Gandalf com um espanto ainda maior. Alguns olharam desconfiados para o bosque e passaram a mão pela testa como se julgassem estar vendo coisas. Gandalf deu boas gargalhadas; – As árvores? disse então. – Oh, não! Posso ver o bosque tão bem quanto vocês! Porém, não se trata de um feito meu. Isto foge inteiramente à minha alçada. Trata-se de um evento que supera os meus planos e até mesmo as minhas expectativas.
– Então se não é sua, de quem é esta magia? indagou Theóden. – Não seria de Saruman, evidentemente. Haverá algum outro sábio ainda mais poderoso, cuja existência ignoramos?
– Não se trata de magia, mas de um poder muito mais antigo, asseverou Gandalf:
– um poder que já existia muito antes do elfo cantar e do malho repicar.

Antes que a lâmina fosse forjada
E a primeira árvore derrubada;
Quando as montanhas eram novas
E o anel não fôra ainda lavrado,
Este poder já havia vingado.

– E qual seria a resposta para esta sua charada? perguntou Theóden.
– Quando a souberem, será melhor que venham comigo para Isengard, respondeu Gandalf." (1)

"It is not wizardry, but a power far older,' said Gandalf:
'a power that walked the earth, ere elf sang or hammer rang.

Ere iron was found or tree was hewn,
When young was mountain under moon;
Ere ring was made, or wrought was woe,
It walked the forests long ago.'

'And what may be the answer to your riddle?' said Théoden.
'If you would learn that, you should come with me to Isengard ' answered Gandalf.
[ J.R.R. Tolkien, The Lord of the Rings – Part II, The Two Towers, Book Three, 1955. ch. VIII ]

"– Não se trata de feitiçaria e, sim, de uma força muito mais antiga – respondeu Gandalf.
– de uma força que caminhou na terra antes de elfo cantar ou martelo vibrar:

Antes de descoberto o ferro ou derrubada a árvore,
Quando jovem era a montanha sob a Lua;
Antes de feito o anel ou forjada a dor,
Percorreu as florestas, há muito tempo.

– E qual é a resposta à tua charada? – perguntou Theóden.
– Se a quiseres saber, terás de me acompanhar a Isengard – volveu-lhe Gandalf. (...)
– E que veremos, quando lá chegarmos? – perguntou Gimli. – Gandalf pode saber, mas eu não posso imaginar.
– Eu próprio também não tenho a certeza – respondeu o feiticeiro. – Estive lá ontem ao cair da noite, mas podem ter acontecido muitas coisas entretanto. No entanto, creio que não dirás que a viagem foi em vão – ainda que as Cintilantes Grutas de Aglarond fiquem para trás.
A companhia deixou, finalmente, as árvores e verificou que desembocara no fundo do vale, onde a estrada do Abismo do Elmo [Helm's Deep] bifurcava, seguindo um ramo para leste, para Edoras, e o outro para norte, para os vaus do Isen. Quando desembocaram da floresta, Legolas parou e olhou para trás com mágoa. De súbito, soltou um grito:
– Há olhos! Há olhos a olhar das sombras dos ramos! Nunca vi uns olhos assim.
Os outros, surpreendidos pelo seu grito, pararam e viraram-se. Mas Legolas fez menção de retroceder.
– Não, não! – gritou Gimli. – Faz o que te apetecer na tua loucura, mas primeiro deixa-me descer deste cavalo! Não quero ver olhos nenhuns!
– Fica, Legolas [Greenleaf], Folha Verde! – ordenou Gandalf.
– Não voltes à floresta, agora. Não é ainda altura de o fazeres.
Enquanto ele falava, saíram do meio das árvores três estranhos vultos. Altos como trolls, com uns 3,5 m. de altura ou mais [twelve feet or more in height], os seus corpos fortes, robustos como árvores jovens, pareciam revestidos de um vestuário ou talvez de uma espécie de couro, justo, cinzento e castanho. Tinham membros compridos e mãos com muitos dedos, cabelo espetado e barba verde-acinzentada, como musgo. Olhavam com olhos solenes, mas não para os cavaleiros: os seus olhos estavam virados para norte. De súbito, levaram as compridas mãos à boca e emitiram sons vibrantes, claros como as notas de uma trompa, mas mais musicais e variados. Os chamamentos obtiveram resposta. Os cavaleiros viraram-se de novo e viram aproximar-se, em grandes passadas sobre a erva, outras criaturas da mesma espécie. Vinham velozmente do Norte, com um andar que lembrava o das garças, no movimento, mas não na velocidade, pois as suas pernas moviam-se mais rapidamente do que as asas das garças. Os cavaleiros soltaram exclamações de assombro e alguns levaram a mão à espada.
– Não são precisas armas – disse-lhes Gandalf. – São apenas pastores e não inimigos. Na realidade, não estão nada interessados em nós.
Assim parecia, de facto, pois, enquanto ele falava, as altas criaturas entraram na floresta e desapareceram, sem olharem, sequer, para os cavaleiros.
– Pastores! – exclamou Theóden. – Onde estão os seus rebanhos? Que são eles, Gandalf? É evidente que para ti, pelo menos, não são estranhos.
– São os pastores das árvores – respondeu o feiticeiro. – Há quanto tempo não ouves histórias, à lareira? Há crianças na tua terra que, através dos fios emaranhados das lendas, encontrariam a resposta para a tua pergunta. Acabas de ver ents, ó rei, ents da Floresta de Fangorn, à qual, na tua língua, chamam Floresta dos Ents. Imaginavas que o nome lhe fora dado, apenas, por ociosa fantasia? Não, Theóden, não é assim: para eles, tu és apenas a história passageira; todos os anos decorridos de Eórl, o Jovem, a Theóden, o Velho, pouco contam para eles e todos os feitos da tua casa não passam de insignificâncias.
O rei ficou calado.
– Ents! – exclamou, por fim. – Creio que, através das sombras da lenda, começo a compreender um pouco a maravilha das árvores. Vivi para ver estranhas coisas. Há muito tempo que tratamos dos nossos animais e amanhamos os nossos campos, construímos as nossas casas, fazemos as nossas ferramentas ou montamos a cavalo para dar uma ajuda nas guerras de Minas Tirith. E a isso chamamos a vida dos Homens,[a ordem natural], as coisas do mundo. Temo-nos importado pouco com o que fica para além das fronteiras da nossa terra. Temos canções que falam delas, mas vamo-las esquecendo, ensinamo-las só às crianças, despreocupadamente, por hábito. E agora as canções desceram até nós vindas de estranhos lugares e caminharam, visíveis, debaixo do Sol.
– Deverias sentir-te grato, Theóden, Rei – declarou Gandalf. – Não é só a pequena vida dos homens que está, agora, em perigo, mas também a vida daquelas coisas que tens considerado pertencerem a lendas. Não estás sem aliados, apesar de os não conheceres.
– No entanto, também deveria sentir-me triste – redarguiu Theóden. – Seja qual for a sorte da guerra, não é possível que acabe de tal maneira que muito do que era belo e maravilhoso desapareça para sempre da Terra Média?
– É possível, sim – concordou Gandalf. – O mal de Sauron [O Senhor das Trevas que forjou anéis de poder para escravizar o mundo] não poderá ser inteiramente curado, nem encarado como se não tivesse existido. Mas estamos condenados a esses dias. Recomecemos a viagem que iniciamos!" (2)
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(1)Tradução de Luiz Alberto Monjardim (O Senhor dos Anéis – As Duas Torres, Rio de Janeiro: Artenova, 1974-75. Livro III, cap. VIII. p.190.
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(2)Tradução portuguesa de Fernanda Pinto Rodrigues (O Senhor dos Anéis-II: As Duas Torres, 2ªed, Lisboa: Publicações Europa-América, [1980-1990], Livro III, cap. VIII. p.155 e 160-61.
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Da entrevista com Tolkien que foi feita pela Now Read On, da rádio inglesa BBC, em 1971*:

Gerrolt: Frodo aceita o fardo do Anel e ele encarna como grande caráter às virtudes de longo sofrimento e perseverança. Pelas ações dele a pessoa poderia dizer que existe quase um senso budista. Ele se torna quase um Cristo na realidade figurada de O Senhor dos Anéis. Por que você escolheu um Hobbit para este papel?

Tolkien: Eu não fiz muitas escolhas quando escrevi a história... tudo que eu estava fazendo era tentar escrever uma continuação do ponto onde terminou O Hobbit. Eu escolhi por que já estavam em minhas mãos, às vezes acho que foi muito mais uma escolha deles do que minha.

“Tome os Ents como exemplo. Eu não os inventei conscientemente de jeito nenhum. O capítulo chamado ‘Barbárvore [Treebeard]’, da primeira menção de Barbárvore [Fangorn] na pág. 66, foi escrito mais ou menos como está, com um efeito em mim mesmo (exceto pelo esforço) quase como se estivesse lendo o trabalho de outro. E eu gosto de Ents agora porque eles parecem não ter qualquer coisa a ver comigo. Eu me arrisco a dizer que algo tinha continuado no 'inconsciente' durante algum tempo, e isso responde por meu sentimento no decorrer, especialmente quando salientado, que eu não estava inventando, mas informando (imperfeitamente) e tive que esperar em certas ocasiões até que 'o que realmente acontecesse' se realizasse. Mas olhando para trás analiticamente eu deveria dizer que Ents são compostos de filologia, literatura, e vida. Eles devem o seu nome ao eald enta do Anglo-Saxão*. Seu panorama na história é devido, eu penso que, à minha amarga decepção e desgosto dos tempos de escola com o uso gasto [fraco] feito em Shakespeare da vinda da ‘Grande Floresta de Birman até a alta colina [do Castelo] de Dunsinan’ [Macbeth (1605)]. Desejei inventar uma composição na qual as árvores poderiam realmente marchar para a guerra. E nisto restou apenas uma mera parte de experiência, a diferença da atitude do 'macho' e 'fêmea' para coisas selvagens, a diferença entre amor não possessivo e jardinagem.”*
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From: Dúvendor - Copyright © The Letters of J.R.R. Tolkien - Traduzido por Ana Cristina.
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Tolkien/Textos/Carta163_04.htm
(*) “The Ents seem to have been a success generally (...) As usually with me they grew rather out of their name, than the other way about. I always felt that something ought to be done about the peculiar Anglo-Saxon word ent for a ‘giant’ or mighty person of long ago - to whom all old works were ascribed. If it had a slightly philosophical tone (though in ordinary philology it is 'quite unconnected with any present participle of the verb to be') that also interested me.” - Letter 157 to Katherine Farrer at 27 November 1954.
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(*) O decepcionante anti-clímax shakespeariano mencionado por Tolkien se encontra em Macbeth de William Shakespeare, Ato V, Cena IV, V e VI.

Vamos ouvir a profecia nefasta e azíaga da marcha da Floresta até Dunsinan que está no Ato IV, Cena I
de Macbeth; Escócia, no antro das bruxas, o caldeirão já ferve em uma noite tempestuosa. . .

“PRIMEIRA BRUXA: Três vezes miou o gato.
SEGUNDA BRUXA: Três vezes se lamentou o ouriço.
TERCEIRA BRUXA: A harpia deu sinal para começar o feitiço.
PRIMEIRA BRUXA: Giremos o caldeirão e deitemos dentro dele as hediondas entranhas do sapo que dormia nas frias pedras, e que durante um mês esteve a destilar o seu veneno.
TODAS AS BRUXAS: Aumente o trabalho, cresça a obra, ferva o caldeirão.
TERCEIRA BRUXA: Lancemos nele a pele da víbora e a do morcego amigo das trevas, a língua do cão, o dardo do escorpião, olhos de lagarto, músculos de rã, asas de coruja . . . Que tudo isto ferva obedecendo sempre ao infernal conjuro.
(...)
MACBETH: Misteriosas e astutas feiticeiras, em que vos ocupais?
AS BRUXAS: Num maravilhoso conjuro.
MACBETH: Em nome da vossa ciência vos conjuro. Ainda que a tempestade se desencadeie contra os templos, que o mar quebre as barreiras e inunde a terra, que o ciclone arranque as espigas pela raiz, e derrube palácios e torres, ainda que todo o mundo pereça e se confunda, respondam às minhas perguntas.
PRIMEIRA BRUXA: Fala!
SEGUNDA BRUXA: Pergunta-nos!
TERCEIRA BRUXA: A tudo responderemos!
PRIMEIRA BRUXA: Queres que nós falemos, ou que te respondam os gênios, nossos amos?
MACBETH: Invoquem os gênios para que eu os veja.
PRIMEIRA BRUXA: Deitem o sangue do porco; avivem a chama com suor vertido no patíbulo.
AS BRUXAS: Acuda à nossa voz e mostra a tua arte.
(No meio da tempestade, aparece uma sombra armada, com capacete.)
MACBETH: Responde-me, misterioso gênio.
PRIMEIRA BRUXA: Ele adivinhará o teu pensamento. Escuta-o e não lhe fales.
A SOMBRA: Teme Macduff, receia Macduff. . . Adeus . . . Deixa-me.
MACBETH: Não sei quem és, mas seguirei o teu conselho porque soubeste tocar a corda do meu receio. Escuta outra pergunta.
PRIMEIRA BRUXA: Não te responderá, mas vem agora outra sombra.
(Aparece a sombra de uma criança toda coberta de sangue.)
A SOMBRA: Macbeth, Macbeth, Macbeth.
MACBETH: Aplico três ouvidos para te escutar.
A SOMBRA: Se és cruel, implacável e sem entranhas, nenhum dos humanos te poderá vencer.
MACBETH: Então porque razão hei de temer Macduff?. . . Pode viver em segurança . . . mas não . . . é melhor que pereça para eu ter este novo dom contra o destino. . . Não o deixarei viver, desmentirei assim os espectros fingidos do medo, e dormirei entre o rolar dos trovões.
(Surge a sombra de uma criança com uma coroa, e um ramo de árvore na mão.)
Quem é esse menino que cinge com altivez uma coroa real?
BRUXAS: Escuta-o em silêncio.
A SOMBRA: Sê forte como o leão; que nunca desanime a tua audácia; não cedas ante os inimigos. Serás invencível até que avance contra ti a selva de Birman e cubra Dunsinan com os seus ramos.
MACBETH: Isso é impossível! Quem pode mover do seu lugar as árvores, e pô-las a caminho? São favoráveis os pressságios. Rebelião, não levantes a cabeça até que se mova a floresta de Birman! Já estou livre de todo o perigo que não seja o de, no dia próprio, pagar a dívida que todos temos com a morte.”
[SHAKESPEARE, William. Macbeth, Rio de Janeiro: Otto Pierre Editores, 1979. p. 275-280.]

Sobre o Entish – A Língua dos Ents de Fangorn

Os Ents originalmente não tinham uma língua, mas em contato com os Elfos (Quendi) eles adotaram a idéia de se comunicar com sons: “– Eles sempre queriam falar com tudo, os velhos Elfos”, lembra Fangorn, o Barbárvore (Treebeard) .
[O Senhor dos Anéis– II, As Duas Torres: Livro I, Cap. IV]

Os Ents amavam o Quenya, mas também desenvolveram sua própria linguagem, provavelmente a mais peculiar de todas as línguas de Arda. Tolkien a descreve como uma língua diferente de todas as outras "lenta, sonora, aglomerada, repetitiva, realmente prolixa; formada de uma multiplicidade de matizes e tonalidades vocálicas; distinções de tons e quantidade que nem os próprios mestres de sabedoria e tradição dos Elfos tentaram representar por escrito" (O Senhor dos Anéis – III, Apêndice F). Usavam-na apenas entre si, pois ninguém mais era capaz de reproduzi-la. Os próprios Ents eram versados em línguas, aprendendo-as rapidamente sem jamais as esquecer, mas preferiam os idiomas dos Eldar, dos quais apreciavam sobretudo o Alto-élfico.*

Os Ents eram aparentemente capazes de distinguir entre pequenas variações de qualidade e quantidade e usavam tais distinções foneticamente. Muitos fonemas distintos dos Ents soariam como um mesmo som para homens, e mesmo para Elfos. Parece que o Entês também empregava diferentes tons, talvez como o Chinês, na qual uma simples palavra como "ma" pode ter um de quatro significados (variando de "mãe" até "cavalo") – e para os chineses todas elas soam diferentes, devido à vogal "a" pronunciada com um tom distinto em cada caso. O Entês pode ter empregado muito mais tons do que apenas quatro.

Tolkien descreve o Entês como "aglomerado" e "prolixo". Isto se deve ao fato de que cada "palavra" é bastante longa e uma descrição bastante detalhada da coisa em questão. Fangorn (Barbárvore) fala [para os hobbits] que seu próprio nome em entês estava “crescendo o tempo todo, e Eu tenho vivido há muito, muito tempo; então meu nome é como uma história. Nomes reais contam a história das coisas a quem pertencem, na minha língua, no Velho Entês, como vocês poderiam dizer”.

Em alguns poucos casos, Barbárvore também utilizou elementos do Quenya e uniu-os como fazia em sua própria língua, como laurelindórenan lindelorendor malinornélion ornemalin. Em Letters:308, Tolkien explica que "os elementos são are laure, ouro, não o metal, mas a cor, o que poderíamos chamar de luz dourada; ndor, nor, terra, país; lin, lind-, um som musical; malina, amarelo; orne, árvore; lor, sonho; nan, nad- vale. Então ele aproximadamente diz: "O vale onde as árvores em luzes douradas cantam musicalmente, uma terra de música e sonhos; existem árvores amarelas lá, é uma terra de árvores amarelas'". Outro exemplo do mesmo tipo é Taurelilómëa-tumbalemorna Tumbaletaurëa Lómeanor, que Tolkien traduz como “Florestamuitassombras-profundovaleescuro Profundovaledeflorestas Terratriste”. Por isto, Bárbarvore quer dizer, “aproximadamente”, que existe uma sombra escura nos vales profundos da floresta (O Senhor dos Anéis–III, Apêndice F). *
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(*) “Ents were, however, themselves skilled in tongues, learning them swiftly and never forgetting them. But they preferred the languages of the Eldar, and loved best the ancient High-elven tongue. The strange words and names that the Hobbits record as used by Treebeard and other Ents are thus Elvish, or fragments of Elf-speech strung together in Ent-fashion. Some are Quenya: as _Taurelilómëa-tumbalemorna Tumbaletaerëa Lómëanor, _which may be rendered 'Forestmanyshadowed-deepvalleyblack Deepvalleyforested Gloomyland', and by which Treebeard meant, more or less: 'there is a black shadow in the deep dales of the forest'. Some are Sindarin: as _Fangorn_ 'beard-(of)-tree', or _Fimbrethil_ 'slender-beech'.” [THE LORD OF THE RINGS-III, APPENDIX F – Part I: THE LANGUAGES AND PEOPLES OF THE THIRD AGE – OF ENTS]
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Estes exemplos nos dão um vislumbre da sintaxe excessivamente complexa e repetitiva do Entês. O comentário "aproximadamente" é certamente justificado. No sentido mais exato, Entês é provavelmente impossível de ser reproduzido em quaisquer linguagens humanas. Uma "tradução" pode ser apenas uma sinopse bastante breve e incompleta do relato original. Jim Allan especula: “A fala em Entês, se pudesse ser compreendida por ouvidos humanos, seria talvez como uma espécie de poesia muito envolvente e loquaz. Existiriam repetições sobre repetições, com pequenas variações. Se tivesse algo que pudéssemos chamar de sentença, esta prosseguiria numa espécie de padrão espiral, girando no ponto principal, e então girando novamente, tocando tudo ao longo do caminho do que já havia sido dito e do que ainda será dito.” (An Introduction to Elvish p. 176).

Possuindo este conhecimento podemos entender melhor a definição de Barbárvore, do Entês: “É uma linguagem adorável, mas leva muito tempo para se dizer qualquer coisa nela, porque [nós, Ents] não dizemos nada nela a não ser que valha a pena gastar um longo tempo para dizer e para escutar”. Mas parece que os Ents não se comunicavam sempre em “diálogos” com cada um falando a seu tempo. Durante o Entebate, “os Ents começaram a murmurar lentamente: primeiro um se juntou, depois outro, até que todos estavam cantando juntos num longo crescente e descendente ritmo, ora mais alto em um lado do círculo, ora diminuindo e crescendo até um grande bum do outro lado”. Evidentemente o debate foi uma longa e pulsante sinfonia de muitas opiniões sendo expressas simultaneamente, lentamente unindo-se em uma conclusão. Isto pode explicar porque não demorou uma eternidade para o Entebate decidir um curso de ação. [O Senhor dos Anéis– II, As Duas Torres: Livro I, Cap. IV]

Apesar de tudo, é obvio que esta não é uma linguagem para seres com a nossa percepção do Tempo*. Estranhezas como estas são o que se poderia esperar quando se lida com a linguagem de árvores que caminham.
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Copyright © Ardalambion - Of the Tongues of Arda, the invented world of J.R.R. Tolkien
http://www.uib.no/people/hnohf/
Confira a versão integral do artigo traduzido por Mithrandir de Dúvendor em:
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Idiomas/Entish/Idiomas_Entish_1.htm
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(*) Sobre a “Contagem do Tempo e o Registro dos Anos em Arda”,
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Tempo/Tempo_Contagem.htm
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Tempo/Tempo%20Menu.htm
“Não se sabe exatamente qual é a idade de Arda. No momento de sua criação por Eru Ilúvatar Arda foi mostrada aos Ainur como um mundo esférico flutuando no vazio. Por longos minutos os Ainur se maravilharam com esse novo mundo e alguns acabaram por descer a ele.

Bem... não se tem nenhum registro da medida do tempo nos Salões Eternos, e, portanto não se sabe por quanto tempo Arda permaneceu desabitada. Mesmo depois da chegada dos Ainur medir o tempo é difícil uma vez que Arda era completamente escura não existindo o sol e a lua. Muitas Eras depois, os Valar criaram as Duas Lâmpadas chamadas Illuin e Ormal. Mas apesar de existir a luz ainda não havia um por do sol para medir a duração do dia. Tolkien fornece a medida cronológica em Anos dos Valar e Eras dos Valar. Cada Ano dos Valar equivalem a dez anos como nós os conhecemos, e cada Era dos Valar possui cem Anos dos Valar. E como uma Era dos Valar engloba cem Anos dos Valar, ela corresponde a mil anos dos mortais.

Embora existam muitos sistemas concorrentes e variações nos eventos e datas nos vários registros de Tolkien, existe consistência suficiente para estimar que entre a criação de Arda e o final da Terceira Era do Sol (pouco depois da Guerra do Anel) existem 37 Eras dos Valar, ou mais exatamente 37.063 anos dos mortais. Eras mais tarde, quando os Valar estavam no continente de Aman foi possível medir a duração dos dias de forma precisa. Isso ocorreu com a criação das Duas Árvores, Laurelin a Dourada, e Telperion a Branca. Este foi o início da contagem do tempo em Eras de Valinor.

Estas Árvores irradiavam uma luz que era como a prata e o ouro. E o inicio e o fim do brilhar mais forte de cada uma delas marcava o início e o fim do dia. Ainda muitas Eras se passaram depois da criação e do fim das Árvores quando foram criados o Sol e a Lua. Segundo as antigas histórias, o Sol foi criado a partir de um fruto de ouro de Laurelin, e a Lua por uma flor da prata de Telperion. E assim Arda teve um modo definitivo de marcar seus dias e o tempo decorrido neles.

O sistema de contagem de tempo dos homens só foi plenamente adotado após o fim da Guerra do Anel. Pelos Anais de Valinor é certo supor que se passaram quase 38 mil anos dos mortais desde a chegada dos Valar até o fim da presença dos Elfos em Arda. Quando o último dos poderes saiu das esferas do mundo ele se dobrou sobre sí mesmo, e o mundo começou a girar em torno do sol... assim teve início a contagem do tempo em medidas dos mortais.”
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[Da entrevista com Tolkien que foi feita pela Now Read On, da rádio inglesa BBC, em 1971*]

Gerrolt: Você pretendeu em O Senhor dos Anéis que certas raças deveriam encarnar certos princípios: a sabedoria de Elfos, a habilidade de Anões, a força dos Homens; e assim sucessivamente?

Tolkien: Eu não pretendi isto, mas quando você tem estas pessoas em suas mãos você tem que os fazer diferentes. Bem claro que como sabemos no final das contas todos nós conseguimos que a humanidade desse certo, e é só o barro primordial que nós temos. Nós devemos tudo – ou pelo menos uma parte grande da raça humana – ao trabalho de diferentes pessoas com diferentes habilidades. Eu gostaria de ter uma capacidade mental maior para poder criar arte mais elevada, assim o tempo entre a concepção e a execução seria encurtado... deveríamos ter e desfrutar de tempos mais longos, onde mais poderia ser feito e criado. É por isso que, de certo modo, os Elfos são imortais. Quando eu usei o conceito de imortalidade, eu não quis dizer que eles eram eternamente imortais, somente que eles são “provavelmente imortais” e que sua longevidade tem seu contato direto com a habitabilidade da terra. (...)
Os Anões é claro são bastante óbvios – você não diria que em muitas formas eles o fazem lembrar dos judeus? As palavras deles são obviamente semíticas, construídas para ser semíticas. Hobbits são pessoas inglesas rústicas feitas pequenas em tamanho porque refletem (em geral) o alcance pequeno da sua imaginação – não o alcance pequeno da coragem ou poder oculto.

“Eu sou na verdade um Hobbit em tudo menos no tamanho. Gosto de jardins, árvores, terras sem a confusão das cidades, onde possa fumar um cachimbo. E gosto muito de comida... Inclusive passei a usar golas ornamentais, procurar cogumelos silvestres, e a rir de coisas simples... Durmo tarde e acordo tarde, quando possível.”

Gerrolt: Eu pensei que metaforicamente Midgard poderia ser a Terra Média ou poderia ter alguma conexão ?

Tolkien: Oh, sim, elas são a mesma coisa. A maioria das pessoas comete este engano de pensar na Terra Média como um tipo particular de Terra de outro planeta ou do tipo de ficção científica, mas é apenas um antigo nome para este mundo onde nós vivemos cercados pelo mar.

Gerrolt: Parecia para mim que a Terra Média era decerto como este mesmo mundo, mas em uma era diferente.

Tolkien: Não... mas em uma fase diferente de imaginação, sim.
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(*)Fonte para a versão integral dos textos em português:
Uma tradução de Mithrandir, Yavannildi e Ana Cristina.
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Dowloads/Tolkien/Tolkien%20BBC.ra
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Tolkien/Tolkien_Interview_2_2.htm
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Tolkien/Tolkien_Interview.htm
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Tolkien/Textos/Carta163_02.htm
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Tolkien/Textos/Carta163_04.htm
http://www.casadoselfos.hpg.ig.com.br/entrevista.htm
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O Khuzdûl – A Língua Secreta dos Anões

No segundo capítulo d’O Silmarillion* ficamos sabendo que, tão logo Mahal (o Aratar Aulë em khuzdûl, o Grande Vala que era mestre dos Ofícios e das Artes e o “ferreiro” dentre os Poderes de Arda) criou e deu forma aos “Sete Pais dos Anões”, ele “começou a instruir os anões na língua que havia concebido e dado para eles”. O seu nome na própria língua era Khuzdûl, que é simplesmente “dos Anões” (Dwarvish, de Dwarves, anões), pois os anões chamam a si próprios Khazâd (o singular poderia ser Khuzd).

Após o despertar dos Anões, nos tempos antigos da Primeira Era*, o khuzdûl foi-se modificando (assim como todas as línguas e todas as coisas em Arda), e divergiu nas suas diversas casas, que eram muito separadas, assim como os anões se espalhavam, circulando por toda a Terra Média. Mas essas mudanças era tão lentas e a divergência tão pequena que, mesmo na Terceira Era, a conversa dos anões em sua própria língua era fácil.

Os mestres élficos da ciência e da tradição que estudaram os Naugrim (nome dos Anões em Sindarin) diziam que a mudança no khuzdûl, se comparada com as da língua dos elfos (e, ainda mais, com as das dos homens) eram “como a erosão de duras rochas frente ao derretimento da neve”. Em contraste, a linguagem gestual que os anões conceberam para eles mesmos, chamada Iglishmêk, foi muito mais mutável e variada.

Mesmo que alguém realmente quisesse aprender o khuzdûl, os próprios anões eram relutantes em ensiná-lo. Sua língua era “um segredo que eles não revelavam voluntariamente, nem aos amigos” (O Senhor dos Anéis, Apêndice F). Uma teoria é que eles sentiam que o khuzdûl pertencia exclusivamente à sua própria raça, um legado de Aulë para os Khazâd, e que ninguém mais tinha o direito de entendê-la. Quando queriam comunicar-se com outras raças, usualmente para comércio, eles preferiam aprender a língua dos outros, ao invés de ensinar a eles o khuzdûl – ainda que a outra parte estivesse disposta a aprender.

Antigas histórias contavam que, em Valinor, Aulë tinha se afeiçoado a Fëanor e lhe ensinado o idioma secreto dos Anões, mas Fëanor nunca foi visto se expressando em Khuzdûl, por isso esses “boatos” continuam apenas como lendas. Dos poucos elfos que se interessaram pelo Khuzdûl o maior foi Curufin*, sendo também o único dos Senhores Noldor a ganhar a amizade dos Naugrim. Foi dele que os antigos mestres de tradição obtiveram seus parcos conhecimentos do Khuzdûl, e pelo menos uma palavra deste idioma foi utilizada em Sindarin: "kheled" que significa "copo". No Quenya a palavra "Khazâd" foi adaptada para "Casar", e no Sindarin como Hadhod [os anões foram chamados Hadhodrim]. Reciprocamente os anões podem ter pêgo do Sindarin a palavra "kibil" que significa "prata" e pode ter sido descoberta com a ajuda dos elfos cinzentos.
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(*)Em uma grande mansão abaixo das montanhas da Terra Média, Aulë, o ferreiro dos Valar, dá forma aos "Sete Pais" dos Anões. N'O Silmarillion, conta-se que Aulë conhecia a grande maldade de Melkor por isso fez os anões fortes e resistentes, imunes ao frio e ao calor e mais robustos e compactos que as raças que iriam surgir depois deles. Os anões foram feitos tenazes e indomáveis, persistentes no esforço e no trabalho. Eram valentes em combate e sua vontade e orgulho não se podiam dobrar. Mediam de 1,20 a 1,50m. e viviam por cerca de 250 anos. Aulë criou secretamente os Anões e pensou que os ocultava do conhecimento de Eru Ilúvatar e dos outros Valar. Ilúvatar sabia dos feitos de Aulë e os julgou um ato sem malícia por isso "santificou" a vida dos Anões, abençoando-os. Porém não permitiu que esta raça aparecesse na Terra Média antes dos seus filhos primogênitos, os Elfos.
(*) Curufin: o quinto filho de Fëanor, chamado de o Habilidoso (the Crafty), que foi o pai de Celebrimbor ‘Hand of Silver’ – ferreiro-élfico de Eregion que na Segunda Era forjou os Três Grandes Anéis dos Elfos. [TOLKIEN, J. R. R. O Silmarillion: organizado por Christopher Tolkien, São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 409. (Tradução de Waldéa Barcellos)
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Os Elfos da Terra Média nunca se interessaram muito pelos Anões e nem pensaram am aprender o Khuzdûl, sendo assim não podiam entender nem uma única palavra da língua dos Naugrim [os Anões]. Para os ouvidos dos elfos esse idioma era áspero e duro, sem qualidade musical e seco como o vento do deserto. É claro que isso não é totalmente verdadeiro, mas sem dúvida o Khuzdûl era menos belo e elaborado que o Quenya ou o Sindarin.

Apenas duas ou três vezes, em todas as longas eras da Terra-média, os anões se dispuseram a ensinar sua língua a pessoas de raças estranhas. Na Primeira Era, quando a Casa de Hador (Edain, uma das linhagens ancestrais de Númenor) chegou a Beleriand, do leste, encontraram os anões Barbas-Longas (longbeards) e uma amizade especial nasceu entre as duas raças, porque os homens, sendo cavaleiros habilidosos, podiam oferecer aos anões alguma proteção contra os orcs. Então, os anões realmente “não se mostraram adversos a ensinar sua própria língua aos homens pelos quais tinham uma amizade especial, mas os homens acharam-na difícil e eram lentos em aprender mais do que palavras isoladas, muitas das quais foram adaptadas e tomadas para sua própria língua.” (PM:303. Apesar disso, parece que o khuzdul influenciou mesmo a estrutura do adûnaico [númenoreano], descendente e herdeiro direto da língua dos primeiros Edain.)

Mais tarde, na Segunda Era de Arda*, os anões relutantemente permitiram a uns poucos elfos o aprendizado de rudimentos do khuzdûl, puramente no interesse da ciência: “Eles entenderam e respeitaram o desejo desinteressado de conhecimento, e a alguns dos mestres da tradição noldorin posteriores foi permitido aprender o suficiente tanto de sua lambe (aglâb) [“língua” em quenya e khuzdul], quanto de sua iglishmêk [código gestual] para entender seus sistemas”. De Pengolodh, o Mestre da Tradição de Gondolin, é dito que “por um tempo morou entre os anões da Casa de Durin nas Montanhas Nebulosas: em Casarrondo (Hadhodrond ou Moria em Khazad-dûm)” (WJ:395,396). Estes mestres da tradição posteriores evidentemente tinham uma atitude menos arrogante que seus colegas da era anterior, que, com exceção de Curufin, deliberadamente “evitaram” o khuzdûl (Letters:31).
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(*) Muitos Anões, por volta do ano 40 da Segunda Era, abandonam as velhas cidades de Ered Luin (Nogrod e Belegost nas Montanhas Azuis: a "Morada Oca" de Tumunzabar e a "Grande Fortaleza" de Gabilgathol na língua dos anões) e se dirigem a Mória (Khazád-dûm) crescendo em número.

Num ponto, contudo, os anões foram sempre “rigidamente sigilosos”. Por razões que nunca elfos ou homens entenderam completamente, eles não revelavam qualquer nome pessoal para os de outras raças, e nem permitiam que eles fossem gravados ou escritos, depois que adquiriram a arte da escrita. Portanto, tomavam nomes em formas humanas pelos quais pudessem ser conhecidos pelos seus aliados” (PM:304). O Apêndice F confirma: “Seus nomes secretos e ‘interiores’, seus nomes verdadeiros, jamais foram revelados pelos anões a quem fosse de raça alheia. Nem mesmo em seus túmulos eles os inscrevem.” Assim, os nomes Balin e Fundin, que ocorrem num contexto khuzdûl na laje sobre a tumba de Balin, não eram eles mesmos khuzdul. Eram nomes humanos, meramente os nomes substitutos que Balin e Fundin usavam quando outros que não anões estavam presentes.

Contudo, os anões não consideravam impróprio revelar os nomes dos lugares. Gimli, por iniciativa própria, diz à Irmandade como os anões chamavam as montanhas sobre Moria e a própria Moria: “conheço as montanhas e seus nomes, pois sob elas está Khazad-dûm, a Mina dos Anões... Mais além fica Barazinbar, o Chifre Vermelho... e além dele ficam o Pico de Prata e o Cabeça de Nuvem..., que nós chamamos de Zirakzigil e Bundushathûr” (Senhor dos Anéis–I, Livro II, Cap. III). Os anões não ficavam necessariamente ofendidos se outros soubessem alguns nomes de lugares em khuzdûl.

Quando Gimli chega a Lórien, Galadriel diz a ele: “Escuras são as águas do Kheled-zâram, e frias são as nascentes do Kibil-nâla, e belos eram os salões cheios de pilares de Khazad-dûm nos Dias Antigos, antes que poderosos reis caíssem no seio da rocha.” Lemos, então, que: “o anão, ouvindo os nomes ditos em sua própria língua antiga, levantou os olhos encontrando os dela, e teve a impressão de que olhou de repente para o coração do um inimigo e ali viu amor e compreensão. A admiração cobriu seu rosto, que então sorriu para ela” (Senhor dos Anéis–I, Livro II, Cap. VII). Gimli percebeu que Galadriel, ao usar os antigos nomes em khuzdûl, fazia um gesto amigável.

Tolkien e a criação do Khuzdûl

Tolkien estabeleceu, sobre o khuzdul, que “essa língua teve sua estrutura esboçada até certo detalhe, mas com um vocabulário muito pequeno” (PM:300). Ela evidentemente foi criada nos anos da década de 1930. Os nomes khuzdûl, Khazaddûm e Gabilgathol aparecem nas versões iniciais do Silmarillion; veja LR:274. Encontramos também Khuzûd como o nome khuzdul para sua raça, depois alterada para Khazâd. Tolkien primeiro usou o nome Khazaddûm para Nogrod, não para Moria. Christopher Tolkien comentou: Khazaddûm é a primeira ocorrência do famoso nome. É interessante observar que ele existia – mas como o nome anão de Nogrod – já nesse tempo. Posteriormente, o nome de Nogrod passou a Tumunzahar... Gabilgathol, que não havia aparecido antes, continuou sendo o nome anão para Belegost (LR:278)*.
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http://www.uib.no/people/hnohf/
Texto de Helge Fauskanger traduzido por Ingrid Lilian Seelaender para o site dúvendoriano.
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Idiomas/Khuzdul/Idiomas_Khuzdul_1.htm

“Adûnaic – O Vernáculo de Númenor por Helge Fauskanger” * ¬– Excertos

Tolkien inventou o Adûnaico logo após a Segunda Guerra Mundial; ele pretendia criar um idioma com inclinações ou estilo "semítico". Esse novo idioma cresceu fora dos seus trabalhos, principalmente nos documentos de um clube literário criado por Tolkien e alguns de seus amigos. Um dos sócios deste clube fictício [inspirado pelos Inklings] supostamente “leu” Adûnaic em sonhos visionários de um passado distante. Ele escreveu um conto sobre isso no “Relatório Lowdham”, publicado postumamente por Christopher Tolkien nos livros da série HoME – History of Middle-Earth, uma compilação em ordem cronológica e temática com doze volumes de textos manuscritos, originais inéditos, fragmentos, notas e apontamentos de J.R.R. Tolkien. (...) Porém, quando Tolkien escreveu os apêndices de LotR [O Senhor dos Anéis] ele esteve a ponto de rejeitar todo o idioma especial de Númenor, mesmo apesar de todo o trabalho já realizado na formulação do Adûnaic, iniciado uma década mais cedo. Ele brincou com a idéia de que os Edain tinham abandonado sua língua e tinham adotado em seu lugar o “Élfico-Noldorin” [Quenya]. A idéia dos Númenoreanos falando em idiomas élficos é antiga, Tolkien quase utilizou a idéia de Sauron trazendo para Númenor o idioma Adûnaic que havia sido esquecido pelos Homens, que acabavam por adotá-lo em detrimento do Quenya. Essa idéia [e várias outras] passaram muitas vezes por sua mente, e o resultado final foi que o [idioma] Edain nunca foi totalmente esquecido ou usado pelos Númenoreanos.”*

“(...) Quando os Homens despertaram em Hildórien à primeira subida do Sol,(1) eles começaram a inventar um idioma, algo semelhante ao que os elfos tinham feito há milênios em Cuiviénen. (...) No Silmarillion também está o relato de que os homens entraram em contato com os Anões, e com eles aprenderam parte do Khuzdûl que adaptaram para seu próprio uso. (...) [Mas], se um dia existiu um idioma puro e feito apenas pelos homens mortais, ele começou a ser esquecido quando tivemos o primeiro contato com os elfos de Beleriand. Em Beleriand os homens aprendiam avidamente o Sindarin [élfico cinzento], mas sua própria fala não foi esquecida, pois dela proveio a língua comum de Númenor [Atlantis]. (...)

Este reino – fundado no princípio da Segunda Era pelos Edain – linhagem dos homens que lutaram ao lado dos elfos contra a tirania de Morgoth e Sauron – foi o mais poderoso reino dos homens em todas as Eras de Arda.

No mapa da Ilha de Númenórë (Ponente)*, que aparece no Silmarillion (pág. 164), os nomes estão em Quenya, mas mesmo assim é relatado que o Quenya não era falado em Númenor. Todas as cidades tinham “oficiais” que falavam e escreviam em alto-élfico*, pois esse era o idioma dos documentos de estado e dos nomes e títulos reais, mas a fala diária era o Sindarin ou então o Adûnaic que tinham muitas palavras de mesmo significado. Os nobres númenoreanos usavam o élfico cinzento como fala cotidiana. Mas o vernáculo falado pelas pessoas comuns sempre foi o Adûnaic, um idioma derivado da língua dos elfos e dos anões. Em Númenor o idioma Adûnaic sofreu certas mudanças durante os três mil anos que esse reino durou. Alguns som desapareceram e outros surgiram, de forma que algumas consoantes se perderam com o tempo. Por outro lado novas vogais apareceram; originalmente o Adûnaic só possuía as vogais "I" e "U". Porém, algumas palavras que podem parecer “emprestadas” do Quenya na verdade não foram. É o caso de "menel" que significa "céu" em Quenya, em Adûnaic "céu" fica como "minal". É errado imaginar que toda a cultura lingüística dos Númenoreanos foi tomada dos elfos, anões ou Valar. Eles foram um povo rico em cultura e ciência se comparando mesmo aos altos elfos nos seus dias de glória.
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(*) Anadúnê (Númenor): no ano 32 da Segunda Era, a ilha de Númenor no Mar Ocidental de Belegaer é ocupada pelos Edain e se converte no Reino da "mais poderosa das raças humanas" de Arda, os Dúnedain – Homens da Ocidentalidade (Westernesse, Westland ou Anadúnê em vernáculo númenoriano, o extremo ocidente de todas as terras mortais).
(*) Quenya: “a língua antiga dos Elfos além do Mar” e “a língua da poesia Élfica" (Senhor dos Anéis–I, Livro II, Cap. VIII). Em Inglês, Tolkien também usou designações como “High-elven – Alto Élfico” e ocasionalmente, nas Letters, “High-elvish” e “Elf-Latin, Elven-Latin – Latim Élfico” (Letters of Tolkien pg. 176). Na Terra-média, o Quenya tornou-se uma língua de cerimônia e tradição, assim Tolkien o considerou comparável ao Latim na Europa Ocidental.

No caso do Adûnaic, temos que levar em conta a forte influência do Khuzdûl, [a língua secreta dos Anões, reservada apenas a eles e, mais raramente, ensinada a seus íntimos amigos e aliados] e até mesmo uma fraca influência do Valarin [a língua dos Valar, os Poderes de Arda]. Mas apesar de sua quantia considerável de palavras élficas [quenya e sindarin] o Adûnaic é considerado um idioma próprio e separado e uma das grandes línguas da Terra Média. Apesar disso acredita-se que o Adûnaic não era tão estimado quando os idiomas élficos. A prova disso é que os nomes dos reis e os documentos oficiais de Númenor eram todos escritos em Quenya, considerada pela realeza como “a mais nobre das línguas”.

O grande cataclismo do afundamento da ilha de Númenor* deixou poucos sobreviventes do orgulhoso povo númenoreano. Esse foi o fim do Adûnaic clássico, pois essa língua não foi bem recebida na Terra Média sendo considerada um idioma de reis rebeldes que tinham tentado suprimir as línguas élficas e tomar o lugar dos Valar.

Ainda assim, pouco a pouco o Adûnaico se modificou e foi se espalhando entre os homens da Terra Média, vindo, séculos depois a se tornar a “língua geral ou fala comum” conhecida da maioria dos povos mortais de Middle-earth: [o “Westron”*, uma fala humana, enriquecida e suavizada pela influência élfica, derivado daquela que tinha sido originariamente a língua daqueles a quem os eldar chamavam Atani ou Edain, os “Pais dos Homens” na Primeira Era, especialmente a gente das Três Casas dos Amigos-dos-elfos (elendili), que chegaram à Beleriand, no oeste da Terra Média, para auxiliar os eldar nas guerras contra o Poder escuro do Norte.
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(*)The Westron or Common Speech of Middle-earth has been entirely translated into English equivalents.
(*) Em 3319 da Segunda Era, Ar-Pharazôn – o último rei de Númenor– ataca Valinor – o reino imortal dos Valar no Extemo Ocidente – provocando a Queda de Númenor. Sob a influência maligna de Sauron, os númenorianos haviam se proclamado Senhores da Terra Média e Donos dos Mares de Arda (Mare Nostrum). Elendil e seus filhos (Isildur e Anárion) sobrevivem fugindo para a Terra Média com os Númenorianos Fiéis.
Da Akallabêth, a história da submersão e afundamento de Númenor, – Atalantë em Quenya. (O Silmarillion, p. 355-56): “(...) Manwë sobre a Montanha [Branca (mais fria do que a morte, muda, imutável como a sombra da luz de Eru: ao mesmo tempo terrível e bela; assim é o brilho) do Taniquetil que o coração dos homens mortais anseia contemplar] invocou Ilúvatar; e naquela época os Valar renunciaram à sua autoridade sobre Arda. Ilúvatar, porém acionou seu poder e mudou a aparência do mundo: abriu-se então no mar um imenso precipício entre Númenor e as Terras Imortais; e as águas jorraram para dentro dele. O estrondo e a espuma das cataratas subiram aos céus e o mundo foi abalado. E toda a esquadra dos númenorianos foi arrastada para o abismo, afundando e sendo engolida para sempre (...) o Rei e os guerreiros mortais jazem soterrados na terra de Aman, presos nas Grutas dos Esquecidos, até a Última Batalha e o Juízo Final (...) E Andor, a terra da Dádiva, Númenor dos Reis, Elenna da Estrela de Eärendil foi totalmente destruída. Pois estava perto do lado oriental da enorme fenda; e seus alicerces foram revirados, fazendo-a tombar e cair na escuridão; e ela não existe mais (...) essa tragédia ocorreu numa hora inesperada pelos homens: o trigésimo nono dia da passagem da esquadra. De repente, Meneltarma [a “Coluna dos Céus” no pico da qual ficava o Local Sagrado de Eru: o ponto mais alto de Númenor] explodiu em chamas; veio um vento fortíssimo e um tumulto na terra; os céus tremeram e as colinas deslizaram; e Númenor afundou no oceano com todas as suas crianças, esposas, donzelas e damas altivas; com todos os seus jardins, salões e torres; seus túmulos e tesouros; suas jóias, seus tecidos, seus objetos pintados e esculpidos, seu riso, sua alegria e sua música; seus conhecimentos e sua tradição: tudo desapareceu para sempre. E em último lugar, a onda que se avolumava, verde, fria e com uma crista de espuma, subindo pela terra, levou para seu seio Tar-Míriel, a Rainha, mais bela que prata, marfim ou pérolas. Era tarde demais quando ela se esforçou por subir pelas trilhas íngremes da Meneltarma até o local sagrado; pois as águas a alcançaram, e seu grito se perdeu no bramido do vento.(...) [Sauron] foi apanhado no meio de seu júbilo [havia rido muito, pensando no que iria fazer do mundo, agora livre para sempre – pensava ele – do estorvo dos Edain. E ele, em sua cadeira negra no centro do Templo, acabou caindo no mesmo abismo que tragou Númenor, afundando nessas profundezas abismais]. Sauron, entretanto, não era de carne mortal (...) seu espírito se elevou das profundezas e passou como uma sombra [destituída de forma], um vento escuro, por cima do mar, voltando à Terra-média e a Mordor, que era seu lar. Ali, em Barad-dûr, ele mais uma vez apanhou o seu magnífico Anel; e ali permaneceu, sinistro e mudo, até inventar para si uma nova aparência, uma imagem de perversidade e ódio tornados visíveis; e poucos conseguiam encarar o Olho de Sauron, o Terrível.” “[De volta à Terra-média] descobriu que o poder de Gil-galad se tornara imenso nos anos de sua ausência; e agora cobria vastas regiões do norte e do oeste, tendo ultrapassado as Montanhas Nevoentas (Hithaeglir, as Montanhas Brumais) e o Grande Rio (Anduin, o “comprido”) até chegar aos limites da Grande Floresta Verde, aproximando-se dos locais fortificados aonde, no passado, ele se sentira seguro. Recolheu-se então Sauron à sua fortaleza na Terra Negra e começou a planejar a guerra.” (Silmarillion, p. 370) // ["At length Ar-Pharazôn listened to this counsel, for he felt the waning of his days and was besotted by the fear of Death. He prepared then the greatest armament that the world bad seen, and when all was ready he sounded his trumpets and set sail; and he broke the Ban of the Valar, going up with war to wrest everlasting life from the Lords of the West But when Ar-Pharazôn set foot upon the shores of Aman the Blessed, the Valar laid down their Guardianship and called upon the One, and the world was changed. Númenor was thrown down and swallowed in the Sea, and the Undying Lands were removed for ever from the circles of the world. So ended the glory of Númenor." ----Da Akallabêth: apontamentos do "Senhor dos Anéis" à crônica da queda de Númenor]

Não se sabe se alguns dos Númeroneanos Negros sobreviventes* da queda de Númenor tentaram impor o uso do Adûnaic entre os povos da Terra Média, mas os Haradrim (povos do Sul de Middle-earth) tentaram preservar a forma mais pura do Adûnaic, pelo menos como língua nobre de uso exclusivo entre eles próprios.
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(*) Em oposição ao Númenoreanos Fiéis de Pelargir, Arnor e Gondor – no Norte, temos os Númenoreanos Negros de Umbar, em Harad – no Sul de Middle-earth, que, seduzidos pelo poder das Trevas, renderam culto e se colocaram a serviço de Sauron, o Senhor dos Anéis. Númenoreanos aliados a Sauron como Senhores dos Povos de Harad no sul da Terra Média em Umbar. A ameaça dos "Negros", em oposição aos "Elendili" (Amigos-dos-elfos) de Arnor e Gondor, durou mil anos, mas no fim foram reduzidos a nada pela ação enérgica de Eärnil e, mais tarde, de Ciryaher, o Hyarmendacil de Gondor, nos sécs. X e XI da Terceira Era (T.E.), respectivamente (Anais de Gondor).
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(*)“Adûnaic – O Vernáculo de Númenor por Helge Fauskanger” – Excertos
Copyright © Ardalambion – Of the Tongues of Arda, the invented world of J.R.R. Tolkien
http://www.uib.no/people/hnohf/
Traduzido por Mithrandir de Dúvendor. From: Valinor – Onde a Luz do Antigo Oeste Ainda Vive...
A versão integral do artigo do Sr. Fauskanger pode ser conferida em:
http://www.tolkien.com.br/artigos/artigo.asp?id=293
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Idiomas/Adunaic/Idiomas_Adunaic_1.htm
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(1) Na Primeira Idade do Sol de Arda, todos os Homens (chamados pelos elfos de Atani e Hildor, os “Sucessores”, os filhos mais novos de Eru Ilúvatar) apareceram primeiro nas regiões orientais da Terra Média. Alguns se dirigiram para o Ocidente e desses os que fizeram amizade com os Quendi (os elfos, o povo das estrelas), nas "Guerras de Beleriand", foram a semente da glória de Númenor (Atlantis), mas os que ficaram no Leste viveram sob a sombra de Melkor Bauglir, o tirânico Inimigo Escuro do Mundo que os Elfos chamam de Morgoth. Por muito tempo mantiveram a "aliança" com Morgoth e seu poderoso servo Sauron e sucumbiram ao Mal, tornando-se violentos e perversos. Estas populações eram chamadas de Orientais (Easterlings*), estavam organizadas em uma confederação de muitos reinos e raças (os mais famosos no Ocidente foram os Balchoth, reconhecidos pela sua espantosa crueldade em Rhovanion, e os Aurigas que invadiram Gondor com seus carromatos e quadrigas de combate puxadas por cavalos nos séculos XIX e XX da T.E.) e seu país era o Rhûn. A enorme região de Rhûn ficava a nordeste de Mordor e a leste das "terras selvagens" de Rhovanion (a região aonde fica a Montanha Solitária de Erebor, o Bosque Negro de Dol Guldur, Mirkwood, Lothlórien, a Floresta de Fangorn, as Terras Pardas e toda a baixada setentrional do Anduino, o Grande Rio aonde o Anel se perdeu). Lá se encontrava o Mar interior de Rhûn que era alimentado pelo Rio Rápido e o Rio Vermelho. Daquela vasta e extensa região de estepes e planícies, pobremente documentada(!), saíram os inúmeros e populosos povos de nômades bárbaros (de línguas estranhas) que fizeram guerra aos dûnedain (os homens da Ocidentalidade) durante a Segunda e a Terceira Eras. Rhûn era a terra dos Orientais que sempre estiveram sob a influência de Sauron e muitos dos seus principais servos ele recrutava dentre os reis de Rhûn. Também e nessa mesma época, mais a sul no Distante e Próximo Harad, viviam muitos homens fortes, belicosos e sanguinários (de pele negra, parda, bronzeada e citrina) que haviam saído das terras do Leste nos tempos antigos da Primeira Era para ocupar as terras meridionais do Sol (Haradwaith): Uma vasta região de clima quente com grandes desertos e bosques que se estendiam até os limites inexplorados e desconhecidos das terras do Sul da Terra Média. Estava dividida em vários reinos de tribos e nações guerreiras. Alguns primordialmente de soldados de infantaria e lanceiros que combatiam a pé, outros de cavalaria e ainda os de temíveis guerreiros instalados em torres no lombo dos grandes Mûmakil, bestas de grande envergadura capazes de romper as defesas e aplastar poderosos exércitos a pé ou a cavalo, os olifantes* de Samwise Gangee. A lealdade a Mordor e aos emissários do Senhor Negro era a sua Lei. Na Segunda Era, Sauron fez um ato de presença entre os haradrim e lhes concedeu muitos poderes. Eles lhe ofereceram sacrifícios e lhe prestaram culto. Entre os emissários de Mordor junto aos haradrim incluíam-se uns poucos numenorianos que haviam se rebelado contra os senhores do Ocidente (os Valar). Dois destes numenorianos negros eram Herumor e Fuinur, investidos como grandes senhores dos haradrim. A outros três, Sauron deu anéis do poder e depois eles foram contados entre os Nazgûl*, ao serem consumidos pelo poder dos Nove e do Um. A "Boca de Sauron" era um dos numenorianos que servia o Lorde Negro em Mordor. Um dos maiores portos e cidades de Númenor na Terra Média ficava na grande baía de Umbar em Harad, o centro daqueles haradrim marinhos conhecidos como os Corsários de Umbar: homens de diversas origens, traficantes de escravos, piratas, aventureiros, renegados, todos eles encarniçados inimigos dos elendili de Gondor.
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(*) EASTERLINGS: as vagas de homens que se lançaram sobre Gondor (por instigação de Sauron) vindos do Leste da Terra Média: homens de Khand e Rhûn (os Variags* e os Orientais de Rhûn); os Balchoth; os Aurigas (Viajantes de Carros): easterlings de presença obrigatória nos Anais de Gondor.
(*) Os Variags de KHAND: A sudeste de Mordor, se encontrava o território selvagem de Khand que durante a Terceira Era se aliou a Sauron, o Senhor dos Anéis. Os homens de Khand tinham a fama dos guerreiros ferozes e juntamente com os Haradrim e os Orientais de Rhûn passaram um largo tempo debaixo da influência da Sombra de Mordor. Freqüentemente acudiam ao chamado do Lorde Negro para "fazer a guerra" em Gondor!! Em 1944 da T.E., os Variags de Khând marcharam com os Haradrim para a guerra, mas daquela vez as coisas terminaram mal (para Khand): foram apanhados e quase inteiramente esmagados pelas forças de Gondor na "Batalha da Encruzilhada de Poros". Tanto que só voltaram a aparecer em Gondor mil anos depois [justamente no fim da Guerra do Anel...!], respondendo a chamada do Rei Bruxo de Morgul nos Campos de Pelennor e logo depois na Porta Negra sob as ordens de Sauron...mal para eles porque as duas batalhas foram de novo um desastre para os homens de Khand...que durante a Quarta Era ainda se viram obrigados a pedir "paz" ao Rei Elessar e a partir daí tiveram de conviver pacificamente com os seus vizinhos. A Guerra do Anel representou o fim do domínio que o Poder Negro mantinha sobre os Orientais. De modo que na Quarta Era, o Rei Elessar, a "pedra élfica" do Reino Unido de Arnor e Gondor (Aragorn II Telcontar da Sociedade do Anel), mudou tudo, marchando sobre Rhûn e terminando com poder de quase todos os seus reinos. Os Orientais pediram a paz e Elessar a concedeu e depois daquele tratado, firmado com os povos do Leste, durante muitos anos houve paz nas regiões ocidentais e nas terras de Harad e Rhûn.
(*) NAZGÛL: ÚLAIRI, os cavaleiros negros de Nazgûl: escravos dos Nove Anéis, espectros do Anel Um e principais servidores de Sauron. Em sua origem foram homens da estirpe dos Haradrim; Easterlings e Númenorianos Negros: poderosos reis e bruxos, que receberam o regalo maligno dos Anéis do Poder das mãos de Sauron. No séc. XXIII da Segunda Era de Arda seus corpos haviam sido completamente consumidos pelo poder do Anel.
(*) MÛMAKIL, os Oliphants do Shire: Na Terceira Era de Arda, vagavam pelas terras ainda inexploradas do sul de Harad, bestas de enorme volume e envergadura que, segundo se crê, eram os antepassados (avoengos) dos "paquidermes de tromba" que os homens agora chamam de elefantes. Não obstante, diz-se que os elefantes que habitam atualmente o mundo são muito mais pequenos e de menor força que os mûmakil. E os Mûmakil também não podem ser identificados com os Mamutes, porque embora aparentados com os nossos elefantes e mamutes pré-históricos (talvez antepassados diretos desses) eram muito maioresJ, três ou quatro vezes maiores do que Elefantes - os da Savana Africana (segundo a Encyclopaedia Britannica) possuem, em média, três a quatro metros de altura e quatro a sete toneladas de peso - logo podemos estimar o grande Mûmakil com doze a dezesseis metros de altura, um leviatã de dezesseis a vinte oito toneladas! Nos anos da Guerra do Anel, os ferozes guerreiros de Harad marcharam sobre as terras setentrionais de Gondor (respondendo ao chamado de Sauron) e nos efetivos dos seus exércitos contavam-se os Mûmakil. Que eram usados como animais de guerra, ajaezados com arreios de combate, bandeiras avermelhadas, correias e tachões de ouro e bronze. Sobre o lombo transportavam grandes torres, de onde os arqueiros, besteiros, balistários e lanceiros disparavam os seus mortais projéteis. Estes animais tinham por natureza um temperamento belicoso e sob os seus pés caíram aplastrados numerosos inimigos.Com a tromba derrubavam os adversários e suas presas tingiam-se no sangue dos oponentes. Os ginetes (cavaleiros armados de lança e adarga [escudos ovais de couro]) não podia peiteá-los, porque os cavalos se negavam a chegar perto dos mûmakil; o mesmo ocorria com a infantaria que podia ser atacada de cima e, inclusive, [literalmente(!)] esmagada. No campo de batalha, eram como torres (fortins móveis) impossíveis de cercar e capturar. Ante os mûmakil todas as defesas se rendiam e os exércitos inimigos debandavam em pânico. Bestas de "pele grossa" (paquidérmicas ) eram quase invulneráveis as flechas, lanças e outros projéteis convencionais. Só em um ponto do corpo - nos olhos - os mûmakil, podiam ser feridos e mortos ou cegados por setas ou lanças disparadas com grande força. Se chegavam a perder a visão ficavam descontrolados e furiosamente enlouquecidos de dor. E acabavam por destruir e arruinar igualmente seus inimigos e antigos amos.
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“Em Moria, em Khazad-dûm!” – A Canção de Gimli, o Anão

– Este é o grande reino e a cidade da Mina dos Anões. Antigamente não era escuro, mas cheio de luz e esplendor, como ainda lembram as [nossas] canções.*
[Levantou-se e, parado nas trevas, cantou numa voz profunda, cujos ecos subiam para o teto:]

O mundo jovem, verde o monte,
E limpa era a lua a fronte;
Sem peia pedra, rio então,
Vagava Durin na solidão.
A monte e vale nomes deu,
De fonte nova ele bebeu;
No Lago-Espelho foi se mirar
E viu um diadema estelar,
Gemas em linha prateada,
Sobre a fronte ensombreada.

O mundo belo, os montes altos,
Nos dias antigos, sem sobressaltos
Em Gondolin e Nargothrond,
Dos fortes reis que agora vão
No mar do oeste além do dia:
Belo o mundo Durin via.

Rei era ele em trono entalhado,
Salão de pedra encolunado,
No teto ouro, prata no chão,
E as fortes runas no portão.
A luz da lua, de estrela e sol


Presa em lâmpada de cristal,
Por noite ou nuvem não tolhida,
Brilhava bela toda a vida.

Lá martelava-se a bigorna,
Lá esculpia-se a letra que orna;
Lá se forjavam punho e espada,
Abria-se a mina, erguia-se a casa.
Perla, berilo e opala bela,
Metal plasmado feito tela,
Broquel, couraça, punhal, machado,
Lança em monte, tudo guardado.

O povo então não se cansava;
Toda a montanha retumbava
Ao som de harpas e canções
E trombetas junto aos portões.

O mundo é cinza, velho o monte,
Da forja o fogo em cinza insonte;
Sem som de harpa ou martelada:
No lar de Durin, sombra e nada.
Sobre a tumba raio nenhum
Em Moria, em Khazad-dûm

Mas inda há estrela que reluz
No Lago-Espelho, sem vento e luz.
A sua coroa no lago fundo
E Durin dorme sono profundo.

– Gostei! – disse Sam [Gamgee, o hobbit]. – Gostaria de aprendê-la. “Em Moria, em Khazad-dûm!”. Mas parece que com essa canção a escuridão fica mais pesada; pensando em todas aquelas luzes. Existem ainda montes de jóias e ouro espalhados por aqui?
[Gimli permaneceu calado. Cantara a sua canção e não diria mais nada.]*

Durin

by JRR Tolkien
From: The Lord of the Rings – Part I (1954)
– The Fellowship of the Ring, Book II, ch. IV.

(...)‘This is the great realm and city of the Dwarrowdelf’, said Gimli. ‘And of old it was not darksome, but full of light and splendour, as is still remembered in our songs.’
He rose and standing in the dark he began to chant in a deep voice, while the echoes ran away into the roof.

The world was young, the mountains green,
No stain yet on the Moon was seen,
No words were laid on stream or stone,
When Durin woke and walked along.
He named the nameless hills and dales;
He drank from yet untasted wells;
He stopped and looked in Mirrormere,
And saw a crown of stars appear,
As gems upon a silver thread,
Above the shadow of his head.
The world was fair, the mountains tall,
In Elder Days before the fall
Of mighty kings in Nargothrond
And Gondolin, who now beyond
The Western Seas have passed away.
The world was fair in Durin's Day.

A king he was on carven throne
In many-pillared halls of stone
With golden roof and silver floor,
And runes of power upon the door.
The light of sun and star and moon
In shining lamps of crystal hewn
Undimmed by cloud or shade of night
There shown for ever fair and bright.

There hammer on the anvil smote,
There chisel clove, and graver wrote;
There forged was blade, and bound was hilt;
The delver mined, the mason built.
There beryl, pearl, and opal pale,
And metal wrought like fishes' mail,
Buckler and corslet, axe and sword,
And shining spears were laid in hoard.
Unwearied then were Durin's folk;
Beneath the mountain music woke:
The harpers harped, the minstrels sang,
And at the gates the trumpets rang.

The world is grey, the mountains old,
The forge's fire is ashen-cold;
No harp is wrung, no hammer falls:
The darkness dwells in Durin's halls;
The shadow lies upon his tomb
In Moria, in Khazad-dum.
But still the sunken stars appear
In dark and windless Mirrormere;
There lies his crown in water deep.
Till Durin wakes again from sleep.

‘I like that!’ said Sam. ‘I should like to learn it. “In Moria, in Khazad-dûm!” But it makes the darkness seem heavier, thinking of all those lamps. Are there piles of jewels and gold lying about here still?’
Gimli was silent. Having sung his song he would say no more.

[TOLKIEN, J.R.R., The Fellowship of the Ring: being the First Part of THE LORD OF THE RINGS, 2.ed, Boston: Houghton Mifflin Company, 1987. Book II, Chapter 4, p. 329-31.]
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(*) From Vers Libre, an online archive of classic poetry.
http://www.nth-dimension.co.uk/vl/default.asp
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(*)From: Rivendell - A Última Casa Amiga
http://www.casadoselfos.hpg.ig.com.br/sda_vol_ii.htm
http://www.casadoselfos.hpg.ig.com.br/poemas.htm
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(*)Tradução de Lenita Mª Rímoli Esteves e Almiro Pisetta Pisetta (O Senhor dos Anéis – Primeira Parte: A Sociedade do Anel, 2ªed, São Paulo: Liv. Martins Fontes, 2000. Livro II, cap. IV. p. 335-36.)
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(*)Tradução portuguesa de Fernanda Pinto Rodrigues (O Senhor dos Anéis –I: A Irmandade do Anel, 2ªed, Lisboa: Publicações Europa-América, [1980-1990], Livro II, cap. IV. p. 340-41.)
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(*) Aos que desejarem saber mais sobre a vida e as origens dos Anões da Terra-Média, recomenda-se o artigo de Victor Barone ("Sobre os Anões - Uma Análise da História Naugrim") que está na Seção de Textos & Ensaios de Dúvendor: um espaço para os estudos e traduções da obra de Tolkien:
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Dowloads/Textos/Ler_OsAnoes_01.htm
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Dowloads/Dowloads_Textos_1.htm
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O Valarin* – A Fala dos Poderes do Oeste

Os Valar tinham seu próprio idioma, sem dúvida o mais antigo de todas as línguas de Arda. Na verdade, eles não precisavam de uma língua, pois eram espíritos, seres poderosos que podiam se comunicar telepaticamente. Mas como conta o Ainulindalë: “os Valar cantaram para Ilúvatar, e na sua canção criaram Arda e viram a chegada dos filhos de Eru”. A criação de um Lambe (idioma) é uma das metas principais dos Valar em sua encarnação terrestre. Pengolodh, o sábio de Gondolin, comenta que: “durante os primeiros anos dos Valar em Arda, eles já haviam criado um idioma próprio, pois havia referência a essa língua nos antigos registros dos Noldor”.

Quando os Eldar chegaram a Valinor, os Valar e Maiar passaram a utilizar o Quenya para falar com os recém-chegados, e as vezes até mesmo entre eles próprios. Ainda assim o Valarin não era esquecido, e até mesmo muito ouvido quando ocorriam grandes debates entres os poderes. “são duras as vozes dos Valar” escreveu Rúmil de Tirion “e também rápidas e sutis em movimentos, fazendo sons que achamos difíceis de reproduzir”.

Os Eldar diziam que “as palavras do Valarin eram longas e duras, tendo o esplendor de espadas... ou apressadas como folhas ao vento” já Pengolodh era menos lírico e cortês em sua descrição: “claramente o efeito do Valarin nos ouvidos dos elfos não era agradável”. (WJ:398) O Valarin utilizava muitos sons que eram duros e estranhos aos idiomas dos Eldar.

Apesar disso, o Quenya pegou e adaptou diversas palavras do Valarin. É claro que essas palavras tiveram que ser muito modificadas para se adaptarem a fonologia restrita do Alto Élfico. Do Silmarillion podemos lembrar do Ezellohar: o Monte Verde, e Máhanaxar: o anel da destruição. Essas são palavras que foram tomadas do Valarin e adaptadas ao Quenya. Ezellohar ficaria Ezellôchâr em Valarin, e Máhanaxar seria Mâchananaškad.

Os nomes dos Valar como Manwë, Aulë, Tulkas, Oromë e Ulmo, foram modificados do Valarin original onde seriam, respectivamente: Mânawenûz, Aûlêz, Tulukastâz, Arômêz e Ulubôz (ou Ullubôz). Assim seria também com o nome do Maia Ossë (Ošošai, Oššai). Os nomes de Eönwë e Nessa também tem seu similar em Valarin, mas não existem registros de como seriam sua formas originais.

Muitas vezes a palavra em Quenya derivada do Valarin tem um significado diferente da palavra original. A palavra axan significa “lei, ordem, mandamento” é derivada do Valarin akašân que significa “ele fala, ele diz” fazendo uma referência direta a Eru Ilúvatar. Os Vanyar entraram em contato mais íntimo com os Valar que os Noldor, e muitas palavras de sua língua foram influenciadas pelo Valarin, como ulban “azul” (não se conhece a expressão em Valarin)... não se deve contudo, pensar que os Valar eram indiferentes ao idioma dos elfos. Eles encorajaram os Eldar a traduzir a adaptar o Valarin para sua própria língua ao invés de utilizar formas alternativas do Valarin original. Nomes como Eru “o único”, Varda ‘a sublime”, Melkor “o que cresce em poder” e muitos outros são cem por cento élficos, mas também traduções de nomes Valarin.

Através de caminhos misteriosos, o Valarin influenciou outros idiomas além do Quenya. É interessante notar que a palavra Valarin iniðil, que significa “a única flor”, “lírio, ou outra flor simples e grande”, aparece no Adûnaic [Númenoreano, o idioma de Atlantis] como inzil “florescer” (ou como Inziladûm: flor do oeste). Como uma palavra em Valarin pode entrar no Adûnaico? Por elfos marinheiros vindos de Aman? Incluindo-se aí a possível visita de elfos Vanyar a Númenor! Provavelmente sim. Pelo Khuzdûl aprendido com os Anões da Terra-média? Talvez. Em todo caso não existe nenhum registro de qualquer idioma Edain sendo influenciado pelo Khuzdûl, ou de qualquer Valar falando diretamente com os Númenoreanos em sua ilha (e mesmo se isso ocorresse, os Valar usariam uma língua que fosse compreendida pêlos Dúnedain, que não seria o Valarin).

Anthony Appleyard mostrou como a palavra nazg "anel" (originária da “FALA NEGRA DE SAURON”*) parece ter vindo do Valarin naškad, alias o termo completo em Valarin seria Mâchananaškad "anel da destruição"(“the Doom-ring”), "Círculo da Lei", mas não se pode ter certeza da sua forma exata.

O Valarin puro sempre foi utilizado nas Terras Imortais, mas será que também foi utilizado fora do Reino Abençoado? Melian, a Maia*, o conheceria... Mas não teve oportunidades de falar Valarin durante sua longa encarnação como Rainha de Doriath. Na Terceira Era, os Istari* também conheceriam o Valarin, é interessante pensar se não utilizavam essa língua entre eles. Quando o hobbit Pippin roubou o Palantír de Gandalf (enquanto ele dormia) foi dito que: "o mago murmurou algumas palavras que pareciam ser de uma língua estranha e esquecida": seria o Valarin que Gandalf, inadvertidamente remontando à sua velha identidade de Olórin, o Maia, falou enquanto dormia? Talvez...

De um ponto de vista totalmente externo, é difícil aceitar que Tolkien já pensasse no Valarin sendo falado por Gandalf ou por qualquer outro Maia na Terra Média, pois não se tem certeza de que ele já o havia inventado.

TOLKIEN E A CRIAÇÃO DO VALARIN

As idéias de Tolkien sobre o idioma dos Valar mudaram bastante com o passar do tempo. O conceito original do Valarin era de que seria um antepassado dos idiomas élficos, onde o Quenya primitivo surgiu quando os elfos tentaram aprender Valarin por meio de Oromë. Essa idéia foi rejeitada; no Silmarillion foi publicado que os elfos criaram seu próprio idioma antes de serem encontrados por Oromë... e durante algum tempo todo o conceito do idioma Valarin foi abandonado.

Em 1958 em uma carta para Rhona Beare Tolkien declarou que "os Valar não tinham nenhum idioma próprio, não precisando de palavras para se comunicar" (Carta: 282). Mas em seguida, na composição do Quendi e Eldar em aproximadamente 1960, o idioma Valarin reapareceu de forma muito diferente do que havia sido antes, em nada parecido com as línguas élficas e seguramente nunca as tendo originado.

Em fontes mais antigas, encontramos etimologias Élficas para os nomes agora explicados como tomados do Valarin. Por exemplo, o nome de Aulë, deus dos trabalhos manuais, é derivado da raiz GAWA "pensar bem, planejar, idealizar" na Etimologias. O nome Valarin Aûlêz apareceu mais tarde.

Foi sugerido que a inspiração de Tolkien para a criação do Valarin fosse o Babilônio Antigo; e muitos sentem semelhanças entre o estilo de escrita Babilônio e o do Valarin. Por exemplo, o nome "Etemenanki" que designava a grande torre (ziggurat) da Babilônia. Porém, tudo isso não passa de conjecturas, nada as comprova ou desmente... e podemos até nos perguntar porque Tolkien utilizaria justamente o Babilônio Antigo como modelo para o idioma dos deuses, uma língua desenvolvida e falada por seres super-humanos.
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Texto de Helge Fauskanger traduzido por Mithrandir de Dúvendor em:
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Idiomas/Valarin/Idiomas_Valarin_1.htm
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(*)Valarin: Também chamado: Valian, e [em Quenya] Valya ou Lambë Valarinwa.
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(*) Melian: Maia que abandonou Valinor pela Terra Média. A Rainha de Thingol “Manto Cinzento”* em Doriath. Mãe de Lúthien Tinúviel e antepassada de Elros e Elrond (Filhos de Elwing: a filha de Dior, o herdeiro de Thingol. Foi Elwing quem escapou da destruição de Doriath com o Silmaril, fugindo para as costas de Arvenien. Lá conheceu e desposou Eärendil, o filho de Tuor e Idril Celebrindal – a filha de Turgon – dos sobreviventes do saque de Gondolin, e com ele foi para Valinor pedir a ajuda dos Valar na Guerra contra Morgoth).
(*) Elu Thingol, senhor dos Sindar (Edhil) no Reino Oculto de Doriath (Eglador) em Beleriand. Na tradição quenya era nomeado como Elwë Singollo, o Senhor dos Elfos Telerin de Endor, que era Rei Supremo e Protetor de todos os povos da Terra Média.
(*) Menegroth: “Mil Cavernas”, os salões ocultos de Thingol e Melian , a Maia, junto ao Rio Esgalduin em Doriath.
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(*) Istari: Cinco velhos de longas barbas brancas, envoltos em capas de diferentes cores, com chapéus pontiagudos, botas de viagem e bastões desembarcaram um a um nos Portos Cinzentos. Eram os chefes da sua Ordem na Terra Média: Alatar e Pallando, os "Magos Azuis" (Ithryn Luin) enviados por Oromë*: foram para o Oriente da Terra Média e deles nada mais se soube. Radagast, o Castanho: o mensageiro de Yavanna*, Aiwendil –reconhecido como o "tratador de animais" em adûnaic – mestre nas formas e mudanças de cor que pertencia ao Conselho Branco. Gandalf, o Peregrino Cinzento, chamado pelos elfos de Mithrandir. Era o maia Olórin na terra de Aman em Valinor, um amigo dos Eldar nomeado por Manwë e Varda para a missão na Terra Média. Os Anões o conheciam como Tharkûn, o "Homem do Bordão". No Sul de Gondor [as terras conquistadas sob a suserania de Gondor no Próximo e Distante Harad] era Incánus, o "espião grisalho do Norte"! [Os eruditos de Gondor assumiam que "Incánus" (tal como Olórin) era um nome quenya criado para ele a partir da etimologia in (id)- significando “mente, intelecto” e kan (cano)-, “dirigente, governador, capitão”]. O NO e o Norte o receberam como Gandalf, uma “criatura élfica com uma vara mágica”: ele não era um elfo, mas os Homens o associavam com eles porque a sua amizade e aliança com os Elfos era muito conhecida. "Ao Leste ele não ia". E, finalmente, Curumo, o mensageiro branco escolhido de Aulë: o primeiro a chegar, de nobre aspecto, fala suave e cabelo negro de azeviche. Possuía grande arte e perícia em trabalhos de mão: Saruman, chamado pelos elfos de Curunír. Círdan recebeu o Cinzento com uma reverência e entregou a ele o Terceiro Anel (Narya, o vermelho; o anel do fogo). O Mensageiro Branco (que era hábil em descobrir todos os segredos) tomou, passado algum tempo, conhecimento dessa dádiva e a invejou. Foi esse o princípio da oculta má vontade do Branco contra o Cinzento. Uma rivalidade transformada em ódio, mais profundo ainda porque era oculto, e mais amargo porque Saruman sabia que era Gandalf quem exercia maior influência sobre os habitantes da Terra Média, apesar de esconder o seu poder e não desejar medo nem reverência. Saruman receava Gandalf, sempre incerto quanto ao que ele percebia da sua mente íntima e vigiava todos os seus atos e palavras... [Os Istari eram emissários dos senhores do Ocidente (os Valar). Espíritos Maiar, vestidos em corpos humanos, capazes, portanto, de sentir fome, sede e de serem mortos. Mensageiros enviados por seus mestres para aconselhar, persuadir e animar os Homens, os Elfos e os Anões no sentido do Bem e na união contra o mal, contestando o poder e a influência de Sauron. Mas estavam proibidos pelos Valar de usar a Força ou dominar pelo medo os Elfos e os Homens].
Os sábios feiticeiros surgem na Terra Média no Século XI da Terceira Era, quando a primeira sombra baixa na Floresta Verde e revelam aos Eldar o poder maligno que se fortalece em Dol Guldur (o bastião do Necromante (Sauron disfarçado) em Amon Lanc a SO da então Floresta Tenebrosa). [Infelizmente, a natureza da força maléfica foi subestimada ou ignorada: acreditou-se erroneamente que era apenas um dos Nazgûl (espectros do Anel) que se movia em Dol Guldur].
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(*) Oromë, o Caçador: um dos Aratar (os grandes Valar da Ordem dos Ainur), chamado de Araw, o “Senhor das Florestas” e “Domador de Feras”, esposo de Vâna, a “Sempre-jovem”, irmã de Yavanna. [Araw era o nome em sindarin de Oromë, o Vala Caçador; um dos Senhores do Ocidente (“Herunúmen”, “Lord of the West” em quenya) que era reverenciado na Terra-média como “Aldaron, the Lord of Trees”; da mesma forma, Ulmo, o Senhor das Águas de Arda, era invocado como “Lord of Waters” e Eru, o Pai Criador, referido como “the All-Mighty Lord”, o Todo-Poderoso].
(*)Yavanna Kementári: uma das Valier (Rainhas dos Valar). A esposa de Aulë, reconhecida como “Rainha da terra, dos campos e florestas” e a “Provedora de Frutos”.
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(*) Sobre o Orkish e a Fala Negra de Mordor: em relação à linguagem dos Órcs* e Trólls, as Crônicas e Tradições da Terra-média dizem que nos Tempos Antigos da Primeira Era (the Elder Days) “eles não tinham uma linguagem própria, mas tomavam o que podiam das outras línguas, que pervertiam a seu bel-prazer, mesmo assim produzindo apenas jargões brutais, dificilmente suficientes até mesmo para as suas próprias necessidades; a menos que se contassem as maldições e ofensas” (O Senhor dos Anéis-III, Apêndice F). De fato, "Orcs e Trolls falavam como podiam, sem amor às palavras e às coisas" (Apêndice F). Então suas atitudes ante as Linguagens era totalmente diferente da dos Elfos, que amavam e cultivavam sua língua. Tolkien mesmo era um filólogo, e tal título literalmente implica amor ou amizade das palavras, e em seu mundo inventado, total ausência de amor pela linguagem poderia apenas ser uma carcterística do mal.

A diversidade e mutabilidade dos dialetos Órquicos (orkish, a linguagem dos trolls e orcs) era de fato um obstáculo para um Poder negro usando Orcs como soldados. Então, para o propósito de administração eficiente (leia-se totalitarismo absoluto), Sauron gastou tempo para fazer um Esperanto para seus servos - a única linguagem construída conhecida em Arda, se não contarmos a linguagem dos sinais (iglishmêk) dos Anões.

“É dito que a Fala Negra foi inventada por Sauron* nos Anos Escuros* (Dark Years)” da Primeira Era – o Apêndice E d'O Senhor dos anéis nos informa – “e que ele desejou fazer dela uma linguagem para todos os que o serviam, mas falhou neste propósito. Da Fala Negra, contudo, foram derivadas muitas das palavras que na Terceira Era eram amplamente difundidas entre os Orcs, como ‘ghâsh’, fogo.

Mas após a primeira derrota de Sauron esta linguagem, na sua antiga forma, foi esquecida por todos, exceto os Nazgûl. Quando Sauron surgiu novamente, ela se tornou novamente a linguagem de Barad-dûr e dos capitães de Mordor." Mais tarde é dito que os Olog-hai, a terrível raça de Trolls criada por Sauron na Terceira Era, não conhecia outra língua a não ser a "Língua Negra" de Barad-dûr. Olog-hai é por si mesma uma palavra da Fala Negra.

O próprio termo “Fala Negra” (the Black Speech) pode não ter sido o nome dado por Sauron à sua “lambe” (idioma), mas um nome dado pela aversão e ódio geral inspirado por tudo que estivesse associado ou fosse proveniente “da Sombra”. Por outro lado, a Fala Negra nomeia Barad-dûr como Lugbúrz significando Torre Escura, tal como o nome Sindarin, entào talvez Sauron gostasse de ser associado com a escuridão e esta fosse sua cor oficial. Esta certamente parece ser a cor dominante no uniforme dos soldados do "Olho Vermelho" de Mordor.

Mesmo Tolkien não gostava da Fala Negra de forma alguma. Um admirador enviou-lhe uma taça de aço, mas para seu desapontamento ele descobriu que esta estava "gravada com as terríveis palavras vistas no Anel. Claro que eu nunca bebi dela, mas a uso para cinza de tabaco" (Letters:422). Ele partilhava da opinião dos Elfos e Homens da Terceira Era, que certamente não pensavam nada melhor da Fala Negra assim como das outras línguas usadas pelos Orcs: "é tão cheia de sons duros e repugnantes e palavras vis que outras bocas têm dificuldade de compreender, e poucos realmente têm o desejo de fazer uma tentativa".

Não existe uma base objetiva para o que constituiria um som "duro e repugnante" ou uma palavra "vil", estas características devem ser vistas como subjetivas, refletindo um preconceito geral contra todas as coisas dos Orcs e tudo que provinha de Sauron (apesar de poder-se argumentar que este preconceito foi milhares de vezes merecido).

Qual é a fonte do vocabulário da Fala Negra? Certamente Sauron não tinha mais "amor às palavras e às coisas" do que seus servos, e pode-se pensar que ele simplesmente inventou palavras arbitrariamente. Isto pode ser verdade em alguns casos, mas parece que ele também coletou palavras de outras fontes, inclusive das línguagens Élficas: "A palavra uruk que ocorre na Fala Negra, inventada (como é dito) por Sauron para servir como língua comum para seus servos, foi provavelmente tomada de línguas Élficas de tempos anteriores". Uruk pode ser similar ao Quenya urco, orco ou Sindarin orch, mas é idêntico à forma Élfica antiga *uruk (variantes *urku,*uruku, de onde vem o Quenya urco, e *urkô, de onde talvez venha o Sindarin orch). Mas como Sauron pode ter conhecido o Quenya Primitivo? Teria ele tomado conta dos Elfos que Morgoth capturou em Cuiviénen. Ou talvez fosse ele mesmo responsável pela “engenharia genética” que os tranformou em Orcs? Como um Maia, ele poderia facilmente ter interpretado suas falas.

Para os primeiros Elfos, Morgoth e seus servos seriam "uruki" ou "horrores", pois o sentido original da palavra é vago e geral, e Sauron poder ter se deleitado dizendo ao Elfos capturados que ele mesmos se tornariam "uruki". Em sua mente, a palavra evidentemente se ficou. Mas existiram também outras fontes para o vocabulário da Fala Negra. A palavra para "anel" era nazg, muito similar ao elemento final da palavra Valarin mâchananaškâd "Círculo da Lei" ("the Doom-ring"). Sendo um Maia, Sauron conheceria o Valarin, esta poderia ser mesmo a "língua-mãe" da sua criação.

Pode parecer blasfêmia sugerir que a língua dos Deuses pode ter sido um ingrediente para a Fala Negra de Mordor, "cheia de sons repugnantes e duros e palavras vis", mas deve-se lembrar que de acordo com Pengolodh, "o efeito do Valarin sobre os ouvidos dos Elfos não era agradável". Morgoth, tecnicamente um dos Ainur, deveria conhecer Valarin (ou pelo menos tê-lo aprendido durante as Eras em que ficou cativo em Valinor). De acordo com o Senhor dos Anéis, ele o ensinou a seus escravos em uma forma "pervertida". Se foi assim, o Valarin naškâd "anel" pode ter gerado nazg em um dos dialetos Órquicos da Segunda Era de Arda. O que aconteceu a Fala Negra depois da queda de Sauron? Ela pode ter continuado a circular por muito tempo entre seus discípulos e antigos servidores.
Mesmo hoje, ela não parece inteiramente morta.
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(*) Órcs: a fértil raça de omnívoros de sangue negro e aspecto simiesco que servia Morgoth; destruidores impiedosos e vingativos, são bons mineiros, peritos na fabricação de armas e instrumentos de tortura.
(*) SAURON ANNATAR, o lugar-tenente e general de Melkor em Angband, era no princípio um maia de Aulë e ele manteve-se poderoso na tradição dos Maiar de Aulë mesmo após a sua "queda" na aliança firmada com Morgoth. Com o encerramento da Primeira Era, pela derrota e banimento de Morgoth na "Guerra da Ira dos Valar"*, ele assumiu, convertendo-se no Lorde Negro ao forjar o Anel Único do Poder para subverter os outros anéis que ele, maliciosamente, havia convencido Celebrimbor e os ferreiros-élficos de Eregion a criar...na Segunda Era do mundo de Arda. [No fim da Segunda Era (3441 S.E.), Sauron é vencido pela Última Aliança de Elfos e Homens: a espada de Elendil, Narsil, fica partida. Isildur corta o Anel Um da mão de Sauron e fica com ele como prêmio de guerra. Com o desaparecimento de Sauron, os espectros do Anel caem "na sombra". A Segunda Era termina com o cataclismo do afundamento de Númenor (Atlantis), a derrota de Sauron, o servo de Morgoth, e a desaparição do Anel Um nas águas do Anduíno. Esta época foi conhecida como a do "Câmbio do Mundo", pois as Terras Imortais do Reino Abençoado de Valinor foram retiradas das esferas de Arda pelos Valar e transportadas para uma dimensão além do alcance e compreensão dos Homens. Só os barcos élficos podiam navegar pelo "Caminho Reto" e chegar às suas praias. O Senhor dos Anéis ressurge secretamente na Terceira Era para reconstruir o seu reino em Mordor. Finalmente os planos de vingança de Sauron contra os Dúnedain e os Elfos culminam nos eventos da Guerra do Anel. Os Elfos chamavam Sauron de Gorthaur, o Cruel, e diziam que ele só era menos maligno que o seu amo Morgoth porque por muito tempo serviu a outro e não a si mesmo. Ele chamava a si mesmo de Annatar, Aulendil e Artano, na Segunda Era: i.e., o "Senhor das Dádivas", "Servidor de Aulë" e o "Grande Joalheiro".
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“Orkish – O Idioma Negro dos Orcs”. Copyright © Ardalambion – Of the Tongues of Arda, the invented world of J.R.R. Tolkien http://www.uib.no/people/hnohf/
Texto traduzido por Ingrid Lilian Seelaender
From: http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Idiomas/Orkish/Idiomas_Orkish_1.htm
http://www.tolkien.com.br/artigos/artigo.asp?id=289
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A Fala Negra Hoje*: “Alguns anos atrás, várias igrejas antigas da Noruega – de grande importância histórica e cultural – foram incendiadas. O homem que finalmente foi levado a julgamento pelo incêndio criminoso foi Varg Vikernes (1973- ), comumente intitulado de satanista, mais exatamente descrito como um músico de Black Metal, profundamente anti-cristão e anti-semita, que afirmou acreditar nos antigos deuses nórdicos como Odin e Thor. Embora tenha-se assumido que ele era realmente culpado da acusação, não existiam ou não foram reunidas evidências suficientes para uma condenação. Apenas alguns dias depois ele foi preso novamente, desta vez por um dos mais brutais assassinatos já cometidos na Noruega. A corte de justiça não aceitou a história de que ele apunhalou a vítima, várias vezes, em legítima defesa, e ele foi condenado a 21 anos de prisão. Varg riu enquanto a sentença estava sendo lida. O motivo que o levou a cometer o crime permanece incerto; alguns dizem apenas que ele adorava ver sua face nos jornais.

O que é interessante para nós é que ele se apresentava como Conde Grishnáckh (SIC) no tribunal, e por essa razão ele é mais conhecido como Greven (O Conde) em norueguês. Sua banda Black Metal de um único homem chamava-se “Burzum”: http://www.burzum.com, que é na Fala Negra de Mordor a palavra para “escuridão e trevas”, retirada da inscrição do Anel: "(...) ugh burzum-ishi krimpatul"*, "e na escuridão aprisioná-los".
As composições de Vikernes possuem títulos como "Um Anel para Governar" e o "O Orc Chorando".
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(*) Ash nazg thrakatuluk, Ugh burzum-ishi krimpatul,
Uzg-Mordor-ishi amal fauthut burguuli.

Um anel para a todos prender e nas trevas os reter
Na Terra de Mordor onde moram as Sombras.
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O Conde possui um tratado geral da própria filosofia, "Vargsmål", que foi publicada na Internet. Seu livro mostra que, embora julgado pelos padrões normais ele seja um fanático, não é estúpido. Como o Mein Kampf (“Minha Luta” de Adolf Hitler), "Vargsmål é desafortunadamente bem escrito". A filosofia do Conde é radical e extremista, baseada em ideais bastante afastados daqueles que são atualmente endossados pela nossa sociedade, mas seus pensamentos formam um todo coerente. Basicamente, ele é um Neo-Nazista que olha para o passado: para uma "Idade de Ouro" na Era Viking, esperando restaurá-la no futuro. Vikernes ama todas as coisas "nórdicas" e é orgulhoso em chamar a si próprio de racista. Os Arianos seriam a única raça capaz de organizar culturas elevadas, segundo ele. Vikernes conhece um pouco de Norueguês Antigo e deseja restabelecer as Runas como o alfabeto escandinavo ("Porque os Russos e Árabes podem ter sua própria escrita e nós não?", argumenta ele).

Referente aos nomes Grishnákh e Burzum, ele escreve: "– Grishnáckh é um nome tomado de um livro, O Senhor dos Anéis. Grishnákh (meu nome tem um C adicionado para diferenciá-lo um pouco do original) era um dos guerreiros de Sauron. Sauron pode ser interpretado como Odin, o Um Anel como Draupne (o anel de Odin), Trolls como Berserks, Orcs/Uruk-hai como Einherjers, Wargs como Ulfhednes, Barad-Dur ('a torre escura', a torre e trono de Sauron) como Hlidskjolf...'a Torre-Portão', o trono de Odin. (...)”*
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(*) A versão integral do texto está de Valinor_Br:
http://www.valinor.com.br/artigos/artigo.asp?id=290
Valinor – Onde a Luz do Antigo Oeste Ainda Vive Copyright © 2001, Equipe Valinor
(*) Sobre “Os Anos Negros” da Primeira Era: Melkor, Dono e Senhor da Terra Média, reina em Utumno e ergue a cidadela de Angband. As criaturas e as entidades malignas que infestaram a Terra Média durante os Anos Negros da Grande Escuridão eram um arremedo grosseiro de Melkor à Criação de Eru. Deste modo os órcs são uma versão ridícula e abjeta dos elfos e os trólls uma cópia imperfeita e monstruosa dos ents que caminham nas florestas. (. . .) segundo as lendas dos tempos antigos, Melkor, o mais perverso dos Poderes de Arda, criou em seu reino de Utumno (no longínquo Norte da Terra Média) muitas bestas espantosas para as quais não se conhecia o nome, nos Anos Negros, antes que Varda Elentári incendiasse as estrelas para o despertar dos Quendi. Nas Idades seguintes estas horríveis criaturas inominadas do "abismo dos tempos" carregaram a fatalidade e a destruição para todos aqueles que viviam pacificamente no mundo, surgindo inesperadamente da terra e das escuras águas onde habitavam...Alguns destes "vassalos de Melkor" sobreviveram nas profundidades de abismais oceanos em um prolongado e imperturbável sonho até chegarem incólumes à Terceira Idade do Sol em Arda. O "Livro Vermelho da Marca Oeste" relata que quando se libertou um feroz balrog no Reino dos Anões em Mória, das águas escuras que existiam abaixo das Montanhas da Terra Média emergiu outro ser....na falta de um nome melhor, a besta era o que podemos conceber como um grande kraken, provido de múltiplos tentáculos e corpo descomunal, da qual se desprendia um brilho viscoso de esverdeada fosforescência e um penetrante fedor a tinta. Como uma aterradora legião de serpentes, surgiu ameaçadoramente das negras águas do interior das Montanhas Nebulosas, poluindo as límpidas águas do Sirannon que brotava nas Portas Ocidentais de Khazad-dûm (Mória). Naquele mesmo lugar ergueu um muro que partia do leito do rio criando para si uma laguna amedrontadora e horrível com as águas paradas e calmas do confinado Sirannon. A bizarra criatura era o guardião da Porta Oeste de Mória e nada podia ultrapassá-las sem defrontar-se primeiro com seu guardião. Motivo pelo qual, no Livro de Mazarbul, o "kraken" recebia o nome de "Guardião da Água". Desde então, podemos mais propriamente nomear este ser estranho dos tempos antigos como o “Vigilante da Porta Ocidental”. Mas no rol dos seres malignos de Arda há ainda muitas outras criaturas daninhas de ordem menos “sobrenatural” que são um verdadeiro “flagelo das trevas”: mosquitos, por exemplo!! E os terríveis “nic-brics” que faziam nic-bric, nic-bric....!? nic-bric!! Mas o pior de todos esses “bugs” deve ser um enxame de moscas chupadoras de sangue de Mordor. O único animal (kelva) que se multiplica em Mordor. Negras, cinzas e marrons...todas estampadas com o "olho vermelho" de Sauron. Em contrapartida, a Criação de Eru orgulhosamente destaca as “heavenly creatures” consagradas por Valinor: os cisnes brancos de Ulmo que guiaram os elfos Teleri à Eldamar. O boi selvagem de Araw: um lendário bisão ou touro branco selvagem que vivia perto do Mar interior de Rhûn. Os chifres desse animal eram muito apreciados em Gondor, tanto que a trompa de caça / corneta de guerra do Boromir era feita dos cornos de um boi caçado por Vorondil, o mordomo-regente de Gondor. O grande javali de Everholt que matou um dos reis de Rohan! E também as multi-coloridas wilwarins, as grandes borboletas e mariposas de Arda de que os Valar tanto gostavam que Elbereth Gilthoniel (Varda) desenhou uma constelação no céu em forma de wilwarin.
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O Quenya – O Idioma dos Altos Elfos (Excertos)

traduzido por Ingrid Lilian Seelaender

O Quenya* ou Alto Élfico é o mais importante idioma do ramo Amanya (de Aman) da família de línguas élficas. Em Aman havia dois dialetos do Quenya, Vanyarin e Noldor. Por razões históricas, apenas a última foi usada na Terra-média. O outro idioma Eldarin falado em Aman, Telerin, o idioma dos Lindar, também pode ser considerado como um dialeto do Quenya, mas normalmente é considerado como uma língua separada: o Sindarin ou élfico cinzento.
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(*) Quenya é também escrito como: Qenya, Qendya, Quendya; e chamado de Alto Elfo/Alto Élfico (High-elven/High-elvish), a Alta Fala dos Noldor (the High Speech of the Noldor), a Fala Antiga (the Ancient Speech), a fala dos Elfos de Valinor, Latim-Elfo/Latim Élfico (Elf-latin/Elven-latin), Valinoreano, Avalloniano, Eressëano, parmalambë (Língua dos Livros – Book-tongue), tarquesta (Alta Fala), Nimriyë (em Adûnaico), Goldórin ou Goldolambë (em Telerin), Cweneglin ou Cwedhrin (em Gnômico).

Comparado às outras línguas Élficas, o Quenya é arcaico. Ele preservou as principais características da língua Élfica original inventada pelos Elfos quando acordaram no lago de Cuiviénen – uma língua com "muitas palavras bonitas e muitos artifícios de fala inteligentes" (WJ:422). De fato, o Glossário do Silmarillion refere-se ao Quenya como "o antigo idioma, comum a todos os Elfos, na forma que tomou em Valinor" em Aman – como se o Quenya fosse tão similar ao Élfico Primitivo que seria meramente uma forma posterior deste, e não uma nova linguagem. Apesar do Élfico Primitivo e o Quenya poderem ter sido mutuamente inteligíveis, não se deve pensar neles como quase idênticos.*

Em Valinor, a antiga língua Élfica passou por diversas mudanças: "Sua alteração [tomou a forma] da feitura de novas palavras (para coisas antigas e novas) e na suavização e harmonização dos sons e padrões do Quenya para formar o que parecia mais bonito aos Noldor" (WJ:20).

O Quenya também adotou e adaptou algumas palavras da linguagem dos governantes de Aman – os Valar, os Poderes Angélicos que cuidam do mundo (Arda) em nome do Criador Eru. Contudo, os próprios Valar encorajaram os Elfos a "criar novas palavras no seu próprio estilo, ou ... interpretar o significado dos nomes nas belas formas Eldarin", ao invés de manter ou adaptar as palavras do Valarin (WJ:405). É dito que os Noldor "eram criativos na fala, pois tinham amor pelas palavras e sempre procuravam nomes mais adequados para todas as coisas que conheciam ou imaginavam" (O Silmarillion, Cap. 5).

Em Aman, o Quenya era falado não apenas pelos Vanyar e Noldor, mas também pelos Valar: "Os Valar parecem ter adotado rapidamente o Quenya" após a chegado dos Elfos, e sua própria língua, o Valarin, não era freqüentemente ouvida pelos Eldar: "Na verdade, é dito que freqüentemente os Valar e Maiar podiam ser ouvidos falando Quenya entre si" (WJ:305). Pengolodh, o sábio de Gondolin, nota: "Nas histórias dos Valar, estes são sempre apresentados falando Quenya em todas as circunstâncias. Porém isso não devia proceder de traduções dos Eldar, poucos deles sabiam Valarin. A tradução deve ter sido feita pelos próprios Valar ou Maiar. De fato, essas histórias ou lendas que falam de tempos anteriores ao acordar dos Quendi, ou sobre o passado mais distante, ou sobre coisas que os Eldar desconheciam, devem ter sido apresentadas primeiramente em Quenya pelos Valar ou Maiar quando estes instruíam os Eldar". Ele menciona o Ainulindalë como um exemplo: "Deve ter sido a princípio apresentado a nós não apenas em palavras Quenya, mas de acordo com o nosso modo de pensar".

De fato, mesmo Melkor (Morgoth) aprendeu Quenya, e o aprendeu muito bem. “Aliás”, nota Pengolodh, “em Valinor, Melkor falava o Quenya com tamanha maestria que todos os Eldar ficavam maravilhados, pois seu uso não podia ser melhorado, dificilmente mesmo igualado, pelos poetas e mestres da tradição.” (VT39:27)

Quando Rúmil inventou as letras, o Quenya tornou-se a primeira linguagem a ser registrada pela escrita (O Silmarillion, Cap. 6; O Senhor dos Anéis–III: Apêndice F).
Mas fora do Reino Abençoado de Aman, o Quenya não teria sido tão conhecido se não fosse pela rebelião dos Noldor na Primeira Era. Muitos desse clã deixaram Aman e foram para o exílio na Terra-média, carregando a Alta Língua Élfica com eles.

Na Terra-média (Endor, “a terra do meio”), os Noldor eram largamente superados em número pelos nativos Sindar (ou Elfos Cinzentos) que falavam uma linguagem claramente relacionada, mas muito diferente. A língua Sindarin há muito tinha descartado as inflexões das declinações que ainda eram preservadas pelo Quenya, e o som geral das duas linguagens deferia bastante – o Quenya era muito mais vocálica que o Sindarin e tinham uma distribuição muito limitada de paradas vocais b, d, g, que eram Freqüentes em Sindarin. Como se descobriu, “os Noldor aprenderam rapidamente o idioma de Beleriand [i.e., o Sindarin], ao passo que os Sindar eram lentos para dominar a língua de Valinor [i.e., o Quenya]”.Vinte anos após a chegada dos Noldor à Terra-média, “a língua dos Elfos Cinzentos foi a mais falada, mesmo pelos Noldor” (Silm. Cap. 13). Quando o Rei Thingol de Doriath finalmente descobriu que os Noldor haviam matado muitos dos seus parentes Teleri e roubado seus barcos, quando deixaram Valinor, ele baniu o uso do Quenya no seu reino.

Conseqüentemente, “os Exilados adotaram o idioma Sindarin em todos os seus uso correntes; e a Alta Fala do Oeste era usada apenas pelos senhores Noldor entre si. Ela sobreviveu, porém, para sempre como a língua da tradição, não importa onde morasse qualquer indivíduo daquele povo” (Silm. Cap. 15).

Assim, o Quenya sobreviveu, mesmo na obscura Primeira Era de Arda. De fato, o vocabulário foi expandido: os Noldor adotaram e adaptaram algumas palavras de outras línguas, como Casar, "anão", de Khazad da língua dos Anões, e certa, "runa", do Sindarin certh (WJ:388,396).
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(*) Sobre o Avarin: “Os Avari eram aqueles Elfos Escuros (Moriquendi, the Dark Elves) que permaneceram na Terra-média e recusaram o chamado dos Poderes do Oeste; mas eles e suas muitas línguas secretas não se relacionam a este livro", Tolkien escreveu numa versão antiga do Apêndice das linguagens que ele estava preparando para O Senhor dos Anéis. Isto significaria que alguns Avari deliberadamente desenvolveram ou mesmo construíram novas linguagens para o propósito de segredo? Mas algumas línguas Avarin eram evidentemente similares às dos Eldarin (i.e., o Quenya de Valinor e o Sindarin: Felagund rapidamente interpretou a língua do povo de Bëor, e uma razão pela qual ele foi capaz de fazer isto era que "aqueles Homens há muito tinham relacionamentos com os Elfos Escuros do leste das montanhas, e deles aprenderam muito de sua linguagem; e uma vez que todas as linguagens dos Quendi eram uma na origem, a linguagem de Bëor e seu povo parecia-se com a língua Élfica em muitas palavras e construções" [Silmarillion Cap. 17]. De fato, é dito que "no Norte e oeste do Antigo Mundo [os Homens] aprenderam línguas diretamente e completamente construídas dos Elfos que eram amigos deles em sua infância e viagens iniciais", e Faramir mesmo falou que "todas as falas dos Homens neste mundo é Élfica em descendência". No dias iniciais, esta influência Élfica nas línguas dos Homens poderiam vir apenas do Avarin.

Mesmo os Anões parecem ter emprestado algumas poucas palavras dos Elfos não-Elda, provavelmente muito antes de terem encontrados os Eldar em Beleriand. No "The War of Jewels", Tolkien fala que "o nome dos Anões para os orcs, Rukhs plural Rakhâs, parece ter afinidade aos nomes Élficos, e possivelmente, no final das contas, derivado do Avarin". É dito que as línguas Avarin [assim como nas línguas dos Eldar], existem muitos derivativos da raiz primitiva RUKU, a fonte das palavras Quenya e Sindarin para "Orc".

O interesse de Tolkien repousa no braço Eldar [valinoriano] da família de línguas Élficas, e parece que ele deixou as línguas Avarin [da Terra-média] virtualmente inexploradas. As únicas formas Avarin que são citadas em material publicado, e muito possivelmente todas as formas Avarin que Tolkien mencionou, são seis descendentes do primitivo kwendî [de onde o surgiu o Quenya Quendi] que estão listado no "The War of Jewels" (The History of Middle-earth): Kindi, cuind, hwenti, windan, kinn-lai, penni. [É dito que descendentes do primitivo kwendî eram "frequentemente encontrados" nas línguas Avarin]. Estas formas Avarin é dito serem "citadas pelos [Eldar] Mestres da Sabedoria", que evidentemente tinham algum interesse científico nas línguas Avarin. Cada uma destas formas pertence a uma língua Avarin distinta, então deveriam existir pelo menos seis destas línguas, derivando do Quenya Primitivo, e provavelmente existiam muitas mais: [de acordo com "The War of Jewels", os dialetos Avarin "eram numerosos, e frequementente tão separados uns dos outros quanto estavam das formas Eldar de fala Élfica"]. Estas palavras Avarin atualmente não significam exatamente o mesmo que seus cognatos Quenya Quendi, ou seja "Elfos em geral". Eram os nomes que os Avari davam a si mesmos. Lembra Tolkien, "Eles evidentemente continuaram a se chamar kwendî, "o Povo", se referindo aos que foram embora [ou seja, os Eldar (Calaquendi)] como desertores."
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A versão integral do artigo do Sr. Fauskanger pode ser conferida em Valinor_Br
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Quando os Edain chegaram em Beleriand, eles não aprenderam somente o Sindarin, mas “até certo ponto também o Quenya” (WJ:410). Ainda que o Quenya “nunca tenha sido uma linguagem falada entre os Homens” (Plotz Letter), nomes em Alto Élfico como Elendil tornaram-se populares entre os Edain. Túrin deu a si mesmo o nome Quenya de Turambar ou "Senhor do Destino", e sua irmã Nienor exclamou algumas palavras em Alto Élfico antes de matar-se (O Silmarillion, Cap. 21).

Existem também numerosos exemplos do Quenya sendo usado ou relembrado pelos Exilados Noldor entre eles: Quando Turgon construiu sua cidade escondida, “ele a denominou Ondolindë, na fala dos Elfos de Valinor”, apesar da forma adaptada do Sindarin, Gondolin, ter se tornado o nome usual da cidade. Mesmo em Gondolin, o Quenya “tinha se tornado a língua dos livros” para a maioria, “e como os demais Noldor eles usavam o Sindarin na fala do dia-a-dia”. Mesmo assim, Tuor escutou o Guarda de Gondolin falar “na Alta Fala dos Noldor, que ele não compreendia”. Também está dito que o Quenya era de uso no dia-a-dia na casa de Turgon, e foi a língua natal de Eärendil (UT:44,55). PM:348 confirma que “Turgon, após a fundação da cidade secreta de Gondolin, restabeleceu o Quenya como a língua do dia-a-dia de sua Casa”.

Contudo, o Quenya falado pelos Exilados rapidamente sofreu algumas pequenas mudanças, provavelmente antes do édito de Thingol contra seu uso congelar durante muito tempo todos os processos de mudança lingüística. Numa carta a Dick Plotz, Tolkien descreveu a deterioração do substantivo de uma antiga forma Quenya chamada de "Quenya Literário". Tolkien escreveu que "tanto quanto é conhecido pelos homens [mortais] – desde os acadêmicos Númenoreanos aos que sobreviveram em Gondor [na Terceira Era] – estas eram as formas usadas na escrita". Mas adiante ele escreve: "O Quenya, como uma língua falada, alterou-se até certo ponto entre os Noldor antes que cessasse de ser uma língua natal [i.e. rapidamente no exílio]... Nessa forma 'coloquial' ele continuou a ser falado entre os Elfos de origem Noldor, mas foi preservada de mudanças posteriores por ser reaprendida da escrita a cada nova geração." A implicação parece ser a de que também essa forma "coloquial" do Quenya pode ser usada de maneira escrita e esse era o Quenya dos escritos dos quais as novas gerações aprendiam a linguagem novamente.

TOLKIEN E A CRIAÇÃO DO QUENYA

O Quenya, originalmente escrito como "Qenya", tem sua história a partir de pelo menos 1915. Parece que nesse ano, Tolkien, com 23 anos, compilou o "Qenya Lexicon", uma das primeiras listas de palavras Élficas (ver LT1:246). Inúmeras revisões afetando tanto a gramática quanto o vocabulário separam este primeiro "Qenya" das formas mais ou menos finais que são exemplificadas em O Senhor dos Anéis, mas o estilo fonético geral estava presente desde o início. Um Quenya quase maduro gradualmente emergiu nos anos 30, mas pequenas revisões foram sendo feitas mesmo enquanto o SdA estava sendo escrito, como a mudança no sufixo do genitivo de -n para -o. Existiram também algumas mudanças na segunda edição revisada do SdA, como quando decidiu que a palavra vánier no Lamento de Galadriel deveria ser avánier.

Por toda a vida, Tolkien continuou a refinar a linguagem do Alto Élfico, que de acordo com seu filho Christopher era a "linguagem como ele gostaria, a linguagem do seu coração" (do programa de TV J.R.R. Tolkien – A Portrait (J.R.R. Tolkien – Um Retrato) – da Landseer Productions). Em uma de suas cartas, Tolkien em pessoa escreveu: "A língua arcaica da tradição foi concebido como um tipo de 'Latim Élfico' (Elven-latin), e pela sua transcrição para a escrita parecer proximamente com o Latim... a similaridade visual com o Latim havia aumentado. Realmente, poderia ser dito que é composto de uma base de Latim com dois outros (principais) ingredientes que vem me dar um prazer 'fonoestético': Finlandês e Grego. É contudo menos consonantal que qualquer das três. Essa língua é o Alfo Élfico ou, em seus próprios termos, Quenya (Élfico)" (Letters:176). O Quenya foi a experiência definitiva em eufonia e fonoestética, e de acordo com o gosto de muitos, foi um glorioso sucesso. A estrutura gramatical, envolvendo um grande número de declinações e outras inflexões, é claramente inspirada no Latim e Finlandês.

O exemplo mais longo de Quenya no O Senhor dos Anéis é o Lamento de Galadriel, sc. o poema Namárië próximo ao fim do capítulo "Adeus a Lórien" (O Senhor dos Anéis–I, Livro II, Cap. VIII, começando com "Ai! laurië lantar lassi súrinen...")

A palavra Quenya, no dialeto Vanyarin Quendya, é um adjetivo formado pelo mesmo radical de Quendi, "Elfos"; o significado básico é assim "Élfico, dos Quendi". Os mestres da tradição Élficos consideram que Quendi significa "aqueles que falam com vozes", e de acordo com Pengolodh, Quenya significava verdadeiramente "linguagem, fala" (WJ:393).

O Quenya é também chamado parmalambë "língua dos livros" e tarquesta "Alta Fala" (LR:172; cf. "a Alta Fala dos Noldor" em UT:44). Como o Quenya se originou em Valinor, ele pode também ser chamado Valinoreano (SdA 3/V Cap. 8) ou "a fala dos Elfos de Valinor" (Silm. Cap. 15). Após o fim da Primeira Era, muitos Noldor foram morar na ilha de Tol Eressëa, próxima a costa de Aman. Por isso, o Quenya é também conhecido como Eressëano, ou Avalloniano da cidade de Avallonë em Eressëa (LR:41, SD:241). Para o Teleri Amaniano, Quenya era Goldórin ou Goldolambë, evidentemente significando "Noldor" e "Língua Noldo", respectivamente IWJ:375) E os Noldor "não esqueceram sua conexão com a antiga palavra Quendi, e ainda consideravam o nome como implicando 'Élfico', isto é, a principal fala Élfica, a mais nobre, e aquele que mais proximamente preservou o antigo caráter da fala Élfica" (WJ:374).

O Quenya possui cinco vogais, a, e, i, o, u, curtas e longas; as vogais longas são marcadas com um acento: á, é, í, ó, ú. A vogal a é extremamente freqüente. A qualidade das vogais é mais similar ao Espanhol ou Italiano que ao Inglês. Para clarificar a pronúncia aos leitores acostumados à ortografia inglesa, Tolkien algumas vezes adiciona uma diarese sobre algumas vogais (por exemplo, Manwë em lugar de Manwe para indicar que o e final não é mudo, ou Eärendil para indicar que as vogais a e e são pronunciadas separadamente e não como na palavra inglesa ear - os pontos não são necessários ao significado e podem seguramente ser deixados de lado por exemplo num e-mail). Os ditongos são ai, au, oi, ui, eu, iu. (Um sétimo ditongo, ei, parece ocorrer em uma ou duas palavras, mas seu status é incerto.) As consoantes são em grande parte as mesmas do Inglês, com as sibilantes sendo a maior exceção: Ch como em church não ocorre, assim como j de joy, e ao invés de sh, zh (o último como s em pleasure). O Quenya possui um som como o alemão ich-Laut, escrito hy por Tolkien (por exemplo, hyarmen "sul"). O h das palavras inglesas huge, human é algumas vezes pronunciado como uma variante fraca do som em questão. O Quenya também não tem o th (mudo como em thing ou sonoro como em the); o th surdo ocorreu em estágios iniciais, mas se transformou no s, um pouco antes da rebelião e exílio dos Noldor (ver PM:331-333).
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Confira a versão integral do artigo traduzido por Ingrid Lilian Seelaender em:
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Idiomas/Quenya/Idiomas_Quenya_1.htm
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Dowloads/Textos/Quenya.zip

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Canção de Galadriel – A Dama Branca de Lórien

J.R.R. Tolkien (1892 - 1973)
From: The Lord of the Rings – Part I (1954)
– The Fellowship of the Ring, Book II, ch. VIII.

“Os viajantes mantiveram-se imóveis e silenciosos. Galadriel estava de pé, sozinha e também silenciosa (...) Ao passarem por ela, os viajantes voltaram-se e aos seus olhos viram-na afastar-se vagarosamente deles, e flutuar –porque, na realidade, parecia que flutuava: de Lórien iam ficando para trás como um barco luminoso com árvores encantadas a servirem de mastros, um barco que navegava para costas esquecidas, enquanto eles permaneciam, indefesos, na margem do mundo cinzento e nu. [“rumando para as praias do sonho enquanto eles ficavam, impotentes, nas margens sombrias de um mundo sem cor.” In: O Senhor dos Anéis–I, Artenova, 1975, Livro II, cap. VIII. p.165.] (...) Em breve o vulto branco da Senhora [de Lórien] ficou pequeno e distante. Brilhava como uma janela de vidro num monte distante, ao morrer do Sol, ou como um lago longínquo visto de uma montanha: um pedaço de cristal caído no regaço da terra. Depois, Frodo teve a impressão de que ela levantava os braços num último adeus, e o vento trouxe o som da sua voz a cantar, distante mas de uma nitidez impressionante. Agora, porém, cantava na língua antiga dos Elfos do outro lado do Mar e ele não compreendeu as palavras: a música era bela, mas não o confortou. No entanto, como costumava acontecer com as palavras élficas, ficaram-lhe gravadas na memória e, muito depois, interpretou-as o melhor que pôde: a linguagem era a habitual do canto élfico e falava de coisas pouco conhecidas na Terra Média.” *

Cantei de folhas, folhas de ouro, e folhas de ouro nasceram;
De vento cantei, e um vento soprou e agitou os ramos.
Para lá do Sol, para lá da Lua, havia espuma no Mar
E na praia de Ilmarin [em Valinor] crescia uma árvore dourada.
Sob as estrelas da noite eterna em Eldamar brilhava,
Em Eldamar ao lado das muralhas da Élfica Tirion.
Lá, longamente cresceram as folhas de ouro, anos e anos,
Enquanto aqui, [na Terra-média] do outro lado dos mares,
caem agora as lágrimas dos Elfos.
Ó Lórien! Vem aí o Inverno, o Dia nu e desfolhado;
As folhas caem na torrente, o Rio desliza.
Ó Lórien! Tempo demasiado habitei nesta margem
E numa coroa que se desvanece entreteci a dourada elanor.
Mas se de barcos cantasse agora, que barco viria,
Que barco me levaria de novo, para sempre, através de tão largo Mar?


“Galadriel – tall and white; a circlet of golden flowers was in her hair, and in her hand she held a harp, and she sang. Sad and sweet was the sound of her voice in the cool clear air:

I sang of leaves, of leaves of gold, and leaves of gold there grew:
Of wind I sang, a wind there came and in the branches blew.
Beyond the Sun, beyond the Moon, the foam was on the Sea,
And by the strand of Ilmarin there grew a golden Tree.
Beneath the stars of Ever-eve in Eldamar it shone,
In Eldamar beside the walls of Elven Tirion.
There long the golden leaves have grown upon the branching years,
While here beyond the Sundering Seas now fall the Elven-tears.
O Lórien! The Winter comes, the bare and leafless Day;
The leaves are falling in the stream, the River flows away.
O Lórien! Too long I have dwelt upon this Hither Shore
And in a fading crown have twined the golden elanor.
But if of ships I now should sing, what ship would come to me,
What ship would bear me ever back across so wide a Sea?”
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(*) From Vers Libre, an online archive of classic poetry.
http://www.nth-dimension.co.uk/vl/default.asp
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Poemas/Poemas_SdA_2.htm#8
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(*)Tradução portuguesa de Fernanda Pinto Rodrigues (O Senhor dos Anéis – I: A Irmandade do Anel, 2ªed, Lisboa: Publicações Europa-América, [1980-1990], Livro II, cap. VIII. p. 401 e 405-06.)
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(*) NOLDOR: A segunda linhagem élfica a chegar às Terras Abençoadas dos Valar em Aman e a mais poderosa estirpe de elfos a reinar na Terra Média durante a Primeira Era de Arda. Foram os primeiros a extrair as gemas que se ocultavam sob as montanhas, criaram os Silmarils e forjaram os Anéis do Poder. Os Palantíri, as pedras-videntes de Númenor, também foram uma criação noldor. A palavra noldor significa conhecimento, o bem que, mais que todos os elfos, lutaram por possuir. Nos Anos das Árvores dos Valar, seu rei foi Finwë (9) e então sua alegria era grande ao aprender com seus mestres, os Valar e os Maiar. A cidade noldor de Tirion, sobre a verde colina de Tuna, mirava o mar escuro iluminado apenas pela luz das estrelas e era poderosa e bela. A luz das Árvores refulgia no lado ocidental de Tirion, edificada no Passo Calacyria das Montanhas Pelóri aonde se ergue o pico do Taniquetil, a Montanha Sagrada de Manwë e Varda. A tragédia e a fatalidade caíram sobre os Noldor quando Melkor apareceu com a aranha Ungoliant e destruiu as Árvores dos Valar, matando Finwë e roubando os Silmarils. Fëanor, o filho do Grande Rei Noldor Finwë, e toda a sua Casa, juraram vingança e saíram de Aman, contra a vontade dos Valar, em perseguição de Melkor, a quem Fëanor chamou de Morgoth, o Inimigo Escuro do Mundo; Bauglir e Belegurth, o Repressor e a Grande Morte. Assim começou a Guerra das Jóias e as Guerras de Beleriand que se estenderiam por toda a Primeira Idade do Sol. Durante este tempo surgiram reinos noldorin na Terra Média: Hithlum, Mithrim, Dor-lomin, Nevrast, Dorthonion, Himlad, Thargelion e Beleriand Oriental. Os mais formosos reinos dos Noldor foram os dois reinos ocultos: Gondolin, governado por Turgon, e Nargothrond, que era um feudo de Finrod Felagund (filho de Finarfin que permaneceu em Aman governando os Noldor que ficaram em Tirion). Ao longo da Primeira Era, Morgoth e seus servos destruíram todos os reinos noldorin e assim dos Exilados Senhores Noldor e seus filhos que marcharam até a Terra Média só ficou viva Galadriel, a nobre filha de Finarfin, o Rei Noldor de Tirion em Eldamar. A Primeira Era terminou com a derrota de Morgoth e a maioria dos Elfos Superiores (Calaquendi, os Altos Elfos que conheceram a luz das Árvores de Valinor em Aman) regressaram ao Reino Abençoado dos Valar, mas Galadriel e Celeborn permaneceram na Terra Média.
Como referência ao mundo d'O Senhor dos Anéis, no Brasil, recomenda-se:
Dúvendor * – Um tributo a Tolkien – http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/index.htm

Rivendell – A Última Casa Amiga
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Valinor – Onde a Luz do Antigo Oeste Ainda Vive...
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O Conselho Branco *
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O Conselho Branco – Sociedade Tolkien é uma entidade sem fins lucrativos criada para estudar e divulgar a obra fantástica do escritor, professor e filólogo JRR Tolkien, considerado por muitos como o pai da Fantasia Moderna. Criado por fãs, o Conselho Branco tem o firme propósito de contribuir para o desenvolvimento do hábito da leitura e da cultura no Brasil atuando através de ações sociais e culturais em parceria com outros grupos de estudo, iniciativa privada e Governo.

Para isso, o Conselho Branco dispõe do trabalho voluntário de seus Associados, organizados em todo o país em Tocas* (subsedes) e grupos de estudos estruturados em diversas áreas da Cultura. São estes mesmos Associados que assumem posições na Diretoria e desenvolvem os projetos e parcerias do Conselho Branco.

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(*) O nome Dúvendor vem da união de duas palavras nas línguas criadas por J.R.R. Tolkien... o Quenya; chamado de "Idioma dos Altos Elfos" e o Sindarin; chamado de "Idioma dos Elfos Cinzentos". A palavra Dúven significa "Sul" e Dor significa "Terra". A tradução mais correta para obter o significado de Dúvendor seria Terra(s) do Sul. Mas pode-se usar a palavra de forma referencial a todas as terras ao sul, e não apenas a um local específico. DÚVEN: "meridional, sulista, sul". (Fonte: Ethymologies, The Lost Road, série The History of Middle-earth). DOR: "terra" (i.e., terra seca, em oposição ao mar) é derivada de ndor; ocorre em muitos nomes sindarin, como Doriath, Dorthonion, Gondor, Mordor, etc. (Fonte: Elementos formadores nos idiomas quenya e sindarin, O Silmarillion).
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/FAQ/Duvendor%20Menu.htm


Namárië : Galadriel's Lament *

J.R.R. Tolkien (1892 - 1973)

From: The Lord of the Rings – Part I (1954)
– The Fellowship of the Ring, Book II, ch. VIII.

Ai! laurië lantar lassi súrinen,
Yéni únótimë ve rámar aldaron!
Yéni ve lintë yuldar avánier
mi oromardi lissë-miruvóreva
Andúnë pella, Vardo tellumar
nu luini yassen tintilar i eleni

Ómaryo airatári-lírinen.

Sí man i yulma nin enquantuva?
Na sí Tintallë Varda Oiolossëo
vê fanyar máryat Elentári ortanë
ar ilyë tier undulávë lumbulë
ar sindanóriello caita mornië
i falmalinnar imbë met, ar hísië
untúpa Calaciryo míri oialë.
Sí vanwa ná, Rómello vanwa, Valimar!

Namárië! Nai hiuvalyë Valimar!
Nai elyë hiruvalyë Valimar.
Nai elyë hiruva! Namárië!


“Os viajantes mantiveram-se imóveis e silenciosos. Galadriel estava de pé, sozinha e também silenciosa (...) Ao passarem por ela, os viajantes voltaram-se e aos seus olhos viram-na afastar-se vagarosamente deles, e flutuar –porque, na realidade, parecia que flutuava: de Lórien iam ficando para trás como um barco luminoso com árvores encantadas a servirem de mastros, um barco que navegava para costas esquecidas, enquanto eles permaneciam, indefesos, na margem do mundo cinzento e nu. [“rumando para as praias do sonho enquanto eles ficavam, impotentes, nas margens sombrias de um mundo sem cor.” In: O Senhor dos Anéis–I, Artenova, 1975, Livro II, cap. VIII. p.165.] (...) Em breve o vulto branco da Senhora [de Lórien] ficou pequeno e distante. Brilhava como uma janela de vidro num monte distante, ao morrer do Sol, ou como um lago longínquo visto de uma montanha: um pedaço de cristal caído no regaço da terra. Depois, Frodo teve a impressão de que ela levantava os braços num último adeus, e o vento trouxe o som da sua voz a cantar, distante mas de uma nitidez impressionante. Agora, porém, cantava na língua antiga dos Elfos do outro lado do Mar e ele não compreendeu as palavras: a música era bela, mas não o confortou.
No entanto, como costumava acontecer com as palavras élficas, ficaram-lhe gravadas na memória e, muito depois, interpretou-as o melhor que pôde: a linguagem era a habitual do canto élfico e falava de coisas pouco conhecidas na Terra Média.” *
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(*) From Vers Libre, an online archive of classic poetry.
http://www.nth-dimension.co.uk/vl/default.asp
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Poemas/Poemas_SdA_2.htm#8
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(*)Tradução portuguesa de Fernanda Pinto Rodrigues (O Senhor dos Anéis – I: A Irmandade do Anel, 2ªed, Lisboa: Publicações Europa-América, [1980-1990], Livro II, cap. VIII. p. 405-06.)
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(*) Na seção de Poesias & Canções do site Dúvendor encontramos um artigo que explica muito bem este texto de Tolkien: "Namárië é o maior texto em quenya da trilogia "O Senhor dos Anéis". Juntamente com o poema Markirya é o nosso maior exemplo de um texto quenya maduro, ou ao estilo SdA. Entre os estudioso do élfico esta música é quase invariavelmente mencionada como Namárië, sendo este o título que Tolkien usou em The Road Goes Ever On, entretanto ele também é conhecido como "O Lamento de Galadriel".

Fonte citada: "Namárië: Galadriel's Lament – Uma Análise Gramatical Detalhada": http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/Poemas/Poemas_Namarie_1.htm
Acompanhe abaixo a tradução do NAMÁRIË em “Quenya • Inglês • Português” a maioria das linhas traduz o Quenya acima, mas em alguns casos as linhas podem não combinar perfeitamente com a tradução, já que a ordem das palavras não é a mesma. Na versão em runas tengwar da música, ela é escrita como:
Namárië. Altariello Nainië Lóriendessë ou "Adeus. Lamento de Galadriel em Lórien”.
Ai! laurië lantar lassi súrinen,
Ah! like gold fall the leaves in the wind,
Ai, como ouro caem as folhas ao vento,

yéni únótimë ve rámar aldaron!
long years numberless as the wings of trees!
longos anos inumeráveis como as asas das árvores!

Yéni ve lintë yuldar avánier
The long years have passed like swift draughts
Os longos anos se passaram como goles rápidos

mi oromardi lissë-miruvóreva
of the sweet mead in lofty halls
do doce hidromel em salões altos

Andúnë pella, Vardo tellumar
Beyond the West, beneath the blue vaults of Varda
Além do Oeste, sob as abóbadas azuis de Varda

nu luini yassen tintilar i eleni
where in the stars tremble
onde as estrelas tremem

ómaryo airetári-lírinen.
in the voice of her song, holy and queenly.
na canção de sua voz, de santa e rainha.


Sí man i yulma nin enquantuva?
Who now shall refill the cup for me?
Quem agora há de encher-me a taça outra vez?


An sí Tintallë Varda Oiolossëo
For now the Kindler, Varda, the Queen of the stars,
Pois agora a Inflamadora, Varda, A rainha das Estrelas,

ve fanyar máryat Elentári ortanë
from Mount Everwhite has uplifted her hands like clouds
do Monte Semprebranco ergueu suas mãos como nuvens,

ar ilyë tier undulávë lumbulë
and all paths are drowned deep in shadow;
e todos os caminhos mergulharam fundo nas trevas;

ar sindanóriello caita mornië
and out of a grey country darkness lies
e de uma terra cinzenta a escuridão se deita

i falmalinnar imbë met,
on the foaming waves between us,
sobre as ondas espumantes entre nós,

ar hísië untúpa Calaciryo míri oialë.
and mist covers the jewels of Calacirya for ever.
e a névoa cobre as jóias de Calacirya para sempre.

Sí vanwa ná, Rómello vanwa, Valimar!
Now lost, lost to those of the East is Valimar!
Agora perdida, perdida para aqueles do Leste está Valimar!

Namárië! Nai hiruvalyë Valimar!
Farewell! Maybe thou shalt find Valimar!
Adeus! Talvez hajas de encontrar Valimar.

Nai elyë hiruva! Namárië!
Maybe even thou shalt find it! Farewell!
Talvez tu mesmo hajas de encontrá-la. Adeus!
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(*)Tradução de Lenita Mª Rímoli Esteves e Almiro Pisetta Pisetta (O Senhor dos Anéis – Primeira Parte: A Sociedade do Anel, 2ªed, São Paulo: Liv. Martins Fontes, 2000. Livro II, cap. VIII. p. 402-03.)
NAMÁRIË! *
J.R.R. Tolkien, 1892 – 1973
From: The Lord of the Rings – Part I (1954)
– The Fellowship of the Ring, Book II, ch. VIII.

“The travellers sat still without moving or speaking. On the green bank near to the very point of the Tongue the Lady Galadriel stood alone and silent. As they passed her they turned and their eyes watched her slowly floating away from them. For so it seemed to them: Lórien was slipping backward, like a bright ship masted with enchanted trees, sailing on to forgotten shores, while they sat helpless upon the margin of the grey and leafless world.
Even as they gazed, the Silverlode passed out into the currents of the Great River, and their boats turned and began to speed southwards. Soon the white form of the Lady was small and distant. She shone like a window of glass upon a far hill in the westering sun, or as a remote lake seen from a mountain: a crystal fallen in the lap of the land. Then it seemed to Frodo that she lifted her arms in a final farewell, and far but piercing-clear on the following wind came the sound of her voice singing. But now she sang in the ancient tongue of the Elves beyond the Sea, and he did not understand the words: fair was the music, but it did not comfort him.
Yet as is the way of Elvish words, they remained graven in his memory, and long afterwards he interpreted them, as well as he could: the language was that of Elven-song and spoke of things little known on Middle-earth.”

Ah! like gold fall the leaves in the wind,
Long years numberless as the wings of trees!
The long years have passed like swift draughts
Of the sweet mead in lofty halls
Beyond the West, beneath the blue vaults of Varda
Wherein the stars tremble
In the voice of her song, holy and queenly.
Who now shall refill the cup for me?

For now the Kindler, Varda, the Queen of the stars,
From Mount Everwhite has uplifted her hands like clouds
And all paths are drowned deep in shadow;
And out of a grey country darkness lies
On the foaming waves between us,
And mist covers the jewels of Calacirya for ever.
Now lost, lost to those of the East is Valimar!

Farewell! Maybe thou shalt find Valimar!
Maybe even thou shalt find it! Farewell!

Ai! laurië lantar lassi súrien!

Yéni úntim ve rámar aldaron,
yéni ve lintë yuldar vánier

mi oromardi lisse-miruvóreva

Andún&eunl; pella Vardo tellumar
nu luini yasse tintilar i eleni
ómaryo airetáti-lrinen.

Sí man i yulma nin enquantuva?

An sí Tintallë Varda Oiolossëo
ve fanyar máryat Elentári ortanë,
ar ilyë tier unduláv lumbulë;
ar sindanóriello caita mornië
i falmalinnar imbe met, ar hísi
untúpa Calaciryo míri oialë.
Sí vanwa ná, Rómello vanwa, Valimar!

Namári! Nai hiruvalyë Valimar.
Nai elyë hiruva. Namári!
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(*)From Vers Libre, an online archive of classic poetry.
http://www.nth-dimension.co.uk/vl/default.asp
http://fan.theonering.net/rolozo/poetry
http://www.duvendor.hpg.ig.com.br/index.htm
A Canção dos Anões – Para Além das Montanhas Nebulosas

J.R.R. Tolkien (1892 - 1973)
From: The Hobbit Or There and Back Again (1937)

1º “Fragmento” *
Para além das montanhas nebulosas, frias,
Adentrando cavernas, calabouços cravados,
Devemos partir antes de o sol surgir
Em busca do pálido ouro encantado.

Operavam encantos anões de outrora,
Ao som de martelo qual sino a soar
Na profundeza onde dorme a incerteza,
Em antros vazios sob penhascos do mar.

Para o antigo Rei e seu elfo senhor
Criaram tesouros de grã nomeada;
As pedras plasmaram, a luz captaram
Prendendo-a nas gemas do punho da espada.

Em colares de prata eles juntaram
Estrelas floridas; fizeram coroas
De fogo-dragão e no mesmo cordão
Fundiram a luz do sol e da lua

Para além das montanhas nebulosas, frias,
Adentrando cavernas, calabouços perdidos,
Devemos partir antes de o sol surgir
Buscando tesouros há muito esquecidos.

Para seu uso taças foram talhadas
E harpas de ouro. Onde ninguém mora
Jazeram perdidas e suas cantigas
Por homens e elfos não foram ouvidas.

Zumbiram pinheiros sobre a montanha,
Uivaram os ventos em noites azuis.
O fogo vermelho queimava parelho,
As árvores-tochas em fachos de luz.

Tocaram os sinos chovendo no vale,
Erguiam-se pálidos rostos ansiosos;
Irado o dragão feroz se insurgia
Arrasando casas e torres formosas.

Sob a luz da lua fumavam montanhas;
Os anões ouviram a marcha final.
Fugiram do abrigo achando o inimigo
E sob seus pés a morte ao luar

Para além das montanhas nebulosas, frias,
Adentrando cavernas, calabouços perdidos,
Devemos partir antes de o sol surgir
Buscando tesouros há muito esquecidos.

2º “Fragmento”
"O vento soprava no urzal seco,
Mas na floresta não bulia folha:
Lá havia sombras de noite e de dia,
E coisas escuras passavam, silentes, em baixo.

O vento descia de frias montanhas
E qual maré rugia e rolava;
Os ramos suspiravam, a floresta gemia,
E caíam folhas sobre outras já mortas.

O vento continuava de oeste para leste;
Todo o movimento da floresta cessava,
Mas agudas e ásperas através do pântano
Soltavam-se as suas vozes sibilantes.

As ervas silvavam, as suas hastes dobravam-se,
Os juncos entrechocam-se - e continuava
Sobre lagoa agitada debaixo do céu frio
Onde nuvens galopantes se rasgavam e rompiam.

Passava pela nua e solitária montanha
E voava sobre o covil do dragão;
Aí pretos e escuros se erguiam penhascos
E fumo esvoaçante andava no ar.

Deixou o mundo e seguiu seu vôo
Sobre os largos mares da noite
A Lua partiu a vela na ventania
E, soprada, a luz das estrelas fulgiu."

3º “Fragmento”
Descendo a escura e rápida corrente
Retorna para a terra de tua gente!
Deixa o fundo dos antros da entranhas-
O norte e suas íngremes montanhas
Onde a floresta grande e tenebrosa
Convive com as sombras pavorosa.
Para além do arvoredo vai, desliza,
Para o mundo da murmurante brisa
Passando corredeiras e espraiados
Remansos de juncos delicados,
Pela névoa que branca sobrevoa
As águas noturnas das lagoas!
Segue, segue as estrelas que de assalto
Tomaram os céus e brilham lá no alto
Muda teu rumo pelo amanhecer
Por rápidos e areias vais descer,
Para o sul, sempre em frente para o sul!
Buscando a luz do dia, a luz do sol,
De volta as tuas pastagens, aos teus prados
De onde pascem tuas ovelhas e teu gado!
De volta aos teus jardins sobre as colinas
Onde há amoras inchadas e docinhas.
Já sob a luz do dia, à luz do sol,
Para o sul, sempre em frente para o sul!
Descendo a escura e rápida corrente
Retorna para a terra de tua gente!

4º “Fragmento”
“O Rei sob a montanha,
O Rei da pedra lavrada,
Senhor das fontes de prata,
Vai voltar a sua morada!

Á sua cabeça sua coroa,
Á sua harpa cordas novas;
Seu palácio ecoará
Ao som de antigas trovas.

A floresta na montanha
E a grama e o sol se agitam;
Sua riqueza jorra em fontes;
Rios de ouro palpitam.

Felizes correm os riachos,
Queimam os lagos brilhando,
Não á pranto nem tristeza
Porque o Rei está voltando!”


5º “Fragmento”
“Sob a montanha alta e sombria
De novo o Rei em seu trono está!
Morto o inimigo, o dragão do perigo,
E sempre assim o mal tombará.

Cortante é a espada, comprida a lança,
Rápida, a flecha, forte, o portão;
Nem teme agouro quem busca seu ouro
Nossos anões justiça terão

Operavam encantos anões de outrora
Ao som do martelo qual sino a soar
Na profundeza onde dorme a incerteza,
Em salas vazias sob penhascos no ar.”
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* nasc. Bloemfontein - África do Sul, 1892
+ mort. Bournemouth - Inglaterra, 1973
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(*) Fragmentos de "Over the Misty Mountains Cold" by J.R.R. Tolkien - The Hobbit Or There and Back Again, 1937. Tradução de Lenita Mª Rímoli Esteves e Almiro Pisetta (TOLKIEN, O Hobbit, 2ed., São Paulo: Liv. Martins Fontes, 1995)

From: Rivendell – Poesias & Canções
http://www.casadoselfos.hpg.ig.com.br/poemas.htm
http://www.casadoselfos.hpg.ig.com.br/o_hobbit.htm

I Sit and Think
J.R.R. Tolkien (1892 - 1973)
From: The Lord of the Rings – Part I (1954)
– The Fellowship of the Ring, Book II, ch. III.

I sit beside the fire and think
of all that I have seen,
of meadow-flowers and butterflies
in summers that have been;

Of yellow leaves and gossamer
in autumns that there were,
with morning mist and silver sun
and wind upon my hair.

I sit beside the fire and think
of how the world will be
when winter comes without a spring
that I shall ever see.

For still there are so many things
that I have never seen:
in every wood and every spring
there is adifferent green.

I sit beside the fire and think
of people long ago,
and people who will see a world
that I shall never know.

But all the while I sit and think
of times there were before,
I listen for returning feet
and voices at the door.

Sentado ao pé do fogo eu penso
em tudo que já ví,
flores do prado e borboletas
verões que já vivi;

As teias e as folhas amarelas
de outonos de outros dias,
com névoa e sol de manhã,
no rosto as auras frias.

Sentado ao pé do fogo em penso
no mundo que há de ser
com inverno sem primavera
que um dia hei de ver.

Porque há tanta coisa ainda
que nunca vi de frente:
em cada bosque, em cada fonte
há um verde diferente.

Sentado ao pé do fogo eu penso
em gente que se d’esfez’,
e em gente que vai ver o mundo
que não verei de vez

Mas enquanto sentado eu penso
em tanta coisa morta
atento espero os pés voltando
e vozes junto à porta.
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(*)From Vers Libre, an online archive of classic poetry.
http://www.nth-dimension.co.uk/vl/default.asp
(*)Tradução de Lenita Mª Rímoli Esteves e Almiro Pisetta Pisetta (O Senhor dos Anéis – Primeira Parte: A Sociedade do Anel, 2ªed, São Paulo: Liv. Martins Fontes, 2000. Livro II, cap. III. p. 295-96.)

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